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CAI PELA METADE PARTICIPAÇÃO DO CARVÃO DA BACIA DO SÃO FRANCISCO NA MATRIZ ENERGÉTICA DO PAÍS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2009

22 de Julho de 2009 - Thais Leitão - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A participação do carvão vegetal produzido nos municípios que compõem a Bacia do Rio São Francisco na matriz energética brasileira caiu pela metade entre os anos de 2000 e 2007, passando de 26,17% para 13,79%. Apesar disso, em termos de volume, a redução foi pequena, tendo passado de 374 mil para 349 mil toneladas por ano no período.

A atividade, realizada sem os cuidados de manejo ambiental, é um dos principais fatores de degradação do São Francisco. A avaliação é da geógrafa Adma Hamam, coordenadora do estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento traça uma radiografia da região enfocando aspectos como configuração demográfica, usos dos recursos hídricos, além da governança socioambiental. O objetivo é subsidiar políticas de revitalização da área, desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.
“Grande parte da matriz energética do São Francisco é proveniente do carvão vegetal. Isso causa danos sérios, porque, com a retirada da vegetação do Cerrado e do Semiárido, que ajuda a proteger o solo, quando ocorrem chuvas tudo é arrastado diretamente para o rio, gerando assoreamento do São Francisco, prejudicando a qualidade da água e promovendo diminuição da vazão”, destacou a pesquisadora.

O levantamento indica que os seguintes municípios lideravam, em 2007, o ranking da produção de carvão vegetal na bacia: Buritizeiro, João Pinheiro, Pompeu, Felixlândia e Corinto, todos no estado de Minas Gerais.

Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Semiárido, Iedo Bezerra, essa produção é absorvida principalmente pelas indústrias siderúrgicas mineiras.

Ele destacou ainda que em outra região da bacia, no chamado SubMédio São Francisco, que engloba parte dos estados de Pernambuco, do Piauí e do Ceará, o maior problema em termos ambientais é a retirada de vegetação da Caatinga para produzir lenha que abastece principalmente a indústria de gesso. Essa região concentra 95% da produção gesseira de todo o Brasil.

De acordo com um levantamento realizado pela Embrapa em 15 municípios pernambucanos, que abrangem uma área de 2 milhões de hectares, quase metade já está desmatada em função dessa atividade.

“Esse é um problema muito grave na nossa região. Por isso, trabalhamos para conscientizar a classe empresarial de que é possível manter a indústria a pleno vapor adotando práticas sustentáveis”, afirmou.

Entre essas medidas, Bezerra destacou a divisão das propriedades rurais em zonas de produção alternada para evitar o esgotamento do solo; a recuperação de áreas degradadas; o plantio de florestas utilizando espécies de crescimento rápido com o objetivo específico de extração; e ainda a observância dos limites de preservação previstos pela reserva legal em cada região.

O engenheiro florestal da Embrapa citou ainda o uso da lenha para abastecer pizzarias e restaurantes em todo o país e a utilização domiciliar para produção de energia, embora este último, segundo ele, tenha menor impacto ambiental por ser, em geral, fruto de atividade de coleta.

“Essa modalidade é menos predatória porque, embora a lenha ainda seja largamente utilizada especialmente pelas populações mais pobres dos municípios da bacia, em geral elas [as famílias] retiram troncos já caídos e mortos”, enfatizou.

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Bacia do São Francisco abriga fortes desigualdades socioespaciais, revela estudo

22 de Julho de 2009 - Thais Leitão - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A Bacia do Rio São Francisco é composta por 506 municípios localizados em sete estados do Brasil. A área ocupa cerca de 7,5% de todo o território brasileiro e concentra 9,6% da população nacional. Entre as principais atividades econômicas estão, por um lado, o cultivo da soja e do algodão, no Cerrado baiano, e a fruticultura em áreas irrigadas do Semiárido, todas voltadas especialmente para exportação. Por outro lado, as atividades industriais, se concentram na região metropolitana de Belo Horizonte.

Com toda essa dimensão e heterogeneidade, a região abriga fortes desigualdades socioespaciais, conforme revela o estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento traça uma radiografia da região, enfocando aspectos como a configuração demográfica, o uso dos recursos hídricos, além da governança socioambiental. O resultado vai servir de subsídio para as políticas de revitalização da área, desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com a coordenadora do estudo, a geógrafa Adma Hamam, as desigualdades “tão profundas” entre os municípios que compõem a área torna mais delicada qualquer política voltada para a região.

“Existem enormes desigualdades sociais ali. Ao lado de municípios dinâmicos, especialmente no eixo Belo Horizonte-Brasília, convive uma expressiva maioria de pequenos municípios de baixa dinâmica demográfica e de características dominantemente rurais, marcados pela estagnação econômica, extremamente deprimidos, principalmente a partir do norte de Minas Gerais”, salienta.

“Para minimizar essas desigualdades, é preciso reduzir os vazios logísticos no interior da bacia, mas qualquer política de revitalização torna-se mais delicada porque tem que levar em consideração, ainda, as populações tradicionais que vivem ali, como comunidades quilombolas e indígenas”.

Outro ponto ressaltado pela pesquisadora que reforça as desigualdades sociais observadas na região é o acesso aos serviços de saneamento básico. De acordo com o levantamento, nem todos os municípios da bacia têm acesso à distribuição de água tratada, por exemplo. A oferta desse serviço é mais comum na maioria dos municípios no Entorno do Distrito Federal e em algumas cidades de Minas Gerais, com exceção da região metropolitana de Belo Horizonte.

Por outro lado, nos estados de Sergipe, de Alagoas e ao redor dos municípios baianos de Irecê e de Guanambi, cerca de 90% das cidades não possuem água distribuída com tratamento químico.

O estudo mostra que essa situação leva a população a utilizar, muitas vezes, soluções alternativas, como poços artesianos particulares, chafarizes, bicas ou minas e cursos d´água, comprometendo a longo prazo o lençol freático. Além disso, essa prática aumenta os riscos de disseminação de doenças oportunistas, especialmente em regiões com deficientes serviços de saúde.

O levantamento destaca que o esgotamento sanitário também é “extremamente deficiente”. Nos poucos municípios que têm rede coletora somente um pequeno volume é tratado. Os pesquisadores do IBGE destacaram o caso de Montes Claros (MG), onde, embora haja rede de coleta nos domicílios urbanos, todo o esgoto é lançado diretamente, sem tratamento, em um canal, conhecido como “Avenida Sanitária”, sendo de lá despejado no Rio Verde Grande, um dos afluentes do São Francisco. Esse problema é mais comum em áreas empobrecidas dos centros urbanos.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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