17 de
Abril de 2009 Greenpeace projeta mensagens a favor
de uma revolução energética,
baseada em energias renováveis, durante Fórum
Europeu de Energia Nuclear, realizado em Praga,
na República Tcheca.
São Paulo - Brasil — Preliminar do Balanço
Energético mostra que o país está
na contra-mão das discussões sobre
mudanças climáticas, com o crescimento
da participação de fontes fósseis
e redução das renováveis na
matriz elétrica
Dados preliminares do Balanço
Energético Nacional (BEN), divulgado nesta
semana pela Empresa de Pesquisas Energéticas
(EPE), apontam que em 2008 o uso de combustíveis
fósseis para a geração de energia
elétrica no Brasil cresceu 37,9% em relação
ao ano anterior. Já a participação
das fontes renováveis caiu 3,4%.
Nesse período, a produção
total de eletricidade aumentou 2,4% e a utilização
de gás natural nas termelétricas praticamente
dobrou. “Ainda que as emissões de gás
natural sejam até um terço menores
do que as de carvão e óleo combustível,
o aumento da utilização desta energia
provocou grandes impactos ambientais e econômicos
porque a geração termelétrica
é uma das formas mais caras de gerar eletricidade
por depender de combustíveis muitas vezes
importados”, explica disse Ricardo Baitelo, coordenador
da campanha de energias renováveis do Greenpeace
Brasil.
Os demais derivados de petróleo,
como diesel e óleo combustível, tiveram
sua utilização ampliada em 13, 4%.
O uso do carvão, combustível que mais
emite gases do efeito estufa, a principal causa
das mudanças climáticas, cresceu 6,3%.
Totalmente na contra-mão
das discussões sobre mudanças climáticas,
que apontam as energias renováveis como uma
das soluções para a redução
das emissões dos gases do efeito estufa,
o Brasil reduziu a participação das
fontes renováveis. Do volume total gerado
por essas fontes, a energia hidráulica representou
73,1%; a eletricidade proveniente da cogeração
a biomassa respondeu por 6,7% e a energia eólica
manteve sua participação de apenas
0,1%. “Esses números mostram como as decisões
de governo não estão comprometidas
com a produção energética de
baixo impacto ambiental”, disse Baitelo. “A maneira
mais correta de limpar a matriz elétrica
brasileira é aprovar uma lei que garanta
maior competitividade às renováveis
no mercado”.
O Greenpeace tem trabalhado junto
à Comissão Especial de Energias Renováveis,
da Câmara dos Deputados, na elaboração
de lei de renováveis. Uma das propostas em
análise pela comissão, o projeto de
lei 4550, apresentado pelo deputado Edson Duarte
(PV), recebeu contribuições da organização
e de especialistas da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo.
Licenças Ambientais - O
anúncio do aumento do consumo de energia
de fontes sujas foi feito na mesma semana em que
o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) publicou
norma que estabelece novas regras para a obtenção
das licenças ambientais para usinas termelétricas
a carvão e óleo combustível.
A Instrução Normativa número
sete determina que um terço das emissões
de dióxido de carbono da operação
destas usinas deverá ser mitigado com a recuperação
florestal e dois terços, por meio de investimentos
em geração de energia renovável
ou medidas de eficiência energética.
“O governo está tentando
dificultar a entrada de novas térmicas no
sistema, mas o estrago já foi feito. Se todas
as termelétricas outorgadas pela Agência
Nacional de Energia Elétrica entrarem em
operação, teremos emissões
superiores a 40 milhões de toneladas de CO2
equivalentes por ano”, disse Baitelo.
Em dezembro de 2009, mais de 200
nações de todo o mundo se reunirão
em Copenhagen, na Dinamarca, para definir o acordo
que sucederá o Protocolo de Kyoto em 2012.
O Greenpeace defende que todos os países
signatários se comprometam a investir US$
140 bilhões em medidas contra o aquecimento
global anualmente e a cortar as emissões
em 40%, em relação aos níveis
de 11000.