Panorama
 
 
 

ELETRONUCLEAR PODE PROSSEGUIR COM OBRA SUPERFATURADA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2009

23 de Julho de 2009 Ativista protesta em frente à sede da Eletrobrás, no Rio de Janeiro, contra o investimento da estatal em energia nuclear. O Greenpeace aproveitou a ação para lançar seu relatório Elefante Branco: os verdadeiros custos da energia nuclear, que revela quanto realmente vai custar a construção de Angra 3. Brasília, Brasil — TCU libera a construção de Angra 3

O Tribunal de Contas da União (TCU) liberou hoje a continuidade das obras da usina nuclear Angra 3, apesar do superfaturamento de R$ 469,3 milhões descoberto em seu orçamento. Mas impôs à Eletronuclear a obrigação de apresentar um novo contrato de construção com corte de R$ 120 milhões sobre o valor inicial em 30 dias.

A expectativa era de que, se a explicação da construtora Andrade Gutierrez sobre o valor não se mostrasse satisfatória, seria aberta uma nova licitação. Porém, o governo brasileiro mais uma vez permite que a indústria nuclear avance em seu processo de expansão, sem considerar o contribuinte brasileiro. "O TCU vai contra a sua própria investigação", afirma André Amaral, coordenador da campanha de energia nuclear do Greenpeace Brasil. "É decepcionante ver o governo autorizar uma obra sem nem ter a certeza de quanto será gasto nela. É um desrespeito com o cidadão brasileiro, principalmente quando o próprio TCU afirma que serão utilizados na usina equipamentos com mais de 30 anos de fabricação."

O Greenpeace e o Partido Verde entraram com uma representação ao TCU em novembro de 2007, o que levou a uma revisão dos contratos apresentados pela Eletronuclear e a uma visita dos técnicos do tribunal às instalações das centrais nucleares em Angra dos Reis, em setembro de 2008. O TCU encontrou graves irregularidades no orçamento da usina, como o “sobrepreço decorrente de preços excessivos frente a mercado”.

O superfaturamento verificado equivale a 6% do valor total da obra previsto pelo governo. Exemplos de irregularidades não faltam. Para os serviços de pintura da usina, em especial os de acabamento realizados com tinta Epóxi, tem-se uma superestimativa de 810% para a 1ª demão (paredes e tetos) e de 224% para a 2ª demão - um valor que certamente sairá do bolso de cada contribuinte brasileiro.

Além das perdas decorrentes do superfaturamento, atrasos constantes incham o valor da obra e aumentam o já imenso desperdício de dinheiro público. Do início da construção à previsão de operação, Angra 3 deve tomar pelo menos 31 anos, de acordo com estimativas do governo. Essa é uma constante na história dos projetos nucleares brasileiros: Angra 1 tomou 13 anos, e Angra 2, 24 anos. Com isso, Angra 3 custará, além dos R$ 7,3 bilhões inicialmente divulgados pelo governo, pelo menos mais R$ 2,372 bilhões por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra. A Areva, estatal francesa que instalará o reator da usina, já tem em seu currículo a usina de Olkiluoto-3 na Finlândia, que teve suas obras atrasadas em mais de três anos e um estouro no orçamento em mais de 50% do valor original.

Além do prejuízo financeiro, o contribuinte brasileiro ainda terá de amargar o prejuízo ambiental e social. O governo insiste em aplicar seu dinheiro em uma forma de geração de energia ultrapassada, cara, suja e perigosa. Ao mesmo tempo, deixa de lado o enorme potencial que o Brasil apresenta na geração de energia por fontes renováveis – só em eólica são 143 mil MW, o equivalente a mais de 100 usinas de Angra 3. Cada R$ 1 bilhão em eficiência energética pode evitar o investimento de R$ 40 bilhões em plantas nucleares para gerar o mesmo volume de eletricidade.

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Um avanço em renováveis

16 de Julho de 2009 O potencial de países como o Brasil para a geração de energia por meio de fazendas eólica é gigantesco e o custo (financeiro e ambiental) bem menor do que o de fontes sujas como a nuclear. São Paulo, Brasil — Relatório sobre incentivos ao desenvolvimento de energias renováveis apresenta melhorias em relação à legislação atual

Ultimamente, tanta notícia ruim transborda do Congresso Nacional que quando aparece uma boa, ninguém presta a menor atenção. É o caso do relatório de autoria do deputado Fernando Ferro (PT-PE) sobre o projeto de lei 630, de 2003, que trata dos incentivos ao desenvolvimento de fontes de energias renováveis. Ele saiu na quarta-feira e, para o país, passou em brancas nuvens. Poucos o viram e menos gente ainda o leu, o que é uma pena porque ele tem vários pontos positivos para a implementação de um parque gerador com base em energias renováveis no país.

Ferro apresentou o relatório com um substitutivo que consolida outros 18 projetos de lei sobre o mesmo assunto que também tramitam na Câmara do Deputados. O texto traz pontos que não apenas incentivarão o desenvolvimento de energias renováveis, como também inéditos em relação à legislação vigente e ao Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas). Alguns saíram da proposta do deputado Edson Duarte (PV-BA), escrita com a colaboração do Greenpeace e que versa sobre a comercialização de energias renováveis, a conexão delas à rede e o estabelecimento de contratos de longo prazo entre os geradores e as distribuidoras de energia.

Também acabaram contemplados no texto final de Ferro os projetos do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) – que propõe a criação de programas para a geração de energia renovável em sistemas isolados – e do deputado Guilherme Campos (DEM-SP) – que institui a renúncia fiscal para a importação de equipamentos para a geração a partir de fontes renováveis. Os principais pontos do relatório referem-se ao direito de distribuir energia gerada por turbinas de vento, biomassa ou placas solares à rede ou em comunidades isoladas. O texto garante aos geradores o direito de vender sua energia às concessionárias por meio de contratos de longo prazo, o que dá um mínimo de segurança aos investimentos em usinas de geração renovável.

O substitutivo de Ferro prevê a realização de leilões anuais de pelo menos 600 MW médios das fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Estes leilões podem dar uma visão de longo prazo ao mercado, o que não é mau, mas para criar confiança entre os investidores, é necessário que seu preço de referência assegure a viabilização econômica de usinas geração renovável e que a quantidade de energia negociada tenha um volume capaz de estimular o mercado. A questão do acerto do preço pago pela energia e do montante negociado nos leilões são pontos importantíssimos para o sucesso da lei e que serão sugeridos pelo Greenpeace ao deputado na forma de emendas. O período para sugestões começa após o recesso parlamentar, no dia 3 de agosto.

A redução de impostos sobre equipamentos e lucros de empresas que operam com tecnologias renováveis é igualmente fundamental para a consolidação desse tipo de geração. Sem o incentivo do Estado, as fontes renováveis dificilmente conseguirão ganhar escala suficiente para virar um mercado independente. É assim que os investimentos em geração alternativa vêm sendo feitos nos Estados Unidos, Europa, China e Índia. O texto de Ferro propõe também a redução de 20% na tarifa de eletricidade de quem usa coletores solares para o aquecimento de água, encorajando a população a também fazer parte desse mercado de energias limpas.

Mas além disso, o incentivo ao uso de painéis solares em residência embute de quebra um estímulo à eficiência energética, porque dá a população mais uma razão, financeira, para abandonar o uso do chuveiro elétrico, de longe os maiores responsáveis pelo consumo residencial de eletricidade no país. Ferro também propõe a criação de um fundo para a pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis. Fundos como este são importantes para a capacitação tecnológica e técnica do país, sem as quais seria impossível o desenvolvimento interno de pesquisas e equipamentos.

Na avaliação do Greenpeace, o texto de Ferro é um avanço em relação à atual legislação sobre energias renováveis, que tem reconhecidamente enorme potencial no Brasil. Sua proposta também restringe a participação de termelétricas fósseis nos leilões de energia. Pelo que quer Ferro, a energia gerada por essas usinas só poderá ser comercializada caso haja comprovadamente a ameaça de um apagão. O substitutivo apresentado pelo deputado pernambucano ainda pode melhorar, principalmente se, após o período de apresentação de emendas, nele forem incluídas cláusulas que garantam que o preço e o volume de energia renovável ofertados nos leilões de grande porte sejam suficientes para o desenvolvimento desse novo mercado de geração.

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A cegueira nuclear continua: sai última licença para Angra 3

07 de Julho de 2009 Ativistas do Greenpeace alertam para os perigos de Angra 3 durante audiência pública realizada no Rio de Janeiro.
São Paulo (SP), Brasil — Agora, falta apenas aval do TCU para o início das obras.
Após algumas rodadas de negociação entre a Eletronuclear e a Prefeitura de Angra dos Reis, foi oficializada nesta segunda-feira a expedição da licença de uso do solo para o início das obras de construção da usina de Angra 3. Esta licença era a última autorização necessária para viabilizar a obra.

O acordo entre a Eletronuclear e a prefeitura de Angra para a licença municipal do uso do solo onde será instalada a usina prevê investimentos de R$ 150 milhões ao longo de seis anos para áreas de educação, saúde, meio ambiente, entre outros.

Mas para que a construção da usina comece efetivamente, falta ainda que o Tribunal de Contas da União (TCU) assine o contrato da retomada da obra. O Greenpeace, juntamente com o Partido Verde, entrou com uma representação ao TCU em novembro de 2007. Em resposta à recomendação do Greenpeace e do PV, o TCU informou que revisaria os contratos apresentados pela Eletronuclear e, em setembro de 2008, técnicos do tribunal visitaram as instalações das centrais nucleares em Angra dos Reis. Em 2008, o órgão verificou irregularidades no orçamento da usina, apontando um superfaturamento de R$ 469,3 milhões nas obras da usina nuclear, 6% do valor total previsto pelo governo, que impediu o fornecimento de parte dos recursos financeiros.

A construção da terceira usina nuclear do país, Angra 3 terá uma potência de 1350 MW consumir mais de R$ 9 bilhões de recursos públicos em uma energia suja, cara e perigosa. O Greenpeace vem alertando para o potencial de redução de consumo de energia por meio de medidas de eficiência energética desde fevereiro de 2007, quando lançou o relatório [R]Evolução Energética. Na publicação, o potencial de redução calculado para 2050 é de 413 mil GWh por ano.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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