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DESEMBARGADOR DIZ QUE DESOCUPAÇÃO DE TERRA INDÍGENA SERÁ FEITA SEM VIOLÊNCIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2009

Desembargador diz que desocupação de terra indígena será feita sem violência

30 de Abril de 2009 Boa Vista - Em uma reunião com representantes de órgãos federais, o presidente do Tribunal Regional da 1ª Região, desembargador Jirair Meguerian, acertou hoje (30) os últimos detalhes para a desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol pelos não-índios. O prazo dado pela Justiça para a saída pacífica termina nesta quinta-feira.

“Se não houver resistência violenta, não será utilizada a violência em nenhuma hipótese”, afirmou o desembargador.

Meguerian informou que conduzirá pessoalmente a retirada de dois pecuaristas idosos – Lawrence Hart e Adolfo Esbell – que passaram a vida na região e se recusam a deixar a área. “Amanhã, se ainda estiverem lá, vou visitar as famílias, conversar com eles, expor a situação e tentar persuadi-los a se retirarem pacificamente.”

Quanto aos produtores de arroz, que prometem ficar nas fazendas, Meguerian disse que eles terão de deixar a área impreterivelmente amanhã (1º). ”A Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] vai ficar com a plantação, colher e indenizar, se for o caso. Amanhã darei início á execução forçada da sentença e as autoridades entrarão nas fazendas para ocupá-las”, afirmou.
Marco Antonio Soalheiro

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Gilmar Mendes diz que prorrogação de prazo para desocupar Raposa depende de relator

30 de Abril de 2009 Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse hoje (30) que qualquer decisão para estender o prazo de desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol pelos produtores de arroz caberia ao relator da matéria na Corte, ministro Carlos Ayres Britto.

Durante visita ao Senado pela manhã, disse que se Ayres Britto achasse necessário poderia levar a questão novamente à apreciação da Corte. O prazo para a saída dos rizicultores termina hoje.

Segundo Gilmar Mendes, durante o julgamento no STF foi acordado, por sugestão sua, que a desocupação fosse feita “de forma exclusivamente judicial e não administrativa, como aconteceu em outro momento”. Sugeriu na ocasião também, segundo ele, que o relator se articulasse com o Tribunal Regional Federal de Roraima para o cumprimento da decisão.

O presidente do STF disse que a desocupação foi acertada com as lideranças e a Justiça local, "dentro de um consenso".
Lourenço Canuto

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Fazenda de Quartiero será desocupada em condição de terra arrasada

30 de Abril de 2009 Fazenda Depósito (Terra Indígena Raposa Serra do Sol) - Da porteira de entrada, a Fazenda Depósito, área de 4,5 mil hectares que era ocupada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, pelo rizicultor Paulo César Quartiero, parece ter sido alvo de uma explosão. Destroços da sede e de galpões estão espalhados pela terra. Em meio a concreto e tijolos partidos, é possível identificar pedaços de privadas, telhas e azulejos quebrados.

Alguns funcionários vão concluir hoje (30) a retirada das últimas máquinas. Só ficarão estacas e arames. A ordem do produtor foi não deixar praticamente nada de que os índios possam aproveitar. Ordem cumprida e apoiada pelos empregados. Depois de retirados móveis e utensílios que poderiam ser aproveitados em outra construção, tratores derrubaram tudo.

“Tinha banheiro, quarto com ar condicionado e poços artesianos. Tiramos tudo porque a cultura deles [índios] é ficar debaixo das malocas de palha e buscar água nos rios. Se queriam viver isolados, não precisam dessas coisas” , afirmou Anderson Borges, de 30 anos, um dos funcionários da fazenda. “Infelizmente não deu tempo de destruir as estradas”, acrescentou.

A concordância dos empregados com a destruição se explica pela revolta que sentem diante da perspectiva de perder o emprego e até a moradia, já que alguns ficavam direto na fazenda. O patrão ainda estuda outras áreas para voltar a cultivar arroz e deverá, ao menos temporariamente, abrir mão de parte da mão-de-obra. Os empregados disseram ganhar dois salários mínimos, mais gratificações.

“Vamos caçar um lugar para ficar em Boa Vista. Ou vamos para debaixo da ponte ou vamos tomar a sede do CIR (Conselho Indígena de Roraima). Eles vêm para cá ficar isolados e a gente vai para lá”, ironizou Borges.

A preocupação com os efeitos do desemprego, entretanto, é real. Nilo Carlos, outro funcionário, de 38 anos e três filhos, criticou a postura do governo federal, de apenas garantir o seguro-desemprego para quem deixar de trabalhar: “Isso é uma vergonha para o país. O governo desempregar as pessoas para depois querer dar esmola”.

“Tinha pai que pagava faculdade de filho com o dinheiro daqui. Como fica isso?”, questionou Borges.

Independentemente do mérito das motivações, a ação dos últimos dias na Fazenda Depósito pode se configurar como crime, uma vez que a indenização pelas benfeitorias do local já teria sido depositada em juízo pela Fundação Nacional do Índio. O Ministério Público Federal vai apurar e indicar os culpados.

Na outra área ocupada por Quartiero na reserva, a Fazenda Providência, de 5 mil hectares, a situação é diferente. O produtor alega ainda ter lá pelo menos 400 hectares plantados e insiste em permanecer por mais 30 dias para finalizar a colheita e sair pacificamente. O prazo dado pela Justiça para a desocupação, entretanto, termina hoje, e, se não houver uma prorrogação, a partir de amanhã Quartiero e funcionários poderão ser retirados à força da fazenda pela Polícia Federal.
Marco Antonio Soalheiro

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Governo vai colher arroz e cuidar do gado que restar na Raposa após saída de não-índios

29 de Abril de 2009 Brasília - A um dia do fim do prazo para a retirada dos não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Jirair Megueriam, detalhou hoje (29) como será a conclusão da retirada dos rizicultores a pequenos agricultores, que ainda ocupam a área. O desembargador espera uma saída pacífica, mas não descarta a participação da Polícia Federal na retirada, caso haja resistência violenta por parte dos ocupantes.

Mengueriam esteve na terra indígena na última semana e conversou com as 36 famílias de não-índios, que ainda permaneciam na região. Uma parte aceitou transferência para casas populares em um bairro na periferia de Boa Vista, capital do estado, e às outras foram oferecidos lotes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima). “Tecnicamente não há motivos para não deixarem a área”, disse o magistrado. Ele negou que tenha havido coação das famílias para que assinassem o compromisso de saída da reserva. “Ninguém foi coagido. Tudo foi feito de acordo, conversado”.

Ontem (28), alguns parlamentares, que também estiveram na reserva, apresentaram ao ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, a situação de famílias que não teriam para onde deslocar um rebanho de cerca de 12 mil cabeças de gado. O desembargador afirmou que o suposto impasse “parece justificativa para não se cumprir a decisão do STF” e afirmou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) vai garantir a guarda do rebanho – de 8,5 mil cabeças, segundo o TRF – até que os proprietários possam removê-los do local.

“A Funai está contratando vaqueiros que cuidarão desse gado, até que os donos possam retirá-lo da área. O governo vai assumir responsabilidade de guarda e as pessoas vão lá, com escolta da Funai, se for preciso, para retirar o gado no tempo que for necessário”, detalhou.

Outra possibilidade, segundo Mengueriam, seria a compra do rebanho pelo governo e posterior distribuição entre os indígenas, hipótese menos provável até agora.

Em relação ao arroz plantado por alguns produtores e utilizado como argumento para que o STF estendesse o prazo de retirada até o fim da colheita, em maio, Mengueriam reafirmou que o governo pretende comprar a produção. “A Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] está realizando levantamento, vai realizar a colheita e os proprietários serão indenizados”, afirmou.

O desembargador vai acompanhar a retirada de dentro da Terra Indígena, com mais dois juízes auxiliares e pretende atuar pessoalmente no “convencimento” dos que insistirem em descumprir a decisão da Justiça. “Farei o possível e o impossível para evitar violência entre as partes”, acrescentou.

Em caso de reação violenta dos ocupantes, Mengueriam disse que tomará as medidas previstas em lei para o cumprimento da decisão judicial. “Ou seja, a execução forçada da decisão, que não necessariamente será feita pela polícia”. A ação policial só será requisitada em caso de “resistência com violência”.

A Polícia Federal e Força Nacional de Segurança estão na área para atuar em caso de conflito durante a retirada.
Luana Lourenço

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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