23/04/2009
- O Instituto de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá (IDSM/MCT) disponibiliza desde ontem
(22) um sistema informatizado de rastreamento de
jacarés manejados experimentalmente. A iniciativa,
inédita na área de manejo de recursos
naturais, está disponível no site
da instituição (www.mamiraua.org.br/rastreamentojacare),
e serve como ferramenta de controle, monitoramento
e certificação da origem do produtos
oriundos de jacarés, como a pele.
O IDSM já mantém
sistemas de rastreamento informatizados associados
ao manejo comunitário de pirarucus e de peixes
ornamentais.
O sistema possibilita rastrear
os produtos ao longo da cadeia produtiva. Como o
acompanhamento dos produtos foi iniciado a partir
do local de captura, o serviço pode ser considerado
como uma alternativa de certificação
de origem. A proposta é estendê-lo
até o consumo final mas, para tanto, dependerá
dos detentores da custódia dos produtos e
dos elos da cadeia de produção, que
contribuirão com os dados relativos ao estado
da comercialização de cada um dos
produtos.
O sistema funciona a partir do
número do lacre informado no produto, permitindo
assim identificar informações como
o ponto em que o jacaré foi capturado (por
meio de imagem de satélite), o comprador,
o destino do produto e a associação
comunitária de produtores à frente
do processo.
A caça de jacarés
é proibida no Brasil. Mas, com a cessão
de licenças especiais em casos de manejo,
a atividade pode ocorrer, a exemplo da realizada
em dezembro de 2008 na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá (AM). São
os jacarés abatidos nessa ocasião
que poderão ser rastreados pelo novo sistema.
As informações sobre futuras atividades
como essa também poderão ser disponibilizadas.
Um total de 253 jacarés-açu
(Melanosuchus niger), a maior espécie brasileira,
foi coletado em dezembro último. Os produtos
oriundos de cada um desses animais – como cabeça
e cauda – receberam do IDSM um lacre com a mesma
numeração, composta por sete dígitos,
mas com cores diferentes. Já a pele pode
ser rastreada informando o código de três
dígitos fixados pelo Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário e Florestal Sustentável
do Estado do Amazonas (Idam), em cumprimento a uma
determinação do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama).
A iniciativa de manejo experimental
de jacarés é do governo do Amazonas
e é estudada desde 2003, com o desenvolvimento
do Projeto Piloto para o Manejo de Jacarés
na Reserva Mamirauá. O IDSM, que compartilha
a gestão da área com o governo do
Amazonas, presta assessoria às comunidades
envolvidas no projeto, fornecendo dados técnicos
e científicos a respeito da espécie
e da possibilidade de manejo. O estudo e outros
processos relativos à cadeia produtiva são
de responsabilidade do governo do estado.
O manejo de jacarés apresenta-se,
futuramente, como uma alternativa de renda para
moradores da Reserva Mamirauá. "No entanto,
ainda são necessárias pesquisas que
fundamentem a exploração desse recurso,
bem como estudos sobre a cadeia produtiva e a superação
de obstáculos relativos à comercialização
da carne e da pele desses animais", explica
Robinson Botero-Arias, pesquisador do Programa de
Manejo e Conservação de Jacarés
do Instituto. "Com o rastreamento, esperamos
fornecer uma ferramenta que fortaleça, de
forma transparente e eficaz, o manejo sustentável
de jacarés no Amazonas", observa.
+ Mais
Especialistas discutem monitoramento
da Amazônia
24/04/2009 - Especialistas do
Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe/MCT),
do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon) e do Sistema de Proteção
da Amazônia (Sipam) participam de mesa-redonda
sobre tecnologias para monitorar o desmatamento
na Amazônia durante o XIV Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), que acontece
de 25 a 30 deste mês, no Centro de Convenções
de Natal (RN).
Desde 1988, o Brasil produz estimativas
anuais das taxas de desflorestamento da Amazônia
usando dados de satélite, especialmente os
da série Landsat. A partir de 2004, dados
de alta resolução temporal do sensor
Modis passaram a ser usados em sistema de alerta
para suporte à fiscalização
e controle de desmatamento. Além disso, imagens
de radar vêm sendo testadas para complementar
os sistemas que operam na faixa do visível
e infravermelho, como alternativa nas áreas
cobertas por nuvens na Amazônia.
Participam da mesa-redonda “Monitorando
o Desflorestamento da Amazônia com Sensoriamento
Remoto” Dalton Valeriano, coordenador do Programa
Amazônia do Inpe; Carlos Souza, do Imazon;
e Solange Costa, do Sipam. A discussão começa
às 9 horas de terça-feira (28).
Sessão especial “Ano da
França no Brasil”
As principais características
e aplicações dos satélites
franceses serão apresentadas na terça-feira
(28) no SBSR. A sessão especial “Sensoriamento
Remoto na França: História e Perspectivas”
será coordenada por Joël Barre do Centro
Espacial da Guiana Francesa (CNES) e Frédéric
Huynh, da Unidade “Espace” (IRD).
Organizada no âmbito do
“Ano da França no Brasil”, a sessão
pretende mostrar os grandes passos da história
do Programa Espacial Francês e como os avanços
da tecnologia espacial naquele país podem
ser úteis para a sociedade e para o desenvolvimento
sustentável. Também participam Dominique
Lasselin (IGN), Aurélie Sand (CNES) e Daniel
Vidal-Majdar (GMES).
+ Mais
Workshops; Agricultura, Processamento
de Imagens e Radar
“Monitoramento Global da Agricultura”
é o tema do workshop coordenado Jansle Vieira
Rocha (Unicamp), um dos três que será
promovido no SBSR na terça-feira (28). O
monitoramento da produção agrícola
mundial tem sido discutido em diversos fóruns,
destacando-se o Grupo de Agricultura do GEOSS (Global
Earth Observing System of the Systems). Chris Justice
e Curt Reynolds, dos Estados Unidos, e Clement Atzberger,
da Itália, apresentarão sistemas e
metodologias de monitoramento da agricultura em
larga escala, cujos dados são fundamentais
para a estabilidade dos preços internacionais
de alimentos e para evitar crises de abastecimento.
O workshop “Processamento e Classificação
de Imagens Digitais: Novos Desenvolvimentos” tem
a coordenação de Carlos Vieira (UFV)
e Vitor Haertel (UFRGS).
Serão tratados três
tópicos principais: métodos para processamento
e classificação de imagens em alta
dimensionalidade (imagens hiperespectrais); detecção
de alterações em imagens multi-temporais;
e avaliação da exatidão temática
de mapas de ocupação do solo em função
da incerteza na informação de referência.
Além dos coordenadores do workshop, apresentam
palestras Melba Crawford (Purdue University, Estados
Unidos), Lorenzo Bruzzone (University of Trento,
Itália) e Mário Caetano (Univ. Nova
de Lisboa, Portugal).
“Radar Imageador” completa a série
de workshops da terça-feira. Coordenado por
Waldir Renato Paradella e Luciano Vieira Dutra,
ambos do INPE, o workshop mostrará aplicações
gerais no país com dados de radar de abertura
sintética (SAR) de diversos programas (ASAR,
PALSAR, TerraSAR-X, RADARSAT-2, entre outros). Serão
apresentadas as mais recentes pesquisas sobre polarimetria,
interferometria e processamento digital de imagens
SAR com especialistas reconhecidos nestes assuntos.
Participam Adrian Bohane (MDA, Canadá), Alessandro
Ferretti (National Level Rilevamento Europa, Itália)
e Eric Pottier (University of Rennes, França).
Sobre o SBSR
O Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto (SBSR) é o maior evento
do país sobre geoinformação,
imagens de satélites e demais tecnologias
para observação da Terra. É
promovido a cada dois anos pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Sociedade de
Especialistas Latino-americanos em Sensoriamento
Remoto (SELPER). Em sua décima-quarta edição,
são esperadas 1.500 pessoas no Centro de
Convenções de Natal (RN) entre os
dias 25 e 30 de abril.
+ Mais
Proteção dos conhecimentos
indígenas em discussão no Museu Goeldi
22/04/2009 - O Parque Zoobotânico,
do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT),
abriga, hoje (22), a oficina "Proteção
dos Conhecimentos Indígenas". Organizada
pelo Governo do Estado, a oficina, que acontece
no Espaço Raízes, é uma realização
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema),
em parceria com o Núcleo Inovação
e Transferência de Tecnologia (NITT) e Área
de Antropologia, do Museu Goeldi.
Direcionada às lideranças
indígenas e aos gestores que trabalham com
povos indígenas no Pará, a oficina
tem por intuito discutir o sistema jurídico
atual de proteção dos conhecimentos
tradicionais dos povos indígenas e populações
locais, por meio dos enfoques de patrimônio
cultural e patrimônio genético. A idéia
é propiciar aos participantes um entendimento
acerca da atual legislação sobre o
tema e a respeito da defesa de seus direitos, ciência
de seus deveres e influência na discussão
da implementação da legislação.
+ Mais
Museu lança a primeira
biografia de Emílio Goeldi no Brasil
24/04/2009 - O Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG/MCT), em Belém
(PA), lança hoje (24) o livro Emílio
Goeldi (1859-1917): a ventura de um naturalista
entre a Europa e o Brasil pela EMC Edições,
de autoria do historiador Nelson Sanjad. Trata-se
da primeira biografia de um dos mais importantes
cientistas do Brasil, pioneiro nos estudos da biodiversidade
amazônica.
O livro é dividido em duas
partes. Na primeira, Sanjad traça o roteiro
de viagens de Emílio Goeldi, da Suíça,
onde nasceu, ao Rio de janeiro, para onde se transferiu
em 1884. Por seis anos, trabalhou na Seção
Zoológica do Museu Nacional. Nessa instituição,
Goeldi desenvolveu estudos no âmbito da zoologia
agrícola, particularmente sobre uma praga
que assolava os cafezais do vale do Paraíba
do Sul. Após a Proclamação
da República, Goeldi e outros cientistas
estrangeiros foram obrigados a se demitir do Museu
Nacional.
O zoólogo passou a trabalhar
com o sogro na administração de uma
colônia de imigrantes suíços
em Teresópolis (RJ), mas não foi bem
sucedido. Em 1892, a colônia já havia
falido. Em 1894, Goeldi foi contratado pelo governador
do Pará, Lauro Sodré, para reformar
e dirigir o antigo Museu Paraense, fundado em 1866,
mas pouco ativo. Goeldi dirigiu o Museu Paraense
por 13 anos, transformando-o numa das mais produtivas
instituições científicas de
sua época. Sua administração
destaca-se por ter introduzido a Amazônia
no circuito científico internacional e pela
ativa participação no Contestado Franco-Brasileiro
(1897-1900), que garantiu ao Brasil a maior parte
do estado do Amapá. Em 1907, Goeldi retornou
à Suíça, vinculando-se à
Universidade de Berna. Faleceu dez anos depois.
Na segunda parte o autor explora
o campo intelectual onde Goeldi atuou, da pesquisa
científica à divulgação
científica. Sanjad demonstra que os estudos
de Goeldi transitaram entre uma disciplina tradicional,
a taxonomia, e as novas teorias da evolução
que surgiam no final do século 19. Seus estudos
também se voltaram para disciplinas científicas
que surgiram no início do século 20,
como a zoologia agrícola e a entomologia
médica.
Nesse último aspecto, foi
pioneiro na pesquisa sobre as espécies de
mosquitos e de moscas associadas à transmissão
de doenças na Amazônia. Goeldi também
contribuiu nas áreas da arqueologia, etnologia
e história, particularmente de populações
indígenas amazônicas. A atuação
do zoólogo como divulgador da ciência
foi notável, com larga produção
de textos, palestras e exposições.