7 de Abril
de 2009 - Bruno Bocchini - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo - Dezenas de organizações
ambientalistas, universidades, empresas e governos
assinaram hoje (7) o Pacto pela Restauração
da Mata Atlântica, esforço que tem
o objetivo de incentivar o uso econômico de
áreas degradadas da floresta para tentar
recuperar 15 milhões de hectares de sua vegetação
até 2050.
Hoje, restam apenas 7,26% da mata
no país. Com a restauração
pretendida, essa parcela saltaria para aproximadamente
30%.
“Nosso pensamento é todo
baseado no econômico. Só assim nós
vamos engajar milhares de produtores. Nós
estamos trabalhando na lógica de serviços
ambientais, água e carbono. Hoje está
claro que existe um grande potencial de alavancar
recursos de empresas que têm interesse de
negócio na água, por exemplo”, defendeu
o coordenador-geral do Conselho de Coordenação
do Pacto pela Restauração da Mata
Atlântica, Miguel Calmon.
Uma das intenções
dos signatários do pacto é incentivar
os proprietários de áreas degradadas
da Mata Atlântica, e sem potencial econômico,
a executar projetos de recuperação
da vegetação que poderiam trazer retorno
econômico.
“Foi a economia que destruiu e
será a economia que fará restaurar.
Os grandes protagonistas desse pacto são
os proprietários rurais. 90% das propriedades
da Mata Atlântica pertencem aos proprietários
rurais. A gente precisa convencê-los a fazer
a restauração. Atingir milhares e
milhares de proprietários de forma efetiva
para engajá-los na restauração
é o desafio que nós temos do pacto”,
ressaltou Calmon.
Durante dois anos, especialistas
de algumas das principais organizações
que atuam no bioma da Mata Atlântica fizeram
um mapeamento que identificou a localização
dos mais de 15 milhões de hectares de áreas
degradadas potenciais para recuperação.
A meta, no entanto, esbarra em fatores econômico-financeiros.
Em valores atuais, a restauração de
toda essa área custaria US$ 15 bilhões.
“Nós temos que criar a
economia florestal da Mata Atlântica. Vamos
ter de alavancar, mobilizar e captar recursos. Você
tendo uma iniciativa que mostre resultado, com certeza
você atrai o dinheiro. E não é
dinheiro de doações, é investimento”,
disse Calmon.
O pacto foi assinado por organizações
não-governamentais como SOS Mata Atlântica,
Care Brasil, Associação Mico Leão
Dourado, TNH (The Nature Conservacy), WWF-Brasil;
pelo governo federal, tendo como representante o
Ministério do Meio Ambiente; pelos governos
estaduais do Rio de Janeiro, de São Paulo
e do Espírito Santo; pela academia, com a
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP)
e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e
por empresas como a mineradora Vale.
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Comunidades quilombolas de Pernambuco
receberão sementes melhoradas pela Embrapa
9 de Abril de 2009 - Iolando Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- Comunidades quilombolas do semi-árido do
estado de Pernambuco vão ser beneficiadas
com sementes melhoradas de milho, feijão,
mandioca e algodão, com maior qualidade nutricional
e mais produtivas.
As sementes foram desenvolvidas
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), que assinou hoje (9) com a Secretaria
Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial termo de cooperação
para implementação do projeto Semente
Crioula- Resistência Quilombola: Soberania
Alimentar na Caatinga.
O objetivo do projeto é
contribuir para a melhoria da alimentação
das comunidades quilombolas no Brasil. Inicialmente,
serão atendidas as comunidades de Conceição
das Crioulas, Contendas e Santana - localizadas
no município de Salgueiro - e Jatobá
e Santana - no município de Cabrobó.
Segundo estudos da Embrapa, que
já fez levantamentos e trabalhos de base
nesses locais, 52 % da população negra
das cinco comunidades se encontram “em situação
de insegurança alimentar”.
A participação da
Empraba no projeto será voltada para a melhoria
do sistema genético das sementes, principalmente
do milho, do feijão, da mandioca e do algodão.
Com o passar dos anos, essas sementes foram perdendo
qualidade e produtividade.
Além disso, a Embrapa vai
atuar no resgate das espécies tradicionalmente
consumidas na região, o enriquecimento do
acervo das espécies cultivadas, consumidas
e comercializadas pelas comunidades, com a incorporação
de tecnologias e produtos desenvolvidos pela empresa
pública de pesquisa.
A secretaria, que é responsável
pela Agenda Social Quilombola, que pauta suas ações
nas comunidades remanescentes de quilombos, tem
como meta levar dignidade e os direitos da cidadania
às mais de 1.700 comunidades quilombolas,
localizadas em 22 estados e em mais de 300 municípios
brasileiros.
O termo de cooperação
que marcou o lançamento do projeto foi assinado
pelo ministro da Igualdade Racial, Edson Santos,
e pela diretora da Embrapa, Tatiane Viana de Abreu.
Segundo o ministro, a parceria
com a Embrapa é importante em função
da tecnologia que a empresa pode colocar a serviço
das comunidades quilombolas. “Com isso, dá
sustentabilidade ao processo de produção
de alimentos, que vai contribuir para a sustentabilidade
daquelas comunidades”.
Santos afirmou que a questão
da segurança alimentar é algo fundamental.
“Garantir condições dignas de vida
a essa população, não só
na questão da segurança alimentar,
mas também da titulação, da
regularização fundiária, são
coisas essenciais que o estado deve garantir a essas
comunidades.”
Ele disse que, na Agenda Social
Quilombola o governo tem desenvolvido uma série
de ações e investimentos, envolvendo
vários ministérios. “Aonde a agenda
quilombola tem chegado, tem contribuído para
melhoria da qualidade de vida e gerando um quadro
de redução da desnutrição,
principalmente das crianças”, observou o
ministro.
O Programa Semente Crioula deve
ser levado a outras comunidades quilombolas, depois
de estar consolidado no sertão de Pernambuco.
“Evidentemente que, na medida que ele tenha êxito
naquela região, certamente vamos replicá-lo
em função do sucesso e, a partir daí,
vamos verificar o impacto para ver a possibilidade
de reproduzi-lo em outras áreas.”