18 de
Abril de 2009 - Pedro Peduzzi - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - A medida
anunciada quinta-feira (16) pelo ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc, de utilizar satélites
para monitorar o desmatamento em outros biomas além
do amazônico, pode resultar em aumento “de
bilhões de dólares” para o Brasil
por meio de crédito de carbono.
A opinião é do coordenador
de Ciências do Programa de Savanas Centrais
do The Nature Conservancy (TNC), Leandro Baumgarten,
especialista em biomas como Cerrado, Caatinga, Pantanal
e Pampa, no Brasil, além dos Chacos argentino,
boliviano e paraguaio.
“A partir das informações
coletadas teremos melhores condições
de coordenar as ações de combate ao
desmatamento. Além disso, o mesmo mecanismo
de crédito de carbono contabilizado a partir
da Amazônia passará para outros biomas,
trazendo mais recursos para o país por meio
da Redd [Redução de Emissão
por Desmatamento e Degradação]”, explica
Baumgarten.
Segundo o pesquisador, esse índice
leva em consideração a atividade humana,
calculando o carbono despejado por carros e indústrias,
e o desmatamento na Amazônia. "Agora,
com outros biomas passando a fazer parte do cálculo,
esses valores devem chegar à ordem dos bilhões
de dólares”, prevê Baumgarten. Ele
explica que, apenas com o Fundo Amazônico,
o Brasil receberá US$ 1 bilhão no
prazo de cinco anos, contados a partir do ano passado.
“Fora o Pantanal, que ainda tem
uma boa cobertura, todos os biomas estão
bem mais desmatados do que o Amazônico. O
Cerrado e a Caatinga têm apenas 60% da cobertura
original, enquanto o Pampa tem 50% e a Mata Atlântica
menos de 10%”, disse.
Apesar de tecer elogios ao uso
de satélites em outros biomas, a iniciativa
do governo foi considerada “tardia” por Baumgarten.
“A última avaliação
feita pelo governo sobre as coberturas vegetais
de todos os biomas brasileiros foi em 2002. Depois
disso, nenhum outro levantamento foi feito e, infelizmente,
não existem informações sobre
o nível de desmatamento do Pantanal e da
Caatinga”, argumenta. “Mas nossas esperanças
ficam renovadas com os satélites apontando
para os outros biomas e com a possibilidade de que
novos estudos sejam implementados”, completa.
+ Mais
Indústria da soja diz que
menos de 1% da Amazônia foi desmatada para
o plantio
14 de Abril de 2009 - Roberta
Lopes - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Levantamento feito pela Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais (Abiove), com a participação
de organizações não-governamentais,
divulgado hoje (14), mostra que, das áreas
monitoradas da Amazônia, menos de 1% foi desmatado
para o plantio de soja.
Esse monitoramento faz parte da
campanha conhecida como moratória da soja,
declarada por produtores e exportadores do grão
em 2006. Em 2008, o Ministério do Meio Ambiente
passou a apoiar a iniciativa. Com a moratória,
que funciona como um embargo, indústrias
assumiram o compromisso de não comprar soja
de quem desmata áreas na Amazônia,
para plantar soja.
O levantamento mostra que dos
157 mil hectares monitorados 1,3 mil hectares foram
desmatados para plantar soja, o que corresponde
a 0,88%. No estudo, três estados – Mato Grosso,
Pará e Rondônia – tiveram áreas
monitoras. As áreas escolhidas foram aquelas
com mais de 100 mil hectares, que foram divididas
em polígonos, totalizando 630 áreas
em 46 municípios.
De acordo com o presidente da
Abiove, Carlo Lovatelli, foram encontrados nesses
estados 12 polígonos com desmatamento de
soja, sendo que 10 estão em Mato Grosso e
dois no Pará. Em Rondônia, não
se registrou desmatamento em nenhum dos polígonos
monitorados.
Para Lovatelli, o levantamento
mostrou que os produtores de soja estão contribuindo
para o não-desmatamento da Amazônia.
“Hoje, qualquer produto tem que ter não só
a viabilidade econômica, mas também
ser ambientalmente e socialmente correto e sustentável.
Essa é a regra do jogo e a demanda dos mercados
internacional e nacional vai nesse sentido”, afirmou.
Questionado se os produtores vão
continuar com a moratória do soja, que está
prevista para terminar em junho deste ano, ele afirmou
que a associação vê “com com
simpatia a continuação da moratória”.
O diretor do Greenpeace para a
Campanha da Amazônia, Paulo Adário,
disse que o resultado não surpreendeu. “Iria
haver alguma soja plantada na área e algum
desmatamento provocado pelo produtor de soja. A
questão central é o fato da indústria
reiterar que não vai comprar soja de quem
desmatou e plantou soja. Esse é o grande
compromisso”, disse.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, disse que o resultado mostra que a soja deixou
de ser um dos grandes responsáveis pelo desmatamento
da Amazônia. “Durante muitos anos, foi dito
que os principais responsáveis pelo desmatamento
na Amazônia eram o gado, a madeira e a soja”.
“Hoje, a soja deixou de ser um fator determinante
para o desmatamento”, completou.
Sobre a prorrogação
do embargo, o ministro afirmou que “a expectativa
é de que ela seja renovada até porque
em time que está ganhando não se mexe”.
No monitoramento da campanha de
moratória da soja, divulgado ano passado,
foram analisados 49,8 mil hectares, totalizando
265 polígonos, e não houve desmatamento
nas áreas analisadas.
+ Mais
Recuperação de solos
pode ajudar a reduzir desmatamento na Amazônia
14 de Abril de 2009 - Da Agência
Brasil - Brasília - A conservação
do solo e a recuperação de áreas
degradados podem ser usadas para impedir o avanço
do desmatamento na Amazônia. “O que já
há de áreas derrubadas e degradadas
para recuperar é mais do que suficiente para
não precisar derrubar mais nenhuma árvore”,
afirmou hoje (14) o ministro da Agricultura, Reinhold
Stephanes, ao participar da abertura do seminário
alusivo ao Dia Nacional da Conservação
do Solo, que será comemorado amanhã
(15).
No Brasil, há mais de 60
milhões de hectares de áreas degradadas.
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são
as mais afetadas. Nelas, o processo da agricultura
empresarial foi mais intenso.
De acordo com o secretário
de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo
do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa), Márcio Porto Carreiro,
as boas práticas de manejo da terra são
a melhor alternativa para recuperar o solo e evitar
o desmatamento na Floresta Amazônica.
“Se tiver a opção
de voltar a produzir com eficiência na sua
região, com certeza, o produtor vai diminuir
a tendência de avançar pela Região
Norte”, afirma Carreiro.
A conservação dos
mananciais também é um aspecto importante
na preservação do solo. Segundo Carreiro,
os solos urbanos são os responsáveis
pela contaminação das nascentes. “Os
gestores públicos municipais têm o
compromisso de preservar o solo urbano. As prefeituras
municipais têm que se preocupar no destino
correto das águas e também com as
erosões urbanas.”
A integração lavoura-pecuária-silvicultura,
a recuperação de áreas que
concentram as microbacias hidrográficas,
o plantio direta na palha e as produções
orgânica e integrada são algumas práticas
adotadas pelos produtores e incentivadas pelo ministério.
+ Mais
Só o deserto do Saara está
livre da ocorrência de terremotos, diz pesquisador
12 de Abril de 2009 - Roberta
Lopes - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O único lugar do mundo
livre da ocorrência de um terremoto é
o deserto do Saara, na África, segundo o
chefe do Departamento Sismológico da Universidade
de Brasília (UnB), George Sand de França.
Em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio
Nacional, França aproveitou para dar a definição
de técnica de terremoto, que é o movimento
entre dois blocos que estão sob pressão.
“Esse movimento acontece onde
há fraturas e a maioria delas é entre
placas tectônicas, que são blocos,
e quando essa pressão quebra a resistência
dela [da placa] acontece o terremoto e gera esses
abalos sísmicos violentos”, explica.
Segundo o pesquisador, a grande
maioria dos tremores, 99%, ocorre nas bordas das
placas tectônicas e o restante no interior
das placas. O maior terremoto registrado até
hoje foi, em 1960, no Chile, e atingiu 9,5 pontos
na escala de Richter. A escala mede a intensidade
dos terremotos, que vai até os 10 pontos.
França disse, ainda, que
a zona da Terra onde há maior atividade sísmica
é localizada no Círculo de Fogo do
Pacífico, que engloba toda a costa do Oceano
Pacífico, o Japão, a Rússia
e os Estados Unidos até a Costa Oeste sul-americana.
Ele lembrou que, no Brasil, a
região Nordeste é onde há mais
registros de abalos sísmicos. As cidades
de Sobral (CE) e João Cândido (RN)
são os locais onde foram registrados tremores
de terra. Outro local onde também há
registro de tremores é na cidade de Porto
Gaúcho (MT).
Outro episódio citado pelo
pesquisador foi a cidade de Januária (MG),
que ocorreu no fim de 2007. Com o terremoto, algumas
casas foram atingidas e uma criança morreu.
“É o primeiro caso que a gente vê que
está ocorrendo atividade sísmica freqüente”,
disse.
França afirmou ainda que,
na história da Itálita, há
vários registros de terremotos, mas que não
se esperava um tremor de tamanha magnitude, como
foi o caso dos abalos que atingiram a cidade Áquila,
de intensidade 5,8 na escala Richter.