06 de
abril de 2009 - O Programa de Índio, primeiro
programa radiofônico feito pelos povos indígenas,
teve seu acervo recuperado e estará disponibilizado
em portal da internet. O site www.programadeindio.org
será apresentado oficialmente amanhã
(07), às 19h30, no auditório do SESC
em São Paulo. A cerimônia contará
com a participação dos apresentadores
originais Ailton Krenak e Álvaro Tukano,
além do coral Guarani Kekoá Pyau.
O projeto “Programa de Índio-
história e histórias”, idealizado
pela Ikore- projetos culturais e artísticos,
em parceria com o Núcleo de Cultura Indígena,
foi selecionado pelo edital Petrobras Cultural e
possibilitou a digitalização e recuperação
deste acervo, com 200 dos programas que construíram
a primeira experiência radiofônica de
povos indígenas do Brasil. O programa semanal
com duração de 30 minutos, ia ao ar
na rádio USP, nos anos 80, e foi o primeiro
programa no Brasil a colocar os povos indígenas
como protagonistas na mídia eletrônica.
Com muita verdade, como se fosse uma conversa em
volta do fogo, o programa trazia o som das aldeias,
a música ritual, as cerimônias, além
das informações sobre o cotidiano
e as expectativas dos povos indígenas. Com
essa iniciativa, a sociedade brasileira poderá
ouvir novamente as vozes que fizeram o movimento
indígena e ter acesso a mais informações
sobre esse período e sobre a história
do Brasil.
As raízes
A Rádio USP, ligada à
Universidade de São Paulo, cumprindo o papel
social de uma rádio educativa, tinha uma
programação plural e com temática
arrojada, aceitou o desafio e em junho de 1985 foi
gravado o piloto, que foi ao ar logo em seguida
como o primeiro de uma série de 220 programas
diferentes, ao longo de 4 anos e 9 meses. A partir
de 1987, o programa começou a ser distribuído
para outras emissoras, entre elas a Rádio
Universidade de Santa Maria/RS, Escola Federal de
Engenharia de Itajubá/MG e Kaiowá
de Dourados/MS.
Álvaro Tukano, Apolônio
Xocó, Biraci Brasil, Daniel Cabaxi, Marçal
Tupã-i, Marcos Terena, Paulo Bororo e muitos
outros estavam há anos em um movimento de
luta pela organização dos povos indígenas
em torno de seus direitos. Pessoas de diferentes
etnias, que entendiam a política e o pensamento
dos “brancos”, vivendo, trabalhando, estudando nas
cidades, elas buscavam interlocutores entre políticos
e formadores de opinião, aliados e parceiros
para embates com o governo, para a conquista de
seus direitos e afirmação de sua identidade.
Tinham na bagagem viagens para
fora do País, participação
em encontros, seminários, espaços
conquistados a mídia, alianças com
instituições e intelectuais da época.
Sabiam de “onde vinham, o que queriam e para onde
iam”. A idéia do Programa de Índio
foi gerada nesse ambiente, com essas lideranças,
com a compreensão de que novos espaços
deveriam ser abertos para a voz e o pensamentos
dos povos indígenas.
O rádio foi escolhido como
instrumentos por ser um meio democrático,
conhecido e respeitado pelas comunidades indígenas,
e por não exigir investimentos altos na produção
dos programas. O desafio era encontrar uma emissora
que abrisse espaço para um programa dirigido
e apresentado por pessoas indígenas, com
temática e formato definido por elas e que
ainda tocasse a música tradicional.
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Secretários de Educação
de Mato Grosso e Cuiabá apóiam reunião
preparatória de Educação Indígena
08 de abril de 2009 - O secretário
Estadual e o representante da União dos Dirigentes
Municipais de Educação de Mato Grosso
e Cuiabá (UNDIME), Ságuas Moraes e
Gonçalo de Assis, respectivamente, participaram
da reunião preparatória para a Conferência
Regional do Mato Grosso que será realizada
no período de 4 a 7 de maio, em Cuiabá
e a do Xingu de 09 a 11 de junho de 2009, demonstrando
o compromisso dos governos do estado e município
com os povos indígenas. Participaram da reunião
lideranças indígenas e representantes
do Ministério da Educação e
Fundação Nacional do Índio.
Ságuas Moraes disse que
estava muito satisfeito em poder estar na abertura
da reunião preparatória, pois a Conferência
Nacional de Educação Escolar Indígena
(CONEEI) é uma reivindicação
dos povos indígenas do Mato Grosso de longas
datas para redefinir o papel dos entes federados
na educação escolar indígena.
Assis, que também é vice presidente
da UNDIME fez questão de destacar que “é
importante ter essa ponta de diálogo para
fortalecer a educação na base”.
O representante da Organização
dos Professores do Mato Grosso (OPRIMT), Xisto Xavante,
abriu a reunião, ocorrida no dia 26 de março
em Cuiabá/MT, ressaltando a importância
do momento para que se possa ter a posição
das comunidades. “Nós temos problemas porque
os sistemas de ensino não aceitam as especificidades
da escola indígena e a Conferência
vai definir os novos rumos da educação
escolar indígena”, conta o Xavante.
Para a representante da Comissão
Nacional de Política Indigenista (CNPI),
Chiquinha Pareci, não foi fácil a
realização dessa reunião preparatória
e que ela lutou muito para que esse momento chegasse,
pois os eixos temáticos da conferência,
como política e gestão da educação
escolar indígena, são de fundamental
importância para se ter um espaço maior
para criar uma nova política de educação
para os povos indígenas.
A representante da Funai professora
Maria Helena Fialho, Coordenadora Geral de Educação,
fez questão de destacar o esforço
e compromisso de Ságuas Moraes no Conselho
Nacional de Secretários de Educação
(CONSED), para superar os desafios de se construir
políticas. Para ela: “ as Conferências
Regionais são fundamentais para discutirmos
o quadro atual e pensar políticas específicas
e de fortalecimento da educação escolar
indígena”.
Gersen Baniwa Coordenador Geral
de Educação Escolar Indígena
do Ministério da Educação (MEC),
agradeceu a participação dos secretários,
pois até agora eles foram os únicos
a participarem de uma reunião preparatória
da CONEEI. Baniwa destacou ainda a importância
das parcerias nessa batalha. “Precisamos se unir
para fortalecer e melhorar a educação
escolar indígena nas aldeias para evitar
a saída para as cidades em busca de escola
melhor. Esse é o ponto para reflexão”,
finalizou.