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AMBIENTALISTAS REAGEM À PRESSÃO POR MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2009

Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical é o único do tipo no país e já produziu 13 trabalhos científicos

Macapá, AP, 22 de maio de 2009 — Com 13 dissertações de mestrado defendidas em quase três anos de atividades, o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBio) vem atingindo o objetivo de formar profissionais com uma forte base científica para colaborar com os esforços de promoção da conservação e do uso sustentável da biodiversidade do Amapá. Criado em julho de 2006, através de uma iniciativa da Conservação Internacional (CI-Brasil), da Universidade Federal do Amapá (Unifap), do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Amapá), o PPGBio é referência entre os cursos de pós-graduação da Unifap e o único, entre os programas de pós-graduação de todo o país, voltado para a qualificação específica em biodiversidade tropical.

Nesta sexta-feira (22), Dia Mundial da Biodiversidade, o PPGBio encerra sua disciplina de Biodiversidade comemorando a defesa de trabalhos dos alunos de sua primeira turma de mestrado e a obtenção do conceito 4 pela Capes, considerado um excelente nível para um curso novo.

Entre as dissertações produzidas estão temas que incluem a aplicação de sistema de modelagem de qualidade da água em rios do estado; a estrutura populacional de árvores pioneiras em bordas de floresta; aspectos morfológicos e estudo tecnológico das sementes e plântulas de espécies florestais visando o seu controle; avaliação e compensação financeira pela exploração de recursos minerais no Amapá; e o estudo de aves de savana amazônica no estado, entre outros.

Os alunos da primeira turma de mestrado receberam bolsas de estudo da Conservação Internacional. Em quatro editais lançados para mestrado e doutorado, o programa já recebeu em seu processo seletivo inscrições de 434 candidatos do Amapá e de outros estados do Brasil.

PARCERIAS
São hoje 24 docentes, alguns dos quais responsáveis pela coordenação de projetos de pesquisa aprovados com financiamento de importantes agências de fomento, como CNPq, Finep, Capes, Embrapa, Gordon & Betty Moore Foundation e Latin American Studies Association (Lasa). As agências contribuem para o apoio e desenvolvimento da pesquisa junto aos mestrandos e doutorandos, além de apoiar a estruturação de laboratórios e a realização de atividades gerais de estudos sobre a biodiversidade tropical, como explica Helenilza Cunha, doutora em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do PPGBio.

“As parcerias, como a instituída com o Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (PPG-Eco/Inpa), têm uma parcela de contribuição promissora no intercâmbio de informações e dados que ajudarão a elevar a produção científica dos docentes envolvidos”, explica Helenilza.

Ela observa que a aproximação do PPGBio com cursos de graduação local está sendo fortalecida com a realização de encontros anuais do programa, reunindo interessados nos mini-cursos e simpósios apresentados pelos alunos. É o momento em que eles divulgam suas pesquisas desenvolvidas no mestrado e doutorado.

Este ano, o encontro acontece entre os dias 8 e 10 de junho, na Unifap, quando mestrandos e doutorandos irão ministrar 14 mini-cursos sobre temas como fungos, coleta de invertebrados, manejo de recursos naturais e manejo de açaizais, entre outros.

A produção dos trabalhos também tem contribuído com subsídios para a geração de conhecimentos inéditos sobre a gestão, caracterização e uso sustentável da biodiversidade, além de gerar informações que auxiliam na tomada de decisões governamentais nas esferas municipal, estadual e federal e beneficiam comunidades que vivem em regiões estratégicas. É o caso das reservas extrativistas, unidades de conservação e bacias hidrográficas com potencial econômico e sob impactos de barragem.

O vice-presidente para a América do Sul da Conservação Internacional, José Maria Cardoso, ressalta que o PPGBio é conseqüência direta dos esforços para implementação do Corredor de Biodiversidade do Amapá, uma das maiores iniciativas de conservação da biodiversidade e desenvolvimento em todo o mundo.

O programa também vem preencher uma lacuna importante no desenvolvimento de pesquisas sobre biodiversidade, já que o Amapá ainda possui um volume reduzido de produção científica sobre o próprio estado, ainda que seja o mais preservado do Brasil, com mais de 90% dos seus ecossistemas naturais intactos e 73% de sua área natural transformados em áreas protegidas.

“Estas dissertações contribuirão muito para aumentar o conhecimento sobre o Amapá gerado no próprio Amapá, por instituições do estado. As dissertações apresentam uma grande variedade de temas e todas contribuirão muito para o aprimoramento de políticas públicas inovadoras para a consolidação do Corredor de Biodiversidade do Amapá”, destaca José Maria Cardoso.

Dissertações defendidas pela primeira turma de mestrado do PPGBio:

1- Cassandra Pereira de Oliveira: Análise de cenário agrícola e de conservação para paisagens de cerrado no Amapá.

2- Claudia Funi: Caracterização dos padrões espaciais e temporais de desmatamento na Reserva Extrativista do Rio Cajari, Estado do Amapá, Brasil.

3- Daímio Chaves Brito: Aplicação do sistema de modelagem da qualidade da água em grandes rios: o caso do alto e médio Rio Araguari (AP).

4- Danielle dos Santos Lima: Ocorrência de ariranhas Pteronura brasiliensis (Carnívora: Mustelidae) e interferências antrópicas à espécie no lago Amanã, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (AM).

5- Danielle Mariana Montenegro Herculano da Silva: Macrofauna edáfica, biomassa microbiana e qualidade do solo em sistema alternativo ao uso do fogo na agricultura itinerante da Amazônia.

6- Graciliano Galdino Alves dos Santos: Efeitos de borda obre a estrutura populacional de árvores pioneiras em duas regiões da Amazônia brasileira.

7- Helena Cristina Guimarães Queiroz Simões: Avaliação da compensação financeira pela exploração dos recursos minerais no estado do Amapá.

8- Isaí Jorge de Castro: Assembléia de morcegos (Chiroptera: Mammalia) da Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú, Amapá.

9- Katianne Miranda Gonçalves: Caracterização da dinâmica da comunidade de bacterioplâncton no estuário do rio Amazonas (Canal do Norte-AP).

10- Márcia Bueno: Ipomea carnea Jacq. ssp. fistulosa (Mart. ex Choisy) D. Austin: Caracterização na Rebio Lago Piratuba (AP), aspectos morfológicos e estudo tecnológico das sementes e plântulas visando seu controle.

11- Paulo Marcelo Veras Paiva: Estrutura populacional, produção e regeneração natural de castanheiras na Reserva Extrativista do Rio Cajari-AP.

12- Roberta Lúcia Boss: Aves de uma savana amazônica no estado do Amapá.

13- Zenaide Palheta Miranda: Aspectos morfofisiológicos de Mora paraensis (Ducke) Ducke Leguminoseae – Caesalpionideae.

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Atentado destrói embarcação comunitária em Canavieiras

Grupos contrários à Reserva Extrativista incendeiam canoa doada às associações de pescadores e prejudicam projeto habitacional

Salvador, 22 de maio de 2009 — Na madrugada da última quarta-feira (20/05) cinco canoas de fibra que pertencem à Comunidade Extrativista dos Campinhos, em Canavieiras (586 km de Salvador), foram atacadas por pessoas que se mostram inconformadas com os resultados positivos da Reserva Extrativista (Resex) na região. O grupo, ainda não identificado, espalhou gasolina nas embarcações doadas pela Bahiapesca às associações locais de pescadores e ateou fogo em uma delas, que ficou bastante danificada. As embarcações estavam sendo utilizadas no transporte de materiais de construção para as casas de um programa habitacional do governo, fruto de conquista dos extrativistas da Resex.

A ação criminosa tem indícios de orquestração. Semanas antes, circularam notícias de que opositores da reserva iriam realizar práticas de vandalismo, visando impedir ou dificultar a construção das casas para os pescadores. O ataque é uma demonstração da situação desconfortável dos que se opõem à Resex, diante dos benefícios que a unidade começa a trazer para os extrativistas. A reserva, além de proteger os manguezais e as comunidades que dele vivem, impede a sequência de ações predatórias na região.

Uma comissão composta por lideranças e representantes da comunidade e das colônias de pesca viajou ontem (21/05) para Ilhéus, para registrar denúncia na Delegacia das Capitanias dos Portos, no Ministério Público Federal e na Delegacia da Polícia Federal.,Será solicitada a abertura de inquérito para investigar os desmandos e as intimidações. Para o chefe da Resex Canavieiras, Sérgio Freitas – analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a destruição de patrimônio público e as ameaças a extrativistas são ações pontuais. “Na verdade, trata-se de um ato de desespero diante do enfraquecimento daqueles que tentam nos inibir e amedrontar”.

Na contramão

No mês de abril, um projeto habitacional fruto de parceria entre os governos federal (Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca/Seap), estadual (Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia/Sedur) e a ONG Associação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Amova) iniciou a construção de 85 casas populares destinadas aos extrativistas. Ainda está prevista a construção de outras 60 moradias que contribuirão para a melhoria da qualidade de vida da comunidade local.

Novos empresários do setor de turismo e hotelaria também estão investindo na região e na implementação da Resex, criando uma perspectiva de valorização e preservação dos recursos naturais como produtos turísticos. Por meio de um projeto coordenado pela ONG Conservação Internacional, estes investimentos estão sendo revertidos na construção de embarcações de apoio às comunidades da reserva e em um censo dos extrativistas para o recebimento de benefícios do governo. Outra iniciativa recente, que também tem o apoio do governo estadual, pretende criar capacidade e estrutura para o beneficiamento do pescado proveniente da região, organizando a comercialização desses produtos.

O ato de vandalismo acontece em um dos momentos mais produtivos da Resex Canavieiras, indo de encontro à proposta de pacificação e desenvolvimento sustentável na região.

Resex: importância vital

Localizada no litoral sul da Bahia, a Resex Canavieiras ostenta uma das maiores áreas contínuas de manguezais do estado, sendo considerada uma região de alta importância biológica. A área total demarcada é de 100.600 hectares de reserva, distribuídas em 83.432,23ha de mar e 17.213ha de área continental. Em toda a região predominam extensas áreas de Mata Atlântica não degradada, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta, considerado um hotspot mundial de biodiversidade.

Criada em 2006, a reserva, além de sua importância ambiental, representou a expressão de uma necessidade econômica e sociopolítica, sendo a única forma viável que as comunidades tradicionais encontraram para garantir a sua manutenção e sobrevivência. Com uma estrutura sócio-econômica pouco diversificada, o município de Canavieiras conta com um grande contingente populacional relativo que está à margem de qualquer processo de absorção de mão-de-obra formal. São cerca de 11.000 pescadores e marisqueiras cuja sobrevivência depende do acesso aos recursos naturais do estuário e de sua relação sustentável com esse ecossistema.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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