(30/06/2009) - Pesquisadores da
Embrapa na Região Norte do Brasil finalizaram
a primeira etapa de treinamento em uma tecnologia
inovadora para manejo de
florestas nativas.
O Modelo Digital de Exploração
Florestal é um processo que utiliza imagens
de satélite, equipamentos de GPS e softwares
de geoprocessamento para a realização
de inventários florestais e o monitoramento
preciso das atividades de manejo das florestas.
A tecnologia permite um melhor aproveitamento econômico
da área e reduz os impactos no meio ambiente.
O manejo de florestas nativas
é o processo de extração de
árvores com potencial madeireiro de acordo
com a legislação e com um plano de
trabalho aprovado e fiscalizado pelos órgãos
ambientais. O objetivo é manter a floresta
produtiva, com baixo comprometimento das áreas
não exploradas, de modo que a atividade tenha
sustentabilidade.
As técnicas convencionais
de manejo, no entanto, podem causar danos consideráveis
ao meio ambiente e gerar custos desnecessários.
De acordo com um recente estudo da Embrapa, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, se observa nos planos de manejo
atuais a abertura inadequada de estradas na floresta,
a criação de pátios (clareiras)
superdimensionados para estocar a madeira, a dificuldade
em localizar árvores a serem cortadas ou
até mesmo a perda de madeira no meio da floresta.
Com uso dos sistemas de navegação
global por satélite (GNSS), é possível
localizar com precisão as espécies
com maior potencial madeireiro e planejar a abertura
de picadas, pátios e trilhas de arraste das
toras de modo a maximizar o rendimento e reduzir
o impacto ambiental, explica o engenheiro florestal
Daniel Papa, da Embrapa Acre.
Sensoriamento remoto
O primeiro passo para o manejo
florestal é a realização do
inventário, que começa no mapeamento
do relevo e dos cursos d'água da área
a ser explorada. Para isso, são utilizadas
imagens de radar geradas durante a Missão
Topográfica Radar Shuttle (SRTM), da Nasa,
realizada no ano 2000.A tecnologia permite o mapeamento
preciso das irregularidades do terreno e a localização
de rios e córregos.
Depois de mapeada a área, uma equipe de campo
verifica a localização dos rios e
registra com GPS a altitude das principais ondulações
do terreno. O passo seguinte é identificar
na floresta as espécies madeireiras e registrar,
além da localização geográfica
de cada árvore, a espécie, o diâmetro,
a altura e a qualidade do tronco.
Os dados colhidos em campo são
posteriormente exportados para um banco de dados
e manipulados em software de geoprocessamento. Com
isso, é possível ter o mapa completo
de todas as árvores e gerar estatísticas
em função do volume de madeira e do
relevo. São dados como estes que ajudam a
determinar os melhores pontos para a abertura dos
acesso à equipe de corte e transporte no
meio da floresta.
Planejamento e fiscalização
Para um dos criadores do processo,
o pesquisador Evandro Orfanó Figueiredo,
da Embrapa Acre, a tecnologia pode mudar a concepção
de planejamento e fiscalização da
exploração florestal. O objetivo é
que os órgãos ambientais recebam os
planos de manejo em formato digital e que possam
acompanhar a execução dos trabalhos
com o auxílio dos sistemas de navegação
por satélite. No futuro, isso poderá
ser feito em tempo real, pela internet, prevê
o pesquisador.
Além disso, o gestor do
empreendimento pode acompanhar com maior precisão
o trabalho da equipe em campo. Com o GPS instalado
nos veículos, é possível mapear
a rota traçada pelos motoristas, identificar
possíveis perdas de produtividade ou a invasão
indevida de áreas protegidas, como as de
preservação permanente.
O Modelo Digital de Exploração
Florestal foi desenvolvido pela Embrapa e a capacitação
na tecnologia é uma das atividades do projeto
“Manejo Florestal na Amazônia”, que envolve
as unidades da empresa da região Norte. O
treinamento finalizado na última semana,
em Porto Velho, capital de Rondônia, foi voltado
a pesquisadores e técnicos da Embrapa Rondônia,
a profissionais dos órgãos ambientais
atuantes no Estado e a empresas de exploração
florestal.
Daniel Medeiros
Débora Helena
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Nova praga de eucalipto chega
à região de Curitiba
(29/06/2009) O percevejo bronzeado
(Thaumastocoris peregrinus), inseto nativo da Austrália,
foi localizado em árvores de eucalipto na
beira da Rodovia BR 277, já no perímetro
urbano de Curitiba. O inseto tem se dispersado rapidamente
e pode causar danos em plantios de eucalipto, com
reflexos importantes em uma cadeia produtiva responsável
pela matéria prima de diversas indústrias
do País: papel e celulose, energia, serraria,
entre outros.
O percevejo bronzeado é
um inseto sugador que, com sua alimentação,
reduz a capacidade da árvore realizar fotossíntese.
Dependendo da densidade populacional, pode desfolhar
de forma parcial ou total a árvore, com a
possibilidade de levá-la à morte.
As folhas ficam com aspecto bronzeado e, progressivamente,
o sintoma afeta toda a copa.
Segundo o pesquisador Leonardo
Barbosa, da Embrapa Florestas, “estudos sobre esta
espécie ainda são bem recentes no
Brasil. Os primeiros casos de infestação
datam de 2008 no Rio Grande do Sul e São
Paulo”. Países como África do Sul,
Zimbábue, Argentina e Uruguai também
já registraram incidência da praga.
Só no Estado de São Paulo, são
mais de 40 municípios que já detectaram
o percevejo bronzeado, inclusive locais com plantios
de eucalipto com fins comerciais. Neste estado,
pesquisas indicam que a dispersão do inseto
está seguindo o caminho das estradas por
onde são transportadas as toras de eucalipto,
possibilitando a ampliação do número
de locais infestados. No Brasil, as espécies
mais atingidas são o Eucalyptus camaldulensis
e os clones híbridos de Eucalyptus urograndis.
Um projeto de amplitude nacional,
coordenado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos
Florestais – Ipef, com a participação
da FCA/Unesp, Esalq/USP, Embrapa Florestas e Embrapa
Meio Ambiente começa a estudar a dinâmica
da praga e o desenvolvimento de estratégias
para seu manejo integrado.
Katia Pichelli – Jornalista