06/04/2009
- Suelene Gusmão - Para assegurar que o Parque
Nacional da Tijuca continue sendo uma das paisagens
mais admiradas em todo o mundo - e garantir seu
valor como Reserva da Biosfera e patrimônio
carioca -, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
lançou nesta segunda-feira (6), na cidade
do Rio de Janeiro, o programa Revitalização
do Complexo Turístico e Ambiental do Corcovado
e seu Entorno.
O carro-chefe do programa é
a recuperação do prédio abandonado
do antigo Hotel das Paineiras, que será transformado
num centro turístico e de educação
ambiental, entre outros usos. Um grupo de trabalho
foi formado para, em 30 dias, apresentar um projeto
detalhando as principais ações a serem
implementadas. Um termo de cooperação
estabelecerá a co-gestão do parque
entre o MMA e a prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
O acordo deve ser assinado em 30 dias. O grupo de
trabalho foi constituído de representantes
da direção do Parque; das secretarias
Estadual e Municipal de Turismo; das secretarias
Municipal e Estadual de Meio Ambiente; das secretarias
Estadual e Municipal de Transportes; da Secretaria
Estadual de Segurança; e da Secretaria Municipal
de Habitação.
A reunião desta segunda-feira
contou com a participação do ministro
do Turismo, Luiz Barreto; das secretárias
estaduais de Turismo, Esporte e Lazer e do Ambiente,
Márcia Lins e Marilene Ramos, respectivamente;
e do diretor do Parque, Ricardo Calmon, entre outros.
A revitalização
do complexo turístico, prevista no plano
de manejo do Parque da Tijuca, prevê ações
sociais e de segurança nas favelas dos Guararapes
e do Cerro Corá, localizadas no bairro de
Cosme Velho, área considerada estratégica
pelos responsáveis pelo parque.
Segundo Minc, as ações
nas duas comunidades - que serão levadas
adiante pelo governo estadual - serão importantes
para dar mais segurança aos turistas que
frequentam a região. O ministro ressaltou
o ganho para a imagem turística do Rio de
Janeiro, com a revitalização do Hotel
das Paineiras e de outros equipamentos urbanos da
região. "A recuperação
desta área vai ter repercussão internacional",
afirmou o ministro.
Uma das primeiras ações
previstas no programa será o lançamento
de um concurso, ainda este mês, pelo Instituto
dos Arquitetos do Brasil (IAB), para a reconstrução
do Hotel das Paineiras.
Fechada há 25 anos, o hotel
passará a ter restaurante panorâmico
e centros de visitação turística,
entre outros atrativos. O ministro do Turismo sugeriu
que sejam mantidos cerca de 30 quatros para que
ali ainda funcione um hotel, interligado às
outras atividades que serão promovidas no
prédio. Barreto frisou que o Ministério
do Turismo considera fundamental investimentos na
cidade do Rio de Janeiro para atrair turistas do
exterior e do Brasil. Segundo ele, já foram
repassados cerca de R$ 2 milhões para a recuperação
da estátua do Cristo Redentor.
Dentre outras ações
previstas para o programa de revitalização
do Parque, Minc citou a reforma do antigo restaurante
Silvestre, que fica próximo a uma estação
desativada do trenzinho do Corcovado. Havendo mais
segurança na área, a ideia é
recuperar os trilhos do bondinho do bairro de Santa
Teresa, na região central do Rio, para que
turistas possam chegar à Estação
Silvestre por ele - pegando então o trenzinho
do Corcovado numa área de transferência.
Segundo o ministro do Meio Ambiente,
recursos de compensação ambiental
deverão ser utilizados na implantação
de sinalizações turísticas
na região e na recuperação
do antigo restaurante Silvestre.
Parque da Tijuca - O Parque Nacional
da Tijuca, com uma área de quase quatro mil
hectares, foi criado em 1961, e é o segundo
menor parque brasileiro. Em 1991, foi elevado à
condição de Reserva da Biosfera, sendo
o parque mais visitado do País.
Antes de receber o nome de Tijuca
era conhecido como Parque Nacional do Rio de Janeiro.
Fazem parte de sua estrutura a Floresta da Tijuca,
onde estão localizados o Corcovado (Cristo
Redentor) e a Pedra da Gávea, entre outros.
Sua luxuriante vegetação é
de Mata Atlântica, que se encontra dentro
de uma região metropolitana.
Aberto à visitação
o ano todo, o Parque tem no Corcovado um dos pontos
mais visitados. Os turistas também procuram
o local por suas trilhas para caminhadas e deslumbrantes
cachoeiras. Na Pedra Bonita, a opção
é utilizar a rampa para vôo livre e
parapente, além de montanhismo, corrida de
orientação e mountain bike, entre
outros.
Até meados do século
XVII, a área do Parque permaneceu praticamente
intocada. Desde então houve ocupação
agrícola, com plantações de
cana de açúcar e de café, em
cada um dos ciclos econômicos. Segundo o sítio
Floresta da Tijuca (www.almacarioca.com.br/tijuca.htm),
em 1861, Dom Pedro II, preocupado com a falta d'água
que afetava a cidade, determinou o replantio de
parte da Floresta da Tijuca. O trabalho foi planejado,
tendo sido necessárias várias desapropriações
de terrenos, sítios e propriedades localizadas
em áreas de nascentes.
No primeiro ano do reflorestamento
foram plantadas 13.500 mudas e, apesar da forma
pouco científica com que a tarefa foi realizada,
já no final do século XIX haviam sido
plantadas 90 mil árvores, surgindo a atual
Floresta da Tijuca.
+ Mais
Pequenos agricultores terão
apoio técnico para manejo de polinizadores
07/04/2009 - Lucia Leao - Uma
parceria entre os ministérios do Meio Ambiente,
Ciência e Tecnologia, Agricultura e Desenvolvimento
Agrário com a FAO levará a pequenos
agricultores de todas as regiões do País
as técnicas de manejo de polinizadores, como
abelhas e besouros, capazes de aumentar significativamente
a produtividade em diversas lavouras por meio da
conservação da cobertura florestal.
Serão investidos no projeto US$ 3,5 milhões
da FAO e R$ 4 milhões do Fundo de Agronegócios,
do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O MMA, segundo o diretor de Conservação
da Biodiversidade, Bráulio Dias, já
dispõe de subsídios sobre o uso de
polinizadores produzidos a partir de experiências-piloto
financiadas com recursos do Probio em todas as regiões
do País. Eles tiveram como foco especialmente
entender o processo da polinização
biótica (pelos insetos polinizadores), calcular
quanto ela vale e identificar que práticas
devem ser promovidas. Os estudos, que estão
no prelo para publicação, foram feitos
com as culturas de cupuaçu, açaí,
murici, araticum, granola, mangaba, umbu, algodão,
manga, goiaba, maracujá e tomate.
"As experiências mostraram
que os resultados do serviço polinização
dependem do tipo de cultura e do contexto onde ela
se encontra. São melhores quando os plantios
estão próximos dos hábitats
dos polinizadores, que são as coberturas
florestais nativas. E, normalmente, eles estão
nas terras do vizinho, das quais ele se beneficia",
relata Bráulio.
A polinização também
foi tema da palestra da professora Flávia
Ferreira, da Universidade Federal de Viçosa,
no Seminário Nacional sobre Pagamento por
Serviços Ambientais, promovido pela Secretaira
de Biodiversidade e Floresta do MMA, em Brasília.
Ela relatou a pesquisa que realizou em fazendas
de café dos municípios de Arapongas
e Viçosa, na Zona da Mata mineira, em culturas
convencionais - plantas em fileiras e limpas - e
agroflorestais - combinadas com espécies
florestais. Em ambos as simulações
houve um aumento de produtividade, que chegou a
até 15% em plantios convencionais vizinhos
a fragmentos de florestas. Esses resultados, segundo
a pesquisadora, mostram que não será
difícil atribuir valor e remunerar o serviço
ambiental de polinização. "Medir
a polinização não é
caro e é relativamente fácil. Basta
se tomar uma decisão e treinar pessoas para
a tarefa".
Ainda apresentaram trabalhos,
no encontro, os professores Clemente Coelho, da
Universidade Federal de Pernambuco, que falou sobre
O valor dos ecossistemas costeiros; o professor
Ademar Romeiro, da Unicamp, que falou sobre pagamento
por serviços na Amazônia e Wilson Loureiro,
do Instituto Ambiental do Paraná, que falou
sobre a aplicação do ICMS Ecológico
no estado. Nesta tarde, os participantes reuniram-se
em grupos de trabalho que apresentarão nesta
quarta-feira resultados na forma de sugestões
para o aperfeiçoamento do projeto de lei
que será encaminhado ao Congresso para a
criação da Política Nacional
de Serviços Ambientais e o Programa de Pagamento
por Serviços Ambientais.