08 de
Abril de 2009 Bonn, Alemanha — Reunião de
Bonn termina sem acordos e Greenpeace apela para
governantes assumirem pessoalmente um compromisso
para salvar o clima do planeta
O Greenpeace apela aos chefes
de estado de todo o mundo que se assumam pessoalmente
a responsabilidade sobre as negociações
pelo clima. A organização acredita
que essa seja a única maneira de reverter
o resultado inadmissível do encontro sobre
o clima que terminou hoje (8/4) em Bonn, na Alemanha.
Depois de duas semanas reunidos, governantes do
mundo não chegaram a uma conclusão
sobre os principais assuntos da pauta: as novas
metas de redução das emissões
de gases-estufa para os países desenvolvidos,
que serão incluídas no acordo que
sucederá o Protocolo de Kyoto, e programas
de financiamento para os países em desenvolvimento.
Também não houve
consenso em relação aos países
em desenvolvimento. As nações desenvolvidas
cobram metas de redução de emissões
daquelas em desenvolvimento. Essas, por sua vez,
se recusam a adotar qualquer meta antes da definição
dos valores dos financiamentos para mitigação
e adaptação. A reunião de Bonn
faz parte de uma série de encontros para
preparar o acordo que será firmado em dezembro,
em Copenhagen (Dinamarca). A próxima reunião
preparatória será em junho.
“Enquanto diplomatas e negociadores
não mostravam a menor vontade política
de fechar um acordo sobre o clima em Bonn, no mundo
real, a Antártida continuava derretendo”,
afirma Guarany Osório, coordenador da campanha
de Clima do Greenpeace, que acompanhou a reunião
em Bonn.
“Os lideres do mundo têm que perceber que
eles não podem mudar a ciência, então
têm mudar as políticas públicas
urgentemente. A ciência é clara, os
números das metas e o valor do dinheiro para
salvar o clima são obscuros”, diz.
O papel do Brasil é fundamental.
“Agora precisamos de um empenho pessoal dos governantes
para que a falta de consenso nesta reunião
não comprometa o acordo de Copenhague. O
presidente Lula, por exemplo, deve pressionar os
países desenvolvidos a adotarem metas de
redução de emissão, cobrar
dessas nações que coloquem dinheiro
nas mesas de negociação e, ele próprio,
também fazer investimentos em projetos de
adaptação e mitigação”,
afirma o diretor executivo do Greenpeace no Brasil,
Marcelo Furtado. “Além disso, o presidente
tem que manter a coerência interna, barrando
mudanças no código florestal que estimulem
o desmatamento, estimulando as energias renováveis
e impedindo a construção de usinas
nucleares, criando uma política de proteção
aos oceanos”, completa Marcelo Furtado, diretor
executivo do Greenpeace
O Greenpeace defende que todos os países
se comprometam a investir US$ 140 bilhões
em medidas contra o aquecimento global anualmente
e cortar as emissões em 40%, em relação
aos níveis de 11000.
Participação brasileira
– Na reunião anterior sobre clima, em Poznan
(Polônia), o Brasil foi um dos destaques,
graças ao Plano Nacional de Mudanças
Climáticas. Desta vez, no entanto, pouco
se ouviu sobre as metas anunciadas pelo ministro
do Meio Ambiente no final do ano passado.
O Greenpeace está trabalhando
em nome de milhões de pessoas que sofrerão
com o aquecimento global, principalmente aquelas
dos países em desenvolvimento porque essas
sofrerão os maiores impactos.
+ Mais
De frente para usinas nucleares
de Angra, Greenpeace reafirma: futuro é renovável!
07 de Abril de 2009 Ativistas
do Greenpeace instalam balsa flutuante com quatro
turbinas eólicas simbólicas em frente
às usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ)
para protestar contra os investimentos do governo
brasileiro na construção de Angra
3 enquanto o potencial eólico do país
é desprezado.
Angra dos Reis (RJ) — Com a participação
do Arctic Sunrise, quatro turbinas eólicas
flutuantes foram colocadas em frente aos reatores
de Angra 1 e 2. Foi a última atividade da
expedição Salvar o Planeta. É
Agora ou Agora
Quatro turbinas eólicas,
de três metros de altura cada, flutuaram nesta
terça-feira em frente às usinas nucleares
de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em protesto
realizado pelo Greenpeace para questionar os investimentos
do governo federal na retomada do programa nuclear
brasileiro em detrimento do grande potencial eólico
do país.
O governo brasileiro já
deu sinal verde para a construção
da terceira usina nuclear do país, Angra
3, que deverá consumir mais de R$ 9 bilhões
de recursos públicos e agravar o problema
do lixo radioativo, que continua sem solução
- aqui, ali, em todo o lugar. Um investimento alto
numa fonte energética que já se mostrou
cara, insegura e ineficiente, e que acaba desviando
recursos de fontes renováveis de energia,
como a eólica. Pelos cálculos do Greenpeace,
um parque eólico com o dobro da capacidade
de Angra 3 (1.350 megawatts) poderia ser construído
em apenas dois anos como mesmo valor destinado à
usina.
"Em plena crise climática
e financeira, investir em fontes renováveis
pode ajudar a combater o aquecimento global e ainda
gerar milhares de empregos no país",
afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de
Energia do Greenpeace. "Seja do ponto de vista
elétrico, econômico ou ambiental, o
Brasil não precisa de energia nuclear."
Segundo Rebeca, o Brasil precisa
de uma lei nacional de renováveis para viabilizar
o crescimento desse mercado no país. "Existem
projetos em tramitação no Congresso
que podem viabilizar a segurança elétrica
brasileira a partir de fontes como a eólica,
biomassa e pequenas centrais hidrelétricas",
disse Rebeca.
Medidas de eficiência energética
também evidenciam as desvantagens da energia
nuclear. Com R$ 1 bilhão investidos em programas
de conservação de energia, é
possível evitar financiamentos de até
R$ 40 bilhões para gerar a mesma quantidade
de energia por meio de usinas nucleares.
O protesto de hoje marcou o final
da expedição "Salvar o Planeta.
É Agora ou Agora, que durante cerca de três
meses passou por Manaus, Santarém, Belém,
Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos.
Diversos eventos públicos foram realizados
a bordo do navio Arctic Sunrise para alertar à
sociedade sobre a gravidade da crise climática
que enfrentamos. Durante o período, foram
obtidas mais de 30 mil assinaturas para pressionar
o governo brasileiro a assumir a liderança
nas negociações internacionais de
clima, em especial na reunião da ONU marcada
para dezembro, em Copenhague (Dinamarca).