(22/06/2009)
“Utilização de resíduos agrícolas
oriundos da agricultura familiar na produção
de energia renovável” é tema do programa
de rádio Prosa Rural, da Embrapa Informação
Tecnológica, que será veiculado em
todas as regiões do Brasil, na semana do
dia 22 ao dia 28 de junho. O tema será apresentado
pela Embrapa Agroenergia, unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
No programa o pesquisador da Embrapa
Agroenergia, José Dilcio Rocha, explica como
os agricultores familiares podem utilizar resíduos
agrícolas produzidos na propriedade rural
para produção de energia. Em toda
propriedade rural são encontrados diversos
resíduos, como sobras de madeira, casca de
arroz e de café, sabugo de milho, caroço
de açaí, bagaço de limão
e laranja, entre outros.
De acordo com o pesquisador, qualquer
resíduo agrícola ou florestal pode
ser matéria prima para a produção
de briquetes - uma fonte concentrada e comprimida
de material energético que pode ser queimado
no lugar da lenha.
Os briquetes são produzidos
a partir de qualquer biomassa vegetal, matéria-prima
que deve ser processada por uma briquetadeira, máquina
com capacidade para processar entre 50 e 1000 kg/h
de resíduos. O pesquisador desenvolveu uma
briquetadeira que está sendo fabricada por
empresas da iniciativa privada. O equipamento deve
ser dimensionado para atender a cada propriedade
e ter um custo de investimento e operacional compatível.
Durante o programa, Dilcio explica
os procedimentos a serem adotados para a produção
dos briquetes. O primeiro passo é manusear
os resíduos com o mesmo cuidado com que se
manuseia produção de alimentos. Além
disso, devem estar fora de alcance da chuva e terra.
Dado o primeiro passo, os resíduos devem
ser secados e moídos. Logo após, o
resíduo estará pronto para ser briquetado.
Com o material na mão é
hora do produtor ganhar dinheiro. Dilcio sugere
que o produtor deve buscar na cidade mais próxima,
estabelecimentos comerciais que tenham forno ou
caldeira para serem compradores dos briquetes produzidos.
Pizzaria, padaria, hotel, olaria ou cerâmica,
laticínios, indústria de gesso, entre
outros que usam forno são sugestões.
É importante também
fazer um plano de negócios para controlar
os custos envolvidos nesta atividade, que pode ser
feita com a parceria da assistência técnica
ou da associação de produtores. O
produtor rural deve se organizar com outros produtores
para adquirir equipamentos mais caros como briquetadeira,
secador e picador.
Diante dos preços altos
dos combustíveis tradicionais, da crescente
conscientização quanto à preservação
ambiental e das dificuldades para obtenção
de lenha, a produção de briquetes
se apresenta como uma alternativa que traz benefícios
sociais, econômicos e ambientais. O biocombustível
substitui a lenha na sua totalidade, sem a necessidade
de qualquer modificação no equipamento,
inclusive os novos fornos a lenha compactos trazendo
assim economia, comodidade, rentabilidade e a garantia
no fornecimento. “Esse aproveitamento ajuda na renda
do pequeno produtor, além de evitar que este
material seja queimado a céu aberto, causando
danos ao meio ambiente”, conclui o pesquisador.
Além das sugestões
do pesquisador, os ouvintes também podem
escutar dicas para produção dos briquetes.
Produzido por Dijalma Barbosa da Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, em um diálogo
informal, entre casal de produtores, Dona Maria
convence Seu Zé que, no lote onde moram,
muito produtos podem ser reciclados e virar lenha
ecológica. Desse jeito, não faltará
mais fogo para cozinhar.
Daniela Garcia Collares
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Óleo de fritura pode virar
biodiesel
(18/06/2009) O projeto “Sistema
produtivo de biodiesel a partir de misturas de óleos
vegetais virgens e usados”, proposto pela Embrapa
Agroenergia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos,
FINEP, no início do mês de junho, com
valor de 2,5 milhões de reais.
Com tecnologia voltada à
produção de biodiesel será
reaproveitado o óleo de fritura usado em
bares e restaurantes de Brasília pra abastecer
parte da frota local. Esta é a proposta a
ser executada durante os três anos do projeto,
de acordo com o líder do projeto e pesquisador
da Embrapa Agroenergia, José Dilcio Rocha.
Para isso, a Embrapa e a Companhia
de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb)
irão desenvolver o projeto, em parceira com
a Emater/DF, Sindicato de Hotéis, Restaurantes,
Bares e Similares de Brasília e a Centro
Federal de Educação Tecnológica
de Brasília (CEFET/DF). A preocupação
maior da Embrapa e dos parceiros é evitar
a contaminação das estações
de tratamento de água, visto que, grandes
volumes de recursos são gastos com produtos
químicos para neutralização
dos óleos residuais provenientes de frituras
que chegam aos esgotos. A eliminação
destes resíduos proporcionará redução
de custos com o tratamento de água, além
de significativo ganho para a sociedade visto que
elimina-se um passivo ambiental resultante da emissão
de produtos químicos ao meio ambiente. “A
idéia da reciclagem é tirar o produto
do esgoto”, afirma o pesquisador.
O aproveitamento do óleo
residual de fritura será transformado em
combustível, misturado a óleos provenientes
da agricultura familiar do entorno do Distrito Federal,
a partir de oleaginosas como girassol, soja e mamona,
formando o biodiesel. Nesta proposta, também
está incluída a construção
de uma fábrica escola, no Instituto Federal
de Educação, financiada pela Finep,
com capacidade de processamento de até 5
mil litros/dia. A proposta também tem como
desafio desenvolver uma logística viável
de coleta do óleo usado.
Hoje no DF
De acordo com Dilcio, O descarte
de óleos de frituras do saturados na rede
de esgotos do Distrito Federal é grande,
o que ocasiona constantes entupimentos na rede,
bem como o aumento da poluição de
cursos d’agua e aumento no custo final no tratamento
dos efluentes. A estimativa é que atualmente
quatro milhões de litros de óleo sejam
consumidos por ano e despejados na rede de esgotos
do DF.
A implementação
desse projeto, salienta o pesquisador, dará
uso ao óleo residual como biodiesel e a substituição
parcial do diesel em frotas que circulam nas ruas
do DF. Além disso, proporciona oportunidades
para agricultura familiar na produção
de óleos vegetais como matéria-prima
para o biodiesel.
Daniela Garcia Collares