10 de
Junho de 2009 Carrefour, Wal-Mart e Pão de
Açúcar suspendem compras de frigoríficos
envolvidos no desmatamento da Amazônia
Manaus (AM) — Em nota assinada
pela Associação Brasileira de Supermercados
(ABRAS), empresas anunciaram a suspensão
de compras de produtos bovinos de 11 empresas frigoríficas
do estado do Pará
Pão de Açúcar,
Walmart e Carrefour, em nota também assinada
pela Associação Brasileira de Supermercados
(ABRAS) anunciaram a suspensão de compras
de produtos bovinos de 11 empresas frigoríficas
do estado do Pará, incluindo a Bertin, por
não terem garantias de que a carne não
vem de áreas desmatadas na Amazônia.
A decisão é resultado da ação
civil pública (ACP) do Ministério
Público Federal (MPF) no Pará, que
encaminhou, na semana passada, recomendação
às grandes redes de supermercados e outros
72 compradores de produtos bovinos para que parem
de comprar carne proveniente da destruição
da floresta. O descumprimento do pedido pode resultar
em multa de R$ 500,00 por quilo de produto comercializado.
A medida dos varejistas também
foi resultado do relatório sobre a pressão
que o gado exerce sobre a Amazônia, lançado
há apenas dez dias. “A ação
é um repúdio às práticas
denunciadas pelo Greenpeace. O setor supermercadista,
através da Abras não irá compactuar
com as ações denunciadas e reagirá
energicamente”, diz a nota. “Os frigoríficos
que atuam na Amazônia precisam se comprometer
imediatamente a parar de comprar gado de fazendas
que desmatam”, disse André Muggiati, do Greenpeace.
Os supermercados solicitaram
aos frigoríficos que apresentem ao Ministério
Público um plano de auditoria socioambiental,
realizado por empresa independente, sobre a origem
do gado que comercializam. O MPF já havia
pedido aos supermercados e empresas notificadas
que implementem sistemas de identificação
sobre a origem do produto bovino.
Além disso, o Ministério
Público Federal pretende ampliar as ações
de combate ao desmatamento com responsabilização
da cadeia produtiva da pecuária para outros
estados da Amazônia, como Mato Grosso e Rondônia.
O Greenpeace lançou na
semana passada o relatório “A Farra do Boi
na Amazônia” apontando a relação
entre empresas frigoríficas envolvidas com
desmatamento ilegal e trabalho escravo com produtos
de ponta comercializados no mercado internacional.
Para piorar, o governo brasileiro financia e tem
participação acionária nas
principais empresas pecuárias que atuam na
Amazônia. O frigorífico Bertin é
uma das empresas apontadas pelo Greenpeace como
responsáveis pela compra de gado de fazendas
que desmataram ilegalmente a floresta Amazônica,
distribuindo no Brasil e mundialmente os produtos
derivados dos animais.
Leia abaixo a nota dos supermercados:
ABRAS repudia práticas
denunciadas pelo Greenpeace.
Wal-Mart, Carrefour e Pão
de Açúcar suspendem as compras de
fazendas envolvidas no desmatamento da Amazônia
e deverão trabalhar com auditoria de origem.
Em reunião realizada na
Associação Brasileira de Supermercados
(Abras), no dia 8 de junho, as três maiores
redes de supermercados do País, Carrefour,
Wal-Mart e Pão de Açúcar decidiram
suspender as compras das fazendas envolvidas no
desmatamento da Amazônia. A ação
é um repúdio às práticas
denunciadas pelo Greenpeace. O setor supermercadista,
através da Abras não irá compactuar
com as ações denunciadas e reagirá
energicamente.
A posição definida
pelas empresas inclui notificar os frigoríficos,
suspender compras das fazendas denunciadas pelo
Ministério Público do Estado do Pará
e exigir dos frigoríficos as Guias de Trânsito
Animal anexadas às Notas Fiscais. Como medida
adicional, as três redes solicitarão,
ainda, um plano de auditoria independente e de reconhecimento
internacional que assegure que os produtos que comercializam
não são procedentes de áreas
de devastação da Amazônia.
Trata-se de uma resposta conjunta
setorial ao relatório publicado pelo Greenpeace
no início deste mês e conseqüente
ação civil pública do Ministério
Público Federal do Pará, que encaminhou
recomendação às grandes redes
de supermercados e outros 72 compradores de produtos
bovinos para que deixem de comprar carne proveniente
da destruição da floresta.
+ Mais
Agora é com os chefes de
estado
12 de Junho de 2009 Ativistas
do Greenpeace soaram sirenes por mais de duas horas
em Bonn, ao final da reunião da ONU sobre
clima em Bonn, para alertar sobre a importância
de se ter um acordo climático firme e urgente
para evitar as piores consequências das mudanças
climáticas.
Bonn, Alemanha — Mais uma rodada de negociações
climáticas terminou sem avanços significativos.
Um acordo forte depende do envolvimento pessoal
dos governantes.
Terminou hoje (12/6), em Bonn
(Alemanha), sem nenhum avanço significativo,
mais uma rodada das negociações preparatórias
para a Conferência do Clima, que será
realizada em Copenhagen (Dinamarca), no final do
ano. O Greenpeace agora apela aos líderes
mundiais que assumam pessoalmente a responsabilidade
pelo acordo climático.
"O clima do planeta já
está sofrendo alterações, não
precisamos de mais evidências de que medidas
urgentes são necessárias. Para recuperarmos
o ritmo lento das negociações pré-Copenhagen
e fecharmos um acordo forte em dezembro será
preciso a intervenção pessoal do presidente
Lula e dos demais chefes de estado", disse
o diretor de campanhas do Greenpeace, Sérgio
Leitão.
"O que está em jogo
é a vida de milhares de pessoas, principalmente
as mais pobres, que sofrerão com os impactos
das mudanças climáticas", disse
Leitão.
Para o diretor de política da campanha de
Clima do Greenpeace Internacional, Martin Kaiser,
o encontro do G8, que nos dias 8 e 9 de julho vai
reunir em Roma os líderes dos países
mais ricos do mundo, será uma grande oportunidade
para que se reverter o rumo das negociações.
"Os chefes de estado dessas
nações devem aproveitar para se comprometer
a cortar emissões e financiar os países
em desenvolvimento", afirmou.
À sociedade cabe pressionar
seus governantes.
"É preciso o engajamento
de toda a sociedade. Nossos governantes não
podem agir em nome de interesses próprios
quando o que está sendo negociado é
o nosso futuro", afirmou João Talocchi,
coordenador da campanha de Clima no Brasil, que
acompanhou as negociações em Bonn.
Em alto e bom som – Na quinta-feira
(11/6), ativistas do Greenpeace dispararam sirenes
durante duas horas e meia, nas imediações
da reunião em Bonn, lembrando a urgência
das medidas de combate às mudanças
climáticas.
"Há um grupo de países
que claramente não tem intenção
alguma de salvar o planeta das mudanças climáticas",
disse Kaiser, do Greenpeace internacional.
"Estados Unidos, Austrália,
Nova Zelândia, Japão e Canadá
estão agindo como se não existisse
uma crise climática mundial, colocando seus
próprios interesses acima de uma emergência
global."
Para termos alguma chance de evitar
um aumento da temperatura global de 2ºC – limite
para que as mudanças climáticas não
sejam irreversíveis -, estes países
devem cortar 40% de suas emissões, relativas
a 11000, até 2020. E até 2050, precisam
praticamente eliminar as suas emissões de
gases de estufa. Com as metas anunciadas até
agora, a temperatura média global subiria
3ºC ou mais.
Na semana passada, uma coalizão
inédita de ONGs apresentou um documento com
o conteúdo que deveria ser o acordo de Copenhagen.
Intitulado Tratado do Clima de Copenhagen, o documento
foi proposto pelo Greenpeace, WWF, IndyACT – a Liga
independente dos Ativistas, Germanwatch, Fundação
David Suzuki, Centro de Ecologia Nacional da Ucrânia
e sugere o corte de 40% das emissões até
2020 e 95%, até 2050.