Panorama
 
 
 

MINISTÉRIO PÚBLICO PEDE SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DA INB EM CAETITÉ

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2009

09 de Junho de 2009 Água entregue foi coletada em Caetité, na Bahia, onde a INB opera uma mina de urânio.
São Paulo (SP), Brasil — A mineração de urânio na região ficaria paralisada até que sejam garantidas a proteção da população e do meio ambiente.

O Ministério Público Federal (MPF) na Bahia ajuizou na última quinta-feira (dia 4/6), na Justiça Federal de Guanambi (BA), uma ação civil pública com pedido de liminar para que a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) interrompa suas atividades de mineração de urânio na região até que a segurança da população e do meio ambiente esteja garantida. A ação requer ainda a separação entre a promoção e a fiscalização das atividades nucleares, hoje a cargo de um mesmo órgão - a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O MPF/BA exige ainda que, durante o período de suspensão das atividades da INB em Caetité, os empregos dos trabalhadores da empresa sejam mantidos, bem como o pagamento de seus salários e benefícios.

A União e a Cnen devem também, segundo a ação do MP, pagar a realização de uma auditoria independente sobre as atividades da INB na região, e o Ibama suspender eventual licença ambiental existente - e não conceder outra - enquanto a INB não atender os pedidos da ação civil pública.

Em maio passado, a Justiça determinou que a INB, o governo da Bahia e os municípios de Caetité e Lagoa Real providenciassem água potável às populações da região.

A ação do MPF na Bahia tem como base relatórios, pareceres e documentos elaborados nos últimos anos por instituições técnico-científicas, poderes Legislativo e Executivo da Bahia, além do Greenpeace e representantes das comunidades locais e entidades sociais e ambientais da Bahia.

O Greenpeace denunciou, em outubro de 2008, a contaminação de dois poços d'água de Caetité por urânio na área de influência direta da mina de urânio administrada pela INB. Uma das amostras de água apresentou concentrações de urânio sete vezes acima do limite indicado pela OMS e cinco vezes acima do limite estipulado pelo Conama. A outra amostra continha o dobro do limite estabelecido pela OMS e estava acima do índice Conama.

O resultado da denúncia do Greenpeace foi publicado no relatório Ciclo do Perigo.

A ação do MPF/BA requer ainda que a INB, União Cnen e Ibama sejam condenados a pagar indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 50 milhões, a ser recolhido ao Fundo Nacional dos Direitos Difusos - ou conta judicial específica para utilização em projetos socioeconômicos em benefício da população de Caetité e região. O dinheiro poderá, também, ser parcialmente destinado para eventual indenização às pessoas que, em habilitação própria, demonstrem prejuízos sofridos em decorrências das atividades das INB no município baiano.

Número da ação para consulta processual n° 2009.33.09.000761-3.

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Contaminação em Caetité: capítulo a capítulo

08 de Junho de 2009 Ativistas do Greenpeace instalam balsa flutuante com quatro turbinas eólicas simbólicas em frente às usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ) para protestar contra os investimentos do governo brasileiro na construção de Angra 3, enquanto o potencial eólico do país é desprezado.
São Paulo (SP), Brasil — Desde que denunciamos, em outubro de 2008, a contaminação da água em Caetité (BA) por urânio, temos exposto os muitos equívocos do programa nuclear brasileiro. Agora a Justiça decidiu obrigar a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – responsável pela mineração de urânio em Caetité -, o governo da Bahia e os municípios de Caetité e Lagoa Real a tomar providências urgentes para fornecer água livre de radioatividade à população local (ver aqui).

A decisão atende às reivindicações de organizações e movimentos sociais que denunciam há mais de 20 anos os riscos da mineração de urânio pela INB na região, bem como a omissão dos poderes públicos para apurar a fonte e a extensão da contaminação e a falta de fiscalização.

Entenda o caso da contaminação da água de Caetité:

Em outubro de 2008, o Greenpeace, publicou o relatório Ciclo do Perigo, denunciando a contaminação de dois poços de água usados para abastecimento familiar de comunidades que vivem na zona de influência direta da mina de urânio administrada pela empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caetité, no sudeste da Bahia. Uma das amostras de água apresentou concentrações de urânio sete vezes acima do limite indicado pela OMS e cinco vezes acima do limite estipulado pelo Conama. A outra amostra continha o dobro do limite estabelecido pela OMS e estava acima do índice Conama.

Além da denúncia, o Greenpeace juntamente com representantes das comunidades locais e de entidades sociais e ambientais da Bahia pediram ao Ministério Público Federal da Bahia a realização de investigação independente sobre a fonte e extensão exatas da contaminação da água por urânio, entre outras providências. O Greenpeace também acionou o Instituto de Gestão das Águas do Estado da Bahia (Inga), órgão responsável pelo controle da qualidade da água para o governo estadual.

Após a realização de uma audiência pública em Caetité em novembro de 2008, o Ministério Público Federal (MPF) da Bahia acatou a denúncia e decidiu investigar os impactos sociais e ambientais das atividades da INB. O MPF instaurou uma auditoria independente que começou seus trabalhos de campo em dezembro e que deve durar cerca de um ano, segundo informações dos procuradores. O MPF vai solicitar que a INB arque os custos desta auditoria independente. Além disso, o MPF condicionou a liberação da ampliação das atividades da INB em Caetité à conclusão dos estudos de saúde da população local e da auditoria independente.

Apesar de afirmar que realiza "milhares de testes" na região, a INB nunca apresentou dado algum do monitoramento que diz fazer da qualidade da água da região. A falta de transparência foi o problema mais destacado durante a audiência pública.

Já o Instituto de Gestão de Águas da Bahia (Inga), na semana seguinte à denúncia, incluiu a região de Caetité no seu programa permanente de monitoramento da qualidade da água e passou a realizar estudos em fontes de água usadas pela população do município para consumo próprio, animais e lavoura. Tais estudos vêm sendo realizados com a periodicidade de dois meses.

Segundo dados do Inga, a primeira análise foi feita em outubro de 2008 em sete poços. Um dos poços apresentou contaminação por urânio quase 5 vezes acima do limite estabelecido pelo Conama. O poço, utilizado para consumo por 5 familias, está localizado na mesma propriedade em que o Greenpeace encontrou contaminação por urânio. Confirmada a contaminação, as autoridades estaduais interditaram o poco.

A segunda análise foi feita pelo Inga em janeiro de 2009 em apenas dois novos pontos e não acusou contaminação. O poço que havia apresentado contaminação em outubro não pôde ser analisado, porque o dono da propriedade impediu o acesso dos técnicos do Inga. Na terceira análise, de fevereiro de 2009, nenhum poço novo foi estudado. Os pontos de onde foram coletadas as amostras continuaram apresentando traços de urânio dentro dos limites da Resolução Conama 357/05.

A inclusão da região de Caetité no monitoramento permanente do Inga é importante porque vai ajudar a entender melhor a real situação da região e a origem da contaminação. Segundo a diretoria de Monitoramento e Informação do Inga, “para fazer essa comprovação, seriam necessários estudos mais aprofundados, que deveriam ser concluídos em até seis meses. Ainda não foi possível avaliar o causador da contaminação em Caetité. Os resultados preliminares não indicam se a contaminação encontrada foi provocada pela atividade de mineração da INB ou se é natural, devido à presença do urânio no solo da região.”

É por isso que apenas a auditoria independente prometida pelo Ministério Público Federal vai mapear de fato os impactos sociais, na saúde e ambientais da operação da INB na região. O Greenpeace continua acompanhando o caso e trabalhando junto ao MPF e à população de Caetité para garantir que a denúncia seja apurada até o fim. Com o apoio da Paróquia de Caetité e da Comissão Pastoral da Terra, os comunitários que vivem no entorno da INB se mobilizaram e contrataram um advogado para representá-los e defender seus direitos.

Para fazer valer a lei, O juiz de Direito da Comarca de Caetité, determinou que a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o Estado da Bahia e os municípios de Caetité e Lagoa Real adotem providências urgentes para garantir o fornecimento de água potável às famílias que vivem no entorno da mineração de urânio na região e investiguem a relação da exploração de urânio e a contaminação radioativa da água , com multa diária de R$ 5 mil, caso as determinações não sejam cumpridas.

Enquanto isso, o Greenpeace continua em campanha contra o Programa Nuclear Brasileiro. Em março, durante a expedição “Salvar o Planeta: É agora ou agora!”, realizou uma marcha nas ruas do centro de Salvador para alertar a população sobre a 'cegueira nuclear' do governo federal e dos riscos inerentes à esta tecnologia. Mais de 200 pessoas participaram do ato, que contou com a presença de cerca de 20 representantes da comunidade de Caetité.

No mesmo mês, especialistas discutiram custos e impactos ambientais da energia nuclear a bordo do navio Arctic Sunrise no Rio de Janeiro. Na ocasião, foi lançada a versão em português do relatório Fracassos Nucleares Franceses e um documento com o histórico nuclear brasileiro. O seminário demonstrou como é arriscado investir na aventura nuclear, principalmente através da cooperação que vem se consolidando nos últimos três anos entre França e Brasil.

Em abril, um grupo de ativistas usou uma plataforma flutuante carregando 4 turbinas eólicas simbólicas para protestar diante das usinas nucleares de Angra dos Reis. O objetivo do protesto foi provocar o debate sobre os investimentos públicos na matriz elétrica brasileira, questionando os subsídios direcionados à construção de Angra 3 enquanto o potencial de geração eólica é desprezado pelo governo Lula.

Ao longo de 2009, o Greenpeace vai continuar trabalhando para informar e mobilizar a população brasileira contra a usina de Angra 3 e a expansão da energia nuclear, para que a situação dos moradores de Caetité não seja esquecida pela justiça e para que o país se desenvolva a partir de fontes limpas e renováveis de energia.

Obrigado pelo apoio e continue participando.

O Brasil é renovável.

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Agrotóxico de lavouras transgênicas pode ser proibido na Argentina

08 de Junho de 2009 Soja transgênica foi menos rentável do que a convencional em 2007, confirmando nossos alertas de que a tecnologia não traria benefício algum aos agricultores brasileiros.
São Paulo (SP), Brasil — Grupo de advogados ambientalistas quer moratória de 6 meses para venda e uso do glifosato, base do Roundup da Monsanto.

O agrotóxico mais vendido no mundo e muito usado em lavouras transgênicas poderá ser proibido na Argentina - pelo menos por seis meses. Essa é a intenção de um grupo de advogados ambientalistas que pediu à Suprema Corte do país que interrompa a venda do glifosato depois que pesquisas revelaram que o produto pode ser prejudicial à saúde humana.

O glifosato é a base, por exemplo, do agrotóxico Roundup, da Monsanto, para o qual foram criadas variedades de soja geneticamente modificada. Essa soja transgênica, resistente ao glifosato, é muito plantada na Argentina e também no Brasil, principalmente na região sul.

Segundo investigação feita pelo instituto de pesquisas Conicet, o glifosato pode causar má-formação embrionária em rãs, por exemplo. E pode ter implicações sérias para seres humanos. Pesquisadores do instituto suspeitam que a classificação de toxicidade do glifosato esteja muito abaixo do que deveria ser.

Há registro de vários casos de residentes próximos das regiões produtoras de soja na Argentina que relataram problemas de saúde a partir de 2002, dois anos após as primeiras safras de soja transgênica.

Pesquisas conduzidas por cientistas argentinos e evidências levantadas por outros ativistas do país indicam elevada incidência de defeitos de nascença e câncer em pessoas que vivem perto das regiões de pulverização de glifosato em lavouras.

A Argentina hoje é o maior exportador mundial de óleo de soja e segundo maior na exportação de milho, terceiro em soja e sétimo, em trigo. O glifosato é o agrotóxico mais usado e os produtores gastam com ele cerca de US$ 450 milhões por ano, usando 150 milhões de litros anualmente nas lavouras.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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