Panorama
 
 
 

ÍNDIOS ACAMPAM NA ESPLANADA E PEDEM APROVAÇÃO DO ESTATUTO DOS POVOS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2009

4 de Maio de 2009 - Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Elza Fiúza/Abr - Brasília - Os líderes indígenas Ramão Terena, Marcos Xucuru e Anastácio Peralta dão entrevista coletiva sobre o Acampamento Terra Livre, montado na Esplanada dos Ministérios
Brasília - A criação de um sistema de ensino educacional específico para crianças indígenas e a garantia de revisão e novas demarcações de terras estão entre os itens da proposta de Estatuto dos Povos Indígenas que as lideranças de mais de 150 etnias pretendem entregar para parlamentares do Senado e da Câmara até sexta-feira (8), quando se encerra o Acampamento Terra Livre.

“Nós, ao longo dos anos, temos tentado destravar a pauta do Congresso Nacional. O projeto que hoje se encontra no Congresso não condiz mais com a nossa realidade, porque ele tramita lá há 14 anos”, afirmou em entrevista coletiva o líder da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Marcos Xukuru.

Segundo ele, outros assuntos que preocupam os índios são a mineração dentro das terras demarcadas, a gestão dos recursos hídricos, a falta de assistência à saúde e a criminalização e assassinato de militantes da causa indígena e dos próprios índios. “Nós conseguimos poder de veto em políticas de recursos hídricos, mas temos um problema porque a Casa Civil não reconhece esse direito e continua tocando projetos de hidrelétricas sem nos ouvir”, acusou Xukuru.

Os projetos energéticos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também foram atacados pelo líder da Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal (Arpipan), Marcos Apurinã.

“O grande projeto chamado PAC atinge diretamente as terras indígenas. Eles dizem que é indireto, mas nós somos nômades, para nós não existe atingir indiretamente. Existem mais de 40 projetos de hidrelétricas que vão inundar as nossas terras”, acusou o líder.

Os índios reunidos na Esplanada – cerca de 250 acampados lá, fora os que comparecem ao longo do dia, mas não ficam para dormir – também reclamam da violência no campo e da criminalização das lideranças. O principal exemplo, segundo eles, acontece em Mato Grosso do Sul, nas terras Guarani Kaiowá, onde estavam 42 dos 60 índios assassinados no ano passado, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

A região, que é foco de conflitos porque os índios pedem a revisão da demarcação, também é palco de um outro problema, os suicídios. Em 2008, 34 índios, a maioria deles adolescentes ou jovens, se mataram nas terras Guarani Kaiowá, dado que significa 100% dos suicídios de indígenas no Brasil naquele ano.

“Eles não têm expectativa de melhora, não têm esperança de que as coisas vão mudar. Nos últimos 30 anos aconteceram as mesmas coisas: morte, desnutrição, invasão da região pela soja e pela cana”, explicou o líder da Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul), Kretã Kaingang.

Segundo ele, a terra em que vivem os Kaiowá foi demarcada antes da Constituição de 1988 e, por isso, a demarcação não contempla diversos direitos previstos na nova carta. Os Guarani Kaiowá reivindicam a ampliação do espaço porque dizem que há falta de comida na região devido ao crescimento da população.

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Acampamento indígena na Esplanada teve participação recorde, diz coordenador

8 de Maio de 2009 - Da Agência Brasil - Brasília - Os mais de 1,2 mil índios que ocupam desde segunda-feira (4) a Esplanada dos Ministérios voltam para suas terras no fim da tarde de hoje (8). O resultado do 6º Acampamento Terra Viva é considerado positivo pelos organizadores. Em 6 anos de movimento, este foi o de maior engajamento da população indígena brasileira, cerca de 160 etnias estiveram presentes.

“O nosso povo hoje está mais consciente do movimento indígena e da sua participação”, afirma o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Mato Grosso do Sul (Arpipan), Ramão Terena.

Do ponto de vista político, a avaliação não é tão positiva. A necessidade de anualmente revindicar os direitos indígenas é sinal da falta de ações políticas para proteger os direitos da índios. “Estamos cansados de entregar cartas, a gente quer ação. Documentos, a gente já entregou muito. Agora, queremos ação”, diz Terena.

Durante a semana, o ministro da Justiça, Tarso Genro, visitou o acampamento e recebeu vários documentos, solicitando providências para problemas de cunho fundiário. A questão da demarcação de terras é a mais questionada pelos índios. As terras guarani, na região do Mato Grosso do Sul tem prazo até 30 de julho para ser demarcada.

Segundo o representante da Diretoria de Assuntos Fundiários da Fundação Nacional do Índio (Funai), Aluísio Azenha, o processo para demarcação da região será realizada a tempo. “O processo não está parado. Em junho, os antropólogos voltam a campo para a última etapa dos levantamentos”. Azenha esteve no acampamento para informar os índios a respeito dos processos de demarcação de terras indígenas.

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Famílias que estão prestes a deixar reserva reclamam de reassentamentos oferecidos

2 de Maio de 2009 - Marco Antonio Soalheiro - Enviado Especial - Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) - Famílias de não-índios que já deixaram a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) ou que estão prestes a sair da reserva criticam as opções de reassentamento oferecidas pela União. Parte dos ex-moradores da reserva foi realocada no Projeto de Assentamento Nova Amazônia, área rural próxima à Boa Vista, e outra em casas populares novas no Bairro Cidade Satélite, na periferia da capital de Roraima. Lá, as casas ainda estão sem água e luz.

“O governo acha que somos porcos”, criticou Alaíde Rebouças, 47 anos, que morava com a mãe na Vila Surumu, onde tinham um pequeno comércio e uma casa que foram avaliados em R$ 40 mil. Segundo ela, o mais justo seria receber R$ 80 mil, mais um valor pelo lucro que deixarão de ter com o fechamento do comércio.

Vanda Batista, de 53 anos, mora em um pequeno sítio na Raposa, em uma área de difícil acesso, e não saiu ainda da terra indígena porque está doente e pediu ajuda de transporte. Mas o seu maior desejo é conseguir provar a descendência indígena para não ter de ser reassentada. “Nesse bairro [Cidade Satélite], até se eu estivesse morta num caixão, eu levantaria e sairia de lá, onde a luz é só a do sol”, disse Vanda.

O presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, desembargador Jirair Meguerian, responsável por supervisionar a desocupação da reserva, minimizou as críticas às opções de reassentamento. Ele prometeu que os serviços de água e energia elétrica estarão em pleno funcionamento nas casas do Cidade Satélite na próxima segunda-feira (4) e ressaltou que as casas populares do bairro serão melhores do que as deixadas pelas famílias na Raposa.

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Justiça autoriza produtores a terminarem colheita de arroz na Raposa Serra do Sol

4 de Maio de 2009 - Marco Antonio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto autorizou que funcionários de rizicultores voltem às fazendas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, para colher o restante da safra de arroz, sob fiscalização da Polícia Federal. Eles terão 10 dias para concluir o trabalho, a partir da próxima quarta-feira (6). O ministro fez a concessão devido à incapacidade de órgãos da União em ficar responsáveis pela colheita. Os produtores de arroz continuam proibidos de retornar à reserva para que não causem novos problemas para sair.

A autorização atende, em parte, o produtor Paulo César Quartiero, que na última sexta-feira, ao sair da reserva, pediu ao desembargador Jirair Meguerian, presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que pudesse concluir a colheita e, assim, evitar desperdícios e prejuízos. Quartiero só aceitou deixar a reserva após receber do desembargador Meguerian um mandado de desocupação redigido à mão e ficar horas sob a guarda de policiais. Concluída a colheita, os funcionários dos rizicultores deverão sair imediatamente da área.

O arroz será encaminhado para a Associação dos Arrozeiros do Estado de Roraima. A retirada de todos os não-índios e de seus pertences da Raposa Serra do Sol só deve ser concluída no fim da próxima semana. O prazo dado pelo STF para a saída espontânea de não-índios da região terminou em 30 de abril, mas a Fundação Nacional do Índio (Funai) não conseguiu disponibilizar meios de transporte a tempo para as famílias que não tinham condições financeiras de arcar com a retirada de bens. Algumas estão instaladas em locais de difícil acesso.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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