18 de Maio de 2009 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Roosewelt
Pinheiro/Abr - Brasília - O pesquisador do
Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, Carlos
Nobre, durante o Encontro Nacional Políticas
Públicas pelo Clima: Rumo a Copenhague 2009
Brasília - Pesquisadores do Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia para Mudanças
Climáticas (INTC-MC) vão mapear as
vulnerabilidades de dez megacidades brasileiras
diante dos impactos das mudanças climáticas.
De acordo com o coordenador do instituto, Carlos
Nobre, a finalidade é
identificar os problemas para direcionar as políticas
públicas de adaptação das cidades
e facilitar o cálculo do custo do aquecimento
global para a economia brasileira.
Os mapas deverão indicar
as fragilidades dos centros urbanos diante de impactos
do aquecimento global ligados à saúde
– como o aumento ou surgimento de novas doenças
e a situação das zonas costeiras,
que perderão área com a elevação
do nível do mar. Além disso serão
abordadas as áreas de ecologia urbana, recursos
hídricos e desastres naturais, como as cheias
e secas extremas que têm atingido o país
nos últimos meses.
Com investimento inicial de cerca
de R$1 milhão, o diagnóstico vai começar
pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo,
e os primeiros resultados serão divulgados
em março de 2010. Os estudos para Porto Alegre,
Curitiba, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza,
Belo Horizonte e Belém ainda dependem de
recursos, que estão sendo negociados com
o Ministério do Meio Ambiente, segundo Nobre.
Os mapas serão mais qualitativos
do que quantitativos, de acordo com o pesquisador,
inclusive pela falta de estudos específicos
sobre as cidades para subsidiar o levantamento.
“Por exemplo, para detalhar com mais precisão
os impactos do aumento do nível do mar no
Rio de Janeiro seriam necessários mapas topográficos
com resolução de 1 e 2 centímetros,
os atuais têm resolução de meio
metro [50 centímetros]”, citou.
“É uma maneira de achar
um atalho mais rápido para implementar medidas
que são urgentes. É importante ter
um primeiro mapa para mostrar a direção
aos tomadores de decisão”, acrescentou Nobre,
que também é pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e secretário-executivo
da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças
Climáticas Globais (Rede Clima).
Os resultados poderão subsidiar
políticas de governo locais e nacionais de
investimentos em adaptação para os
impactos do aquecimento global, inclusive o Plano
Nacional sobre Mudanças Climáticas.
Apesar da preocupação
com as cidades, Carlos Nobre argumentou que não
se pode desviar o foco do debate sobre mudanças
climáticas no Brasil decorrentes do desmatamento
da Amazônia, principal fonte de emissões
de gases de efeito estufa do país.
“Reduzindo as emissões
nas cidades não vamos reduzir significativamente
emissões brasileiras. A ênfase na redução
de emissões nas cidades não pode ser
maior que a ênfase na redução
do desmatamento. As cidades têm que ter relacionamento
muito forte com emissões de desmatamento
e de agricultura”, ponderou.
Nobre defende ações
práticas de consumo responsável pelos
moradores das grandes cidades, como o boicote à
madeira sem certificação. “Cerca de
80% da população brasileira é
urbana, o poder está de fato com os habitantes
da cidades”, afirmou.
O pesquisador participou hoje
(18) do Encontro Nacional Políticas Públicas
pelo Clima, organizado pelo Conselho Internacional
de Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei).
Esplanada dos Ministérios
pode passar por "reforma verde"
19 de Maio de 2009 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- A Esplanada dos Ministérios, construída
no fim da década de 1950, pode ganhar uma
reforma "verde", com técnicas de
construção sustentável para
reduzir o consumo de energia e até as emissões
de gases de efeitos estufa dos 16 prédios
que compõem o conjunto. A proposta foi apresentada
hoje (19) durante o seminário Construções
Sustentáveis para uma Nova Economia.
Além da retrofitagem –
processo de modernização – dos prédios
antigos, o projeto inclui a construção
de sete novos edifícios anexos que abrigariam
órgãos do governo federal que atualmente
funcionam em prédios alugados em outras áreas
de Brasília. Para sair do papel, a ideia
deve custar R$1,6 bilhão, financiados por
meio de uma parceria público privada (PPP).
"O governo vai pagar com
o que economizar com o consumo de água e
energia e com projeções imobiliárias
em Brasília", calcula o presidente da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(Cbic), Paulo Simão.
Para se tornar ecologicamente
corretos, os prédios passariam por mudanças
na parte elétrica, para garantir eficiência
energética, inclusão de mecanismos
de economia de água e utilização
de vidros com menor absorção de calor
para reduzir o uso de aparelhos de ar condicionado,
por exemplo.
De acordo com Simão, a
ideia foi discutida pela primeira vez em 2008 durante
uma reunião internacional da Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Segundo Simão,
o projeto é visto pela OIT como uma "grande
contribuição do setor da construção
civil para a criação de empregos verdes".
Simão, que também
é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social (CDES), o Conselhão, órgão
de assessoramento do presidente da República,
disse que já apresentou o projeto ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e à ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Roussef, e que tem apoio do
Ministério do Meio Ambiente.
Esta semana, o empresário
deve discutir a "reforma verde" com o
ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A pasta
é responsável pela gestão do
patrimônio imobiliário da União.
O Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan) ainda não
foi consultado.
"Os edifícios da Esplanada
são prédios de 50 anos, que têm
tudo a ver com a anti-sustentabilidade. Podemos
criar um exemplo mundial", disse.
Durante o seminário, empresários,
representantes de governos, da sociedade civil e
de universidades apontaram os principais gargalos
da construções sustentáveis
no Brasil, entre eles a falta de escala na produção
de materiais de construção com menos
impactos ambientais – como sistemas alternativos
de aproveitamento de energia – e os baixos investimentos
no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor.