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SATÉLITES VÃO GARANTIR MAIS PRECISÃO EM DADOS SOBRE DESMATAMENTO, DIZ PROFESSOR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2009

18 de Abril de 2009 - Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Brasil não sabe exatamente o quanto de Cerrado é desmatado anualmente. As estimativas variam de 4,5 mil quilômetros quadrados a até 60 mil. Com o uso de satélites para monitorar o desmatamento em outros biomas além do Amazônico – medida anunciada esta semana pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc –, será possível ter uma idéia mais precisa sobre os prejuízos causados no Cerrado.

A opinião é do professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Donald Sawyer, especialista nos biomas do Cerrado, da Caatinga e Amazônico.

“Os satélites poderão nos ajudar a saber, de forma mais precisa, qual é a realidade dos biomas brasileiros. Os números que já saíram sobre o desmatamento no Cerrado são bastante desencontrados. As estimativas mais realistas apontam que a área desmatada anualmente vai de 1,1% a 1,5%. Proporcionalmente, é um número bastante superior ao registrado na Amazônia”, argumenta o professor.

Sawyer adverte que haverá dificuldades técnicas para detectar o desmatamento por satélite no Cerrado e na Caatinga. “Ainda não é possível diferenciar o que é campo sujo, um tipo de vegetação original do Cerrado, do pasto sujo, que está relacionado ao desmatamento”, explica.

O desafio, segundo ele, será grande. “Mas o Brasil está entre os mais desenvolvidos em termos de monitoramento por satélites”, completa.

Apesar da dificuldade, Sawyer vê o uso de satélites para o monitoramento dos biomas brasileiros como um “passo importantíssimo na política ambiental do país, fundamental para entender os ecossistemas no seu conjunto”. Ele explica que há, entre esses biomas, uma grande interdependência e que, portanto, monitorar o Cerrado também ajuda a proteger os outros biomas.

“Embora a Amazônia seja importante, focar as ações apenas nela pode resultar em prejuízos tanto para o meio ambiente quanto para o desenvolvimento, causando, inclusive, implicações em outros países e em regiões vizinhas por causa da distribuição das chuvas”, afirma.

Sawyer argumenta que o padrão de precipitação das chuvas na Amazônia depende, em parte, da cobertura vegetal de outras formações, responsáveis por devolver umidade para a atmosfera. Combinado aos efeitos do aquecimento global, o desmatamento pode interromper os fluxos interregionais da umidade atmosférica.

“O Cerrado é a caixa d'água do Brasil, onde nascem e crescem os afluentes dos rios Paraná, São Francisco e dos afluentes do Amazonas”, explica o professor. “As principais bacias hidrográficas dependem da água que vem desse bioma, por meio da Amazônia”, completa.

Segundo o professor, o ar úmido do Atlântico entra na Amazônia e cai na forma de chuva. “Grande parte dessa água acaba voltando para a atmosfera por meio de evapotranspiração [evaporação da água do solo, das superfícies líquidas e por meio da transpiração das plantas]."

Ao evaporar novamente, essa água segue para os Andes e, depois, rumo ao Sul, passando pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste. “São os chamados rios voadores”, informa o professor. “Precisamos entender melhor o que está acontecendo com o desmatamento em todos os biomas porque eles estão interligados”, acrescenta.

“O mundo todo só pensa na Amazônia e esquece que ela depende dos outros biomas. O desmatamento no Cerrado pode resultar na falta de água para a região e, conseqüentemente, para o resto do país, prejudicando as atividades agrícolas, o abastecimento e também as hidrelétricas dos sistemas hídricos do São Francisco e do Paraná”, adverte o professor da UnB.

Para a diretora de Gestão do Conhecimento da organização não-governamental SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, a utilização de satélites para monitorar desmatamentos em todos os biomas brasileiros é uma “demonstração de que o Poder Público está atuando em prol da proteção das florestas e biomas naturais do país e de seus recursos”.

Hirota afirma que, com essa medida, será possível evitar que os 7% restantes da Mata Atlântica brasileira sejam desmatados porque poderão ser melhor monitorados.

“Já temos uma parceria com o Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] que nos possibilita fazer um monitoramento desse tipo a cada cinco anos. Mas, sem a menor dúvida, essa ferramenta nos dará condições de beneficiar de forma mais significativa e eficiente a proteção de nossa biodiversidade”, argumenta.

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Para especialistas, preservação da Amazônia requer recursos internacionais sob gestão do Brasil

17 de Abril de 2009 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Um pedido de ajuda financeira internacional e o reconhecimento da soberania do Brasil e do modo de vida das comunidades da floresta marcaram ontem (16), o painel Administrando a Amazônia: uma Responsabilidade Global?, um dos últimos debates do Fórum Econômico Mundial na América Latina, que também propôs a discussão de saídas ambientalmente sustentáveis para a crise financeira.

O governador do Amazonas, Carlos Eduardo Braga, afirmou que a população amazonense, de cerca de 4,5 milhões de habitantes, inclusive indígenas e ribeirinhos, precisam receber uma compensação financeira por “manter a floresta em pé”. Durante o debate, ele estendeu a proposta aos latifundiários, que já são obrigados por lei a preservar cerca de 80% de suas terras.

“Para preservar é preciso agregar à floresta em pé mais valor que à floresta derrubada”, afirmou; “Não diga para um plantador de soja que ele tem que ter prejuízo. Queremos que ele tenha lucro preservando a floresta, da mesma forma que queremos que as pequenas comunidades tenham seu papel reconhecido por preservar a floresta e prestar um serviço ao mundo”, completou.

Braga também cobrou ajuda financeira e tecnológica de organismos multilaterais para grandes projetos de infra-estrutura na Amazônia, com o objetivo de reduzir os impactos sociais e ambientais de obras necessárias ao desenvolvimento da região. Ele ponderou, no entanto, que os interesses do governo brasileiro devem prevalecer sobre os interesses da comunidade internacional.

As idéias do governador também foram compartilhadas pelo diretor do Greenpeace Marcelo Furtado, que reforçou a necessidade de compensação ambiental. Ele também acrescentou, em debate, que devem participar das decisões sobre a Amazônia, além do governo, a sociedade e a iniciativa privada, em um tipo de gestão compartilhada.

Ao lembrar que a comunidade internacional está atenta ao desafio de preservar a Amazônia, a vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Pamela Cox, citou o Fundo Amazônia, que já conta com dinheiro de vários países para financiar ações de combate ao desmatamento e à recuperação da floresta, sob gestão do Brasil.

“O dinheiro previsto para o fundo serve para pagar a população para que não derrube as árvores e preserve a floresta. Não podemos colocar uma cerca lá”, disse. “Os recursos devem, portanto, ser aplicados em pequenos projetos para garantir sua sobrevivência e criar empregos com o manejo de produtos sustentáveis como a borracha e a castanha”.

Durante o debate, os participantes concordaram que o Brasil precisa reduzir as emissões de gases do efeito estufa por conta, principalmente, das queimadas. Atualmente, o país é o quarto maior emissor de gases.

A expectativa deles é de que medidas neste sentido sejam adotadas por outros países, para outras florestas tropicais, como por exemplo, na reunião de Copenhague, na Dinamarca, que pretende revisar os compromissos do Protocolo de Quioto no fim do ano.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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