30/07/2009
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CETESB apresenta os dados de qualidade do ar,
dos rios e das praias durante o ano de 2008, além
de um balanço dos atendimentos a acidentes
ambientais no Estado de São Paulo.
A boa notícia diz respeito
à qualidade do ar. Comparando-se especificamente
2007 com 2008, houve na Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP) uma ligeira diminuição
das concentrações de monóxido
de carbono e partículas inaláveis,
apesar do inverno do ano passado ter sido bastante
desfavorável para a dispersão dos
poluentes, com pouca chuva e baixa ventilação.
Esses poluentes são emitidos, principalmente,
pela frota de aproximadamente 9,2 milhões
de veículos.
A qualidade dos rios e represas
tem se mantido estável desde 2001, registrando
um IQA - Índice de Qualidade das Águas,
médio igual a 56 (esse índice varia
de 0 a 100), apresentando uma qualidade BOA na maioria
das bacias hidrográficas do Estado. O IQA
é calculado com base em 9 parâmetros:
temperatura, pH, oxigênio dissolvido, demanda
bioquímica de oxigênio, coliformes,
nitrogênio, fósforo, resíduo
e turbidez.
O dado negativo diz respeito à
qualidade das praias. Em 2008, houve uma piora nas
condições de balneabilidade em 44%
das praias em relação ao ano anterior.
Essa piora ocorreu principalmente na Baixada Santista,
que passou de 24% de praias próprias o ano
todo para 0%. De acordo com o relatório anual
da CETESB, 24% do total de 155 pontos monitorados
em 136 praias do litoral paulista, foram classificados
como próprios para o banho de mar ao longo
de todo ano.
Quanto aos acidentes ambientais
envolvendo produtos químicos tóxicos
e perigosos, em 2008, foram atendidas 451 emergências,
apenas três a menos que o número registrado
em 2007. A maior incidência de acidentes continua
sendo no setor de transporte rodoviário.
Informações sobre
a Qualidade do Ar
No ano de 2008, o Governo do Estado
de São Paulo investiu R$ 7 milhões
na modernização da rede de monitoramento
da qualidade do ar e instalou 11 novas estações
de medição no Estado, que conta atualmente
com 42 estações automáticas
em 27 municípios. Com a expansão da
rede de monitoramento, a agência passou a
ter um maior controle dos poluentes emitidos pelos
veículos e indústrias, e mais informações
meteorológicas para avaliar as condições
de dispersão dos mesmos.
Os dados gerais mostram que na
Região Metropolitana de São Paulo
- RMSP, as concentrações de dióxido
de enxofre, monóxido de carbono e partículas
inaláveis são menores do que os observados
no final de década de 90, em função
dos diversos programas de controle adotados. No
caso dos dois últimos parâmetros, houve
interrupção da tendência de
queda que vinha sendo verificada e as concentrações
têm se mantido relativamente estáveis
nos últimos anos, embora ainda se observe
algumas ultrapassagens do padrão de qualidade
do ar para esses poluentes.
O ozônio continua sendo
o poluente que mais ultrapassa o padrão de
qualidade do ar, principalmente na Grande São
Paulo, embora esse número tenha sido menor
em 2008. Foram 49 dias acima do padrão de
qualidade contra 72 registrado em 2007.
No entanto, os técnicos
da CETESB não observam uma tendência
definida ao longo do tempo para este poluente. Nos
meses de janeiro a março e de setembro a
dezembro, quando frequentemente se observam concentrações
mais elevadas de ozônio, houve em 2008 muitos
dias de precipitação pluviométrica,
o que tornou as condições atmosféricas
menos propícias à formação
desse poluente.
A RMSP apresenta um alto potencial
de formação de ozônio, devido
à grande emissão dos compostos precursores,
principalmente de origem veicular, que sob a ação
da luz solar geram o poluente na atmosfera. As concentrações
dos poluentes atmosféricos refletem as variações
na matriz de suas emissões, tais como modificações
na frota de veículos, alteração
no tráfego, mudanças de combustível,
alterações no parque industrial e
implantação de tecnologias mais limpas,
além das condições meteorológicas
observadas ano a ano.
Qualidade das praias
As praias da Baixada Santista
foram as que mais apresentaram condições
impróprias para o banho de mar, durante o
ano de 2008. Das 54 praias existentes na região,
55% apresentaram uma piora em relação
a 2007 e 45% permaneceram iguais. O principal motivo
para esta queda nos índices de balneabilidade
se deve à grande urbanização
da região e a alta densidade demográfica.
No Litoral Norte, 40% das 77 praias
localizadas na região permaneceram próprias
em 2008. No entanto, comparando-se com o ano anterior,
apenas 16% das praias apresentaram melhora na qualidade,
enquanto 37% apresentaram piora. No Litoral Sul
a situação foi melhor. Cerca de 80%
das cinco praias da região permaneceram próprias
o ano todo. Em comparação a 2007,
a classificação das praias manteve-se
igual.
Atualmente, são monitorados
155 pontos de amostragem em 136 das cerca de 290
praias existentes ao longo do litoral paulista.
O monitoramento cobre 15 municípios litorâneos,
sendo realizadas em torno de 900 análises
durante os meses de verão.
Qualidade dos Rios
O programa de monitoramento da
qualidade das águas dos rios e reservatórios
do Estado de São Paulo contemplou 408 pontos
de amostragem em 2008, distribuídos em aproximadamente
160 corpos hídricos. Os dados gerados pelo
monitoramento permitem avaliar as condições
de qualidade das águas para os principais
usos do recurso hídrico.
Índices
IQA Índice de Qualidade
das Águas Segundo este indicador, em 2008,
os corpos dágua do Estado de São
Paulo apresentaram-se, predominantemente, na categoria
BOA (57 %). Por outro lado, 14 % dos pontos monitorados
enquadraram-se nas classes RUIM e PÉSSIMA.
A avaliação do IQA, entre 2003 e 2008,
indicou que as condições de qualidade
PÉSSIMA e RUIM dos corpos dágua monitorados
pela CETESB tiveram uma retração de
5 % ao mesmo tempo em que se observou um incremento
da população no Estado de aproximadamente
2,3 milhões de habitantes. Portanto, o investimento
em saneamento, associado às ações
de controle da CETESB, tiveram um reflexo positivo
na qualidade das águas superficiais nos últimos
cinco anos.
IVA Índice de qualidade
de água para a proteção da
vida aquática O IVA aponta que, em 2008,
59 % dos corpos dágua monitorados no Estado
de São Paulo enquadraram-se nas categorias
ÓTIMA, BOA e REGULAR e 41%, nas categorias
RUIM e PÉSSIMA. Em comparação
com o IQA, o IVA mostrou uma porcentagem muito maior
de corpos dágua nas condições
RUIM e PÉSSIMA.
IAP Índice de qualidade
de água para fins de abastecimento público
De acordo com este indicador, em 2008, 79 % dos
pontos de captação apresentaram qualidade
REGULAR, BOA ou ÓTIMA. Não foi verificada
nenhuma tendência definida ao longo dos últimos
cinco anos. Houve uma melhora em três pontos,
localizados nas bacias do Litoral Norte, Alto Tietê
e do Peixe, relacionada a menores índices
de precipitação e às ações
de controle.
O relatório aponta, ainda,
que a qualidade da água do Rio Tietê,
no trecho da Região Metropolitana de São
Paulo, continua comprometida devido ao lançamento
de efluentes domésticos tratados e não
tratados, excedendo a sua capacidade de suporte.
O documento revela que, em 2008, a porcentagem de
tratamento de esgotos sanitários era de cerca
de 44 % do total gerado.
Outro dado apontado é de
que, em 2008, houve um aumento no número
de estações de tratamento de esgotos
- ETE implantadas, particularmente nas bacias do
Paraíba do Sul, Pardo, Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
Alto Tietê, Mogi-guaçu, Sorocaba/Médio
Tietê e Médio Paranapanema.
Destaca-se que nas bacias do Paraíba do Sul,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Alto Tietê,
o incremento no tratamento foi de apenas 1%, porém,
a remoção de Demanda Bioquímica
de Oxigênio - DBO foi elevada, pois são
regiões extremamente populosas. Portanto,
a somatória das cargas conduzidas às
ETEs das bacias citadas indicou um incremento no
tratamento de aproximadamente 31 toneladas de DBO/dia.
O nível de tratamento dos esgotos domésticos
gerados nas áreas urbanas do Estado de São
Paulo atingiu 44% em 2008.
Emergências Ambientais
Um maior detalhamento na compilação
dos dados do Relatório de Emergências
Químicas 2008 é apresentado para as
três principais atividades geradoras de acidentes
no Estado de São Paulo: transporte rodoviário
de produtos perigosos, com 233 casos (51,7%); descarte
clandestino de produtos químicos, com 36
casos (8,0%); e postos e sistemas retalhistas de
combustíveis, com 32 casos (7,1%). A atividade
de transporte rodoviário de produtos perigosos
representou mais da metade das emergências
químicas
atendidas pela CETESB em 2008. Este mesmo resultado
foi observado em 2007, com 244 casos.
Com relação às
regiões do Estado, observou-se, em 2008,
que o maior número de emergências químicas
ocorreu na RMSP, com 46,6%, equivalente a 210 casos
- contra 180 registrados em 2007 - ; no Interior,
com 44,3% ou 200
atendimentos - contra 224 em 2007 -; e no Litoral,
com 9,1%, equivalente a 41 emergências.
Os Relatórios Ambientais
2008 estão disponíveis, na íntegra,
no site da CETESB: Clicando Aqui
Texto: Renato Alonso
Fotografia: José Jorge