(09/06/2009)
Pesquisadores de diferentes unidades da Embrapa
na Região Norte estiveram reunidos, em Rondônia,
para o acompanhamento das atividades do projeto
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
A tecnologia propõe a diversificação
de atividades em propriedades rurais e oferece alternativas
para a recuperação sustentável
de pastagens degradadas, evitando a abertura de
novas áreas de floresta.
Desenvolvido em rede em todo o
Brasil, o projeto conta com 26 centros de pesquisa
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), com outras organizações
do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária
e com instituições de ensino e de
extensão rural.
Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta,
ou apenas ILPF, consiste na implementação
sustentável e equilibrada de diferentes atividades
rurais em uma mesma propriedade. Isso significa
dizer, por exemplo, que em uma área podem
ser produzidos grãos, madeira, carne e leite,
uma vez que a propriedade pode ser dividida em lavoura,
reflorestamento e pastagens.
“Do ponto de vista econômico,
o produtor não fica dependente de uma única
fonte de renda”, mostra o pesquisador da Embrapa
Rondônia Alaerto Marcolan, que desenvolve
experimentos de ILPF no município de Porto
Velho, capital de Rondônia. “Se em um ano
há problema de preço de gado, ele
tem outras alternativas, como a lavoura”, completa
o pesquisador. Seguindo a mesma lógica, em
anos de quebra de safra, a produção
de carne, de leite ou de madeira pode salvar a economia
da propriedade.
Além do aspecto econômico
e social, a tecnologia leva em conta o equilíbrio
ambiental. Do total de pastagens em degradação
no Brasil, cerca de 50 milhões de hectares
são considerados agricultáveis. Deste
total, 36 milhões de hectares podem ser abrangidos
pela iLPF, de maneira que a capacidade produtiva
das áreas seja recuperada, evitando a abertura
de novas áreas para pastagem.
Para colocar isso em prática,
os pesquisadores do Projeto estudam, em todo o Brasil,
as maneiras mais adequadas. Zootecnista e doutor
em manejo e utilização de pastagens,
o pesquisador Claudio Townsend realiza experimento
em 10 ha no Campo Experimental de Porto Velho, da
Embrapa Rondônia. No local havia uma pastagem
em estado avançado de degradação.
O investimento inicial foi a correção
do solo, com a introdução dos nutrientes
necessários ao crescimento das plantas.
Em janeiro deste ano, a área
foi dividida pela metade. Uma parte foi semeada
com arroz, a outra, com soja. “Em poucos meses o
produtor colhe a safra de grãos e consegue
retirar o investimento feito para a correção
do solo”, explica o pesquisador Claudio Townsend.
Depois da colheita, o solo fértil pode ser
utilizado para o cultivo de gramíneas forrageiras,
dando origem a uma pastagem de qualidade.
Pesquisa desenvolvida na Embrapa
Rondônia mostra que a recuperação
da pastagem pode dobrar a capacidade de suporte,
ou seja, a quantidade de animais que podem se alimentar
na mesma área. O ganho de peso pode aumentar,
em média, de 250 gramas para 700 gramas diárias
por animal em pastagem recuperada e com suplementação
nutricional. Na mesma comparação,
a produção de leite tende a aumentar.
Desmatamento zero
“Nós temos na Amazônia,
como no resto do Brasil, áreas muito extensas
de pastagens degradadas. A cultura do grão
passa a ser uma ferramenta para viabilizar a recuperação
dessas pastagens.”, explica o líder no Projeto
na Região Norte, Paulo Campos, pesquisador
da Embrapa Amazônia Oriental. “A filosofia,
a proposta da Embrapa, é o desmatamento zero.
Queremos agir apenas em áreas alteradas,
recuperar essas áreas pouco produtivas e
torná-las mais produtivas, sem a necessidade
de abrir novas áreas”, enfatiza o pesquisador.
Outra preocupação
ambiental do Projeto é a produção
de madeira. O componente florestal da integração
entra como uma fonte de energia e matéria
prima para a produção de cercas e
instalações na propriedade. Sem a
floresta plantada, a madeira seria extraída
da mata nativa. Vale lembrar que a legislação
exige a preservação da vegetação
de Áreas de Preservação Permanente
e a demarcação de Área de Reserva
Legal em propriedades rurais.
O projeto está agora na
fase de validação das tecnologias
nas diferentes regiões da Amazônia.
Em Rondônia, são realizadas atividades
no Campo Experimental de Porto Velho e no Campo
Experimental de Vilhena, no Cone Sul do Estado.
A estimativa é que, em todo o Brasil, até
2010 sejam beneficiados com a tecnologia centenas
de produtores rurais.
Daniel Medeiros
+ Mais
Pantanal tem 85% da vegetação
original preservada
(02/06/2009) Levantamento realizado
por cinco ONGs (Organizações Não-Governamentais),
que contou com a consultoria da Embrapa Pantanal,
concluiu que 85% da vegetação nativa
do Pantanal está intacta. O estudo foi iniciado
no segundo semestre do ano passado e está
em fase de finalização.
As ONGs responsáveis pelo
levantamento foram a WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica,
Conservação Internacional, Avina e
Ecoa, que contataram a empresa ArcPlan para a execução
do mapeamento. Seis pesquisadores da Embrapa Pantanal
(Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, atuaram como consultores técnicos.
A quantificação
de 85% de área conservada pode até
aumentar na finalização do estudo.
Há um percentual de áreas alteradas
no Pantanal que ainda não foi devidamente
processado pelo levantamento. Essas áreas
podem ter sido alteradas por ação
antrópica (do homem) ou representarem variações
naturais e não significam, necessariamente,
desmatamento.
De acordo com o pesquisador Carlos
Padovani, o grupo da Embrapa Pantanal forneceu dados,
informações e conhecimento técnico
sobre a planície pantaneira. “São
pesquisadores com pelo menos 15 anos de experiência
na região. Validamos a metodologia empregada
pela ArcPlan, transferimos dados de campo e levantamentos
prévios, ajudamos na interpretação
de imagens de satélite e na definição
de classes de alterações da vegetação”,
afirmou.
O levantamento comprova que a
pecuária extensiva tradicional praticada
no Pantanal desde 1737 contribuiu para a conservação
ambiental da região, que hoje representa
o ecossistema com melhor índice de conservação
do país. “A grande maioria dos pecuaristas
tradicionais do Pantanal utiliza a vegetação
nativa para alimentar o rebanho, fazendo o manejo
adequado, adaptado ao ciclo de cheia e seca, que
garante a sustentabilidade da atividade a longo
prazo”, diz o pesquisador.
PLANALTO
O levantamento também recuperou
dados sobre alterações na vegetação
na chamada parte alta da Bacia do Alto Paraguai.
Nesta área, adjacente ao Pantanal, a situação
é preocupante: mais de 50% da vegetação
natural já foi alterada.
No planalto se localizam as cabeceiras
dos rios responsáveis pelos ciclos de cheia
e seca do Pantanal. Essas alterações
na vegetação da parte alta refletem
na planície. “Existe uma relação
de causa e efeito. No planalto o desmatamento provoca
processos erosivos, que causam no Pantanal o assoreamento
e a inundação de áreas que
antes não alagavam. O maior exemplo é
o caso do rio Taquari”, afirmou Padovani.
A Embrapa Pantanal vem monitorando
todas essas situações. No caso do
Taquari, todo o conhecimento técnico foi
repassado ao Poder Público para subsidiar
políticas de recuperação do
rio, que estão em vias de implementação.
Ana Maio Mtb – 21.928
Embrapa Pantanal, Corumbá (MS)
+ Mais
Mangabeira Unger visita projeto
de integração lavoura-pecuária-floresta
(05/06/2009) O Ministro-Chefe
da Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, Roberto Mangabeira
Unger visita na segunda-feira (8) de junho, em Ipameri
(GO), uma das fazendas-modelo integrantes do projeto
de disseminação de tecnologias em
integração lavoura-pecuária-floresta
liderado pela Embrapa.
A visita terá inicio às
9 horas e se estenderá durante toda a manhã
incluindo visita ao campo e conversa com técnicos.
A propriedade é um exemplo bem-sucedido de
parcerias entre instituições públicas
e privadas visando à transferência
de tecnologias para produtores rurais. Também
estão envolvidos no projeto a Universidade
Estadual de Goiás, Secretaria Estadual de
Agricultura e Prefeitura Municipal.
A fazenda Santa Brígida,
propriedade de Marize Porto Costa, tinha como atividade
principal até o ano 2006, a pecuária
de corte e enfrentava problemas com a degradação
de pastagens, situação bastante comum
na região sudeste do Estado de Goiás
.
Por meio de parcerias com o setor
privado e com a Embrapa, a Santa Brígida
se tornou em três anos um caso bem sucedido.
As pastagens degradadas foram integradas com as
lavouras por meio do consórcio entre grãos
e forrageiras. Na safra de verão, nas áreas
onde o solo estava mais fraco, foi implementado
o Sistema Barreirão consorciando arroz com
braquiária. Nas partes corrigidas foi implantado
o Sistema Santa Fé, consórcio de milho
com braquiária. Em ambas situações,
após a colheita, o pasto se encontra formado
para os animais. A vantagem é que os custos
com a reforma ou recuperação das pastagens
são abatidos com a produção
de grãos.
Na fazenda Santa Brígida
foi instalado também o consórcio de
culturas para silagem e capim, semeadas anualmente.
Nesse caso, depois do corte do milho silagem e do
sorgo silagem, a braquiária que resta na
área é disponibilizada para o pastejo
dos animais no início do período seco.
Nos próximos anos, o sistema de integração
lavoura e pecuária será complementado
com a rotação de culturas, de forma
que o pasto após cerca de dois anos de uso
retorne para a produção agrícola.
Embrapa Arroz e Feijão