(13/04/2009)
O uso de técnicas estatísticas com
base em dados atuais tem ajudado cientistas a identificar
os diferentes usos de solo nas áreas desmatadas
e a comprovar matematicamente a relação
das atividades agropecuárias com a derrubada
da floresta amazônica.
O trabalho realizado pela Embrapa
nos Estados de Rondônia e Acre compara a evolução
do rebanho bovino com o desmatamento em um período
de cinco anos. As áreas utilizadas para agricultura
e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDH-M) também foram considerados.
Em linhas gerais, o estudo mostra
que, além da pecuária estar presente
em todos os municípios onde há derrubada
de floresta, a maior concentração
do rebanho está justamente nas regiões
com mais de 80% da área desmatada. É
o caso dos municípios de Jaru e Cacoal, localizados
na região central de Rondônia, principal
bacia leiteira da Amazônia.
A concentração de
cabeças de gado nos municípios dessa
região de Rondônia supera a de Estados
como Santa Catarina e é encontrada em poucas
partes do Rio Grande do Sul, por exemplo. Existem
de 100 a 297 cabeças de gado por km²
de área municipal, de acordo com o IBGE.
Não por menos, Rondônia movimentou
U$ 197,532 milhões com o comércio
de carne bovina para o exterior no primeiro semestre
do ano passado, o que fez do Estado o quarto maior
exportador do produto no Brasil.
Análise fatorial
Para lidar com a grande quantidade
de variáveis envolvidas no estudo, os pesquisadores
utilizaram uma técnica estatística
chamada análise fatorial. O objetivo é
condensar a informação, reduzindo
o número de variáveis sem grandes
perdas de dados, explica o pesquisador Samuel José
de Magalhães Oliveira, da Embrapa Rondônia,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Foram considerados sete indicadores:
efetivo (ou rebanho) bovino, área antropizada
(ou desmatada), IDH-M, área municipal e áreas
com cultivo de mandioca, soja e milho. A relação
mais evidente entre os indicadores é entre
área desmatada e rebanho bovino. É
o que acontece na bacia leiteira de Rondônia
e na região próxima a Rio Branco,
no Acre.
Mas são também esses
municípios que apresentam índices
de desenvolvimento humano mais alto, em torno de
0,75. O IDH-M no Brasil varia aproximadamente de
0,4 a 0,9, de acordo com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). “Esse aspecto
é revelador porque não é em
todos os lugares que existe essa relação
entre pecuária e desenvolvimento humano e
também por mostrar que a pecuária
não está apenas nas regiões
menos desenvolvidas da Amazônia”, diz o pesquisador
Samuel Oliveira.
O estudo mostra também
o início de um processo de redução
da atividade pecuária na região conhecida
como Cone Sul do Estado de Rondônia. Pastagens
degradadas dão lugar a lavouras mecanizadas
de arroz e soja. O preparo do solo para o cultivo
de grãos permite aproveitar áreas
já abertas, evitando a derrubada da floresta.
O monitoramento das tendências
de evolução da pecuária bovina
é apontado pelos pesquisadores como uma ferramenta
importante para a definição de ações
preventivas e políticas públicas para
evitar o desmatamento na região. A pesquisa
parte agora para a definição de cenários
futuros. Serão utilizados modelos matemáticos
para tentar identificar as tendências do setor.
Os trabalhos fazem parte do projeto “Impactos ambientais,
econômicos e sociais da bovinocultura de corte”,
do qual fazem parte a Embrapa Rondônia, Embrapa
Pantanal, Embrapa Cerrados e Embrapa Acre.
Daniel Medeiros
+ Mais
Empresários e prefeitos
de municípios de SP discutem proposta de
projeto sustentável
(14/04/2009) O diretor-presidente
em exercício Kepler Euclides recebeu pela
manhã, membros da diretoria da Fundação
de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais
– Fetaf/Unesp Osmar Bueno e Iraê do Amaral,
do Instituto Inova Sérgio Dutra, da empresa
Bio-Petro John Kaweske e Giovanni Erme, e os prefeitos
das cidades paulistas de Motuca João Ricardo
Fascineli e de Dobrada Tinho Bellintani, que estão
em Brasília/DF, para discutir a participação
da Embrapa em um projeto de Desenvolvimento Rural
Sustentável, liderado pelo Município
de Motuca.
A proposta apresentada à
Embrapa está alicerçada em três
vertentes: segurança alimentar e nutricional;
energia renovável – Biodiesel; e certificação
de processos e produtos (selo de origem) produtos
sem agrotóxicos da agricultura familiar,
em conformidade com as políticas do governo
Federal.
Estiveram presentes na reunião,
pela Embrapa, além do diretor-presidente
em exercício, o chefe da Assessoria de Relações
Nacionais (ARN) Moacir Sousa, o gerente-geral da
Embrapa Transferência de Tecnologia José
Roberto Rodrigues Peres, o chefe da Embrapa Agroenergia
Frederico Durães e o Assessor da Presidência
Nicolau Schaun.
Bete Antunes