08 de Julho de 2009 São
Paulo, (SP) - Brasil — Agora está nas mãos
do G-5 pressionar os países ricos na reunião
de amanhã (9/7) - Chega a
ser irônico o título do relatório
final do encontro do G-8 (os sete países
mais ricos do mundo e a Rússia): “Liderança
responsável para um futuro sustentável”.
Das 40 páginas do documento, dez são
dedicadas às mudanças climáticas.
Foi um salto se compararmos com os dois parágrafos
do relatório anterior. No entanto, o avanço
foi apenas retórico.
Os países do G-8 se comprometem
com metas para 2050, mas não definem quais
serão seus compromissos de redução
das emissões de gases do efeito estufa de
imediato. Também não definem valores
a serem investidos em adaptação, transferência
de tecnologia e no combate ao desmatamento nos países
em desenvolvimento. Em contrapartida, se comprometem
com créditos de US$ 250 bilhões para
fomentar as exportações.
Agora, está nas mãos
do G5 (grupo formado por Brasil, México,
Índia, África do Sul e China) cobrar
do G8, na reunião de amanhã (9/7),
uma postura mais séria em relação
às mudanças climáticas. “A
mensagem dos grandes países é clara,
não tem dinheiro na mesa neste momento. A
conta deve ser dividida com o mercado e com os países
em desenvolvimento”, diz Marcelo Furtado, diretor
executivo do Greenpeace.
Essa retórica do G-8 está
atrasada. A menos de cinco meses da reunião
de Copenhague precisamos de metas e valores, não
de promessas. No documento, o G8 se compromete se
empenhar para manter o aumento médio da temperatura
global abaixo dos 2º C, mas não diz
como, quando, nem com que recursos.
Veja a integra do documento no site:
http://www.g8italia2009.it/static/G8_Allegato/G8_Declaration_08_07_09_final,0.pdf
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Após 37 dias de pressão,
Bertin assume compromisso de respeitar a lei
09 de Julho de 2009 Frigorífico
assina moratória da pecuária e governo
do Pará se compromete em combater o desmatamento
ilegal na Amazônia
O frigorífico Bertin assinou
hoje, em Belém, um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) com o Ministério Público
Federal (MPF) e o governo do Estado do Pará,
comprometendo-se a adotar uma moratória de
dois anos ao desmatamento ilegal ou até que
as fazendas fornecedoras de gado obtenham licença
ambiental. O TAC foi conduzido pelo próprio
MPF e ganhou dimensão a partir da divulgação
do relatório do Greenpeace “A farra do boi
na Amazônia”, no início de junho. Também
assinado pelo frigorífico Minerva e outros
grupos do Pará, o acordo prevê um mecanismo
de transição para os fornecedores
irregulares que, em um prazo de dois anos, precisam
apresentar a licença ambiental e, em cinco
anos, a regularização fundiária
de suas propriedades.
“O acordo dos frigoríficos
representa um passo importante em um estado marcado
historicamente pela falta de governança.
No entanto, não foi atendida a demanda dos
clientes da Bertin e da própria opinião
pública, que não aceitam mais desmatamento
na Amazônia, seja legal ou ilegal”, disse
Andre Muggiati, do Greenpeace. “Zerar o desmatamento
é vital em um mundo envolvido em discussões
sobre as mudanças climáticas”, completou
ele.
Entre as várias medidas,
a Bertin se compromete em não adquirir gado
de áreas embargadas e com trabalho escravo.
Porém, o relatório do Greenpeace “A
Farra do Boi na Amazônia” comprova que nem
todas as fazendas que não cumprem com a legislação
ambiental e social figuram nas listas oficiais.
Outra medida se refere a compra apenas de fazendas
já condenadas em primeiro grau por invasão
em terras indígenas, por violência
agrária, por grilagem de terra e/ou por desmatamento
e outros conflitos agrários. “Dada a morosidade
da Justiça no Brasil e o prazo de abate dos
bois na Amazônia de dois anos, é provável
que os consumidores acabem tendo em sua mesa carne
vinda de fazendas irregulares ainda não condenadas",
completa Muggiati.
Entre os destaques positivos estão
a adoção de um sistema eletrônico
de monitoramento do gado, com georreferenciamento
das fazendas para verificação de possíveis
desmatamentos e o envolvimento do governo do Pará
no processo. Mas o Greenpeace vai acompanhar de
perto a implementação das medidas,
para que elas resultem em passos concretos na adoção
do desmatamento zero.