09 de
Junho de 2009 Durante a caminhada Volta pelo Clima,
voluntários do Greenpeace organizaram um
banner humano com os dizeres Mude o Clima.
Bonn, Alemanha — Coalizão de organizações
apresenta conteúdo para o acordo de Copenhagen,
que sucederá o Protocolo de Kyoto
Especialistas em mudanças
climáticas de organizações
não governamentais de todo o mundo apresentaram
hoje em Bonn (Alemanha) um tratado para servir de
referência jurídica ao acordo climático
global que será firmado em Copenhagen no
final do ano. O documento mostra como as principais
diferenças entre países pobres e ricos
podem ser superadas no novo acordo.
O “Tratado do Clima de Copenhagen”
tem 160 páginas é o resultado de mais
de um ano de trabalho de alguns dos mais experientes
especialistas sobre assunto. O documento que será
distribuído aos negociadores dos 192 países
reunidos na Alemanha (Bonn) conta com um texto jurídico
completo que abrange os principais elementos necessários
para fornecer ao mundo um acordo justo com metas
ambiciosas que mantenham as mudanças climáticas
abaixo dos níveis aceitáveis identificados
pela maioria dos cientistas.
“O que está no centro deste
tratado é a sustentabilidade do planeta,
o modelo de desenvolvido econômico vigente
e a vida de milhões de pessoas que sofrerão
os impactos das mudanças climáticas
e que poderão pagar com suas vidas pela falta
de compromisso dos líderes mundiais”, disse
o diretor executivo do Greenpeace, Marcelo Furtado.
“Esse tratado é exatamente o acordo que o
mundo está esperando. O Brasil poderia liderar
esse movimento, se comprometendo inclusive com meta
de redução de emissões de 40%”,
afirmou.
O documento descreve o caminho
que o mundo deve percorrer para evitar uma mudança
climática catastrófica. Reconhece
que o aumento médio da temperatura global
deve ser mantido bem abaixo dos 2 graus Celsius
e estabelece um limite máximo global sobre
as emissões. O tratado explica com detalhes
como os países industrializados e em desenvolvimento
podem contribuir para a segurança do planeta
e seus habitantes, de acordo com suas possibilidades
e responsabilidades. O documento mostra ainda como
os mais pobres e mais vulneráveis podem ser
protegidos e compensados. O conteúdo do tratado
foi construído com base nas propostas oficiais
apresentadas pelos próprios países.
"Esta é a primeira
vez na história que uma coalizão de
grupos da sociedade civil dá um passo tão
importante como esse. Juntos, produzimos o documento
jurídico mais coerente até agora,
mostrando soluções equilibradas e
possíveis, baseadas na equidade e na ciência",
disse , do Kim Carstensen, da WWF Internacional.
O Tratado propõe um acordo
jurídico constituído composto por
três partes: Protocolo de Kyoto atualizado,
para reforçar as obrigações
dos países industrializados; um novo Protocolo
de Copenhagen que exija um compromisso jurídico
dos Estados unidos e aponte caminhos para de uma
economia de baixo carbono nos países em desenvolvimento,
apoiados pelos países desenvolvidos; um conjunto
de decisões que estabeleça as bases
de negociações para os próximos
três anos.
O Tratado do Clima de Copenhagen
foi proposto pelo Greenpeace, WWF, IndyACT – a Liga
independente dos Ativistas, Germanwatch, Fundação
David Suzuki, Centro de Ecologia Nacional da Ucrânia
e especialistas independentes de todo o mundo.
+ Mais
Energias renováveis no
setor elétrico atraem mais investimentos
que geração a partir de combustíveis
fósseis
09 de Junho de 2009 A indústria
eólica e de painéis solares podem
gerar juntas 8,4 milhões de empregos até
2030.
Mercado cresce apesar da crise mundial, de acordo
com relatório da ONU
Em 2008, o mundo investiu US$
155 bilhões em empresas e projetos de energias
renováveis para a geração de
eletricidade, de acordo com o relatório Tendência
Global de Investimentos em Energias Renováveis
2009, do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado na semana
passada. Esse total supera os investimentos em energias
fósseis, que no ano passado ficaram na casa
dos US$ 110 bilhões.
Do total investido em renováveis,
US$ 105 bilhões foram para projetos de energia
eólica, solar, geotérmica e biocombustíveis.
Incluindo-se as grandes hidrelétricas, essa
cifra chega a US$ 140 bilhões. Isso significa
um crescimento de 5% em relação a
2007. Contando-se apenas os países emergentes,
mercados com mais potencial, houve um aumento de
27%. Os números são expressivos se
levarmos em conta que estamos no meio de uma crise
econômica mundial.
O diretor executivo do PNUMA,
Achim Steiner, credita o crescimento dos investimentos
em renováveis em tempos de crise aos pacotes
governamentais de estímulo ao setor e diz
que eles poderão ser ainda maiores por conta
das mudanças climáticas. “Estímulos
maiores podem acontecer daqui a seis meses, em Copenhagen,
na Conferência das Partes da ONU, quando os
governos deverão fechar um novo acordo climático
capaz de trazer investimentos transformadores para
as tecnologias limpas”, disse.
O setor de energia eólica
foi o que atraiu a maior parte dos investimentos,
US$ 51,8 bilhões. Na seqüência,
vem a solar, com US$ 33,5 bilhões, registrando
um crescimento de quase 50% em relação
a 2007. E a expectativa é que a geração
de eletricidade a partir da energia do sol aumente
em cerca de 40% em 2009. Os biocombustiveis, por
outro lado, registraram queda de 9% no período,
movimentando US$ 16,9 bilhões.
A Europa e os Estados Unidos lideraram
os aportes, respondendo por US$ 49,7 bilhões
e US$ 30,1 bilhões do total investido, respectivamente.
Entre os países latinos, o Brasil foi o maior
investidor, com US$ 10 bilhões, a maior parte
aplicado em etanol.
Para Ricardo Baitelo, coordenador
da campanha de renováveis do Greenpeace,
apesar do bom desempenho brasileiro, faltam leis
para estruturar o desenvolvimento de um mercado
de renováveis consistente. “O que antes soava
para muitos como discurso de ambientalista, agora
se mostra um mercado economicamente viável
e atraente. No Brasil ainda falta vontade política
para viabilizar esse setor por meio de leis e políticas
coerentes para o desenvolvimento das energias renováveis,
o que já vem sendo feito em diversos países
do mundo”, analisou.
O exemplo mais recente vem das
Filipinas, onde foi aprovada uma legislação
de incentivos para energias renováveis baseada
no mecanismo tarifário “feed in”- mecanismo
que garante conexão da energia gerada à
rede de distribuição e comercialização
da energia por contratos de longo prazo - e em metas
de participação destas energias na
matriz elétrica do país.