Panorama
 
 
 

EXPEDIÇÃO CONCLUI ESTUDO SOBRE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2009

14 Jul 2009
Por Isadora de Afrodite
Quando o helicóptero desligou os motores no aeroporto de Itaituba (PA), foi oficialmente encerrada a Expedição Científica Terra do Meio, que levou uma equipe de pesquisadores à Floresta Nacional (flona) de Altamira para a conclusão da avaliação ecológica rápida (AER) da unidade de conservação. A avaliação, realizada de 16 a 26 de junho, será um dos elementos do plano de manejo da flona, localizada no estado do Pará, próxima à rodovia BR-163, que liga Cuiabá a Santarém.

As florestas nacionais são unidades de conservação de uso sustentável que podem ser utilizadas para a exploração de recursos florestais madeireiros e não madeireiros, por meio de concessões. Até hoje, o Brasil não fez nenhuma concessão no Distrito Florestal da BR-163, porque não há nenhum plano de manejo pronto. Com a conclusão do plano de manejo da Flona de Altamira, essa poderá vir a ser a primeira a licitar concessões de exploração comercial na região.

Em 2007, a primeira fase da avaliação ecológica rápida foi realizada com o apoio do Exército Brasileiro na porção sul da floresta nacional. Em junho de 2009, os pesquisadores visitaram dois pontos de coleta de dados na parte norte da unidade de conservação. Como essa porção da flona é mais preservada e não conta com estradas de acesso, a única forma de levar a equipe de 12 pesquisadores ao interior da floresta foi de helicóptero, um Cougar do 4º Batalhão de Aviação do Exército.

Cinco áreas - botânica, répteis e anfíbios terrestres, peixes, aves e mamíferos - foram objeto de pesquisas. Foi feito um levantamento sobre a situação da unidade de conservação antes das concessões florestais, para que se possa definir o tipo de atividade a ser desenvolvida, de acordo com o potencial econômico e com o objetivo maior da floresta nacional, que é a conservação ambiental. As informações também servirão como subsídios para a fiscalização das atividades realizadas na flona depois da concessão.

De acordo com o coordenador científico da expedição, Roberto Antonelli Filho, a conclusão da segunda fase de pesquisas possibilitou amostrar as principais tipologias da área, inclusive áreas alteradas e áreas íntegras, ou seja, com mínima interferência dos seres humanos. Maximiliano Roncoletta, técnico do WWF-Brasil e coordenador da expedição, explicou que o próximo passo será realizar uma oficina com todos os envolvidos no levantamento de informações para consolidar os dados coletados em campo que serão utilizados no plano de manejo da flona.

A gestora da Floresta Nacional de Altamira, Naiana Peres de Menezes, que acompanhou o trabalho dos pesquisadores em campo, ressaltou que os pesquisadores conseguiram chegar a lugares até então nunca visitados. “Os resultados são importantes não só para a Flona de Altamira, mas para a toda a Terra do Meio, que é uma região ainda pouco estudada pela ciência”, afirmou. Caberá ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) definir equipe para elaborar o plano de manejo.

Ao contrário da fase 1, dessa vez a expedição contou também com a participação de um membro do conselho gestor da Flona de Altamira, Gelson Luiz Dill, que acompanhou todas as atividades realizadas, para esclarecer possíveis dúvidas dos outros 21 membros do conselho sobre a expedição. Para Naiana de Menezes, o envolvimento da comunidade é indispensável, “porque a flona não é criada para ser uma redoma, então é importante que as pessoas participem de sua gestão”.

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Expedição científica percorre áreas não estudadas no Pará

14 Jul 2009
Por Isadora de Afrodite
Durante a Expedição Científica Terra do Meio, realizada na floresta nacional (flona) de Altamira entre 16 e 26 de junho, a equipe de pesquisadores teve a oportunidade de coletar dados sobre uma área nunca antes estudada, o interflúvio dos rios Jamanxim e Curuá.

Essa parte da Amazônia guarda segredos mesmo para os pesquisadores mais experientes. O resultado é que quatro espécies ainda não descritas pela ciência foram encontradas no interior da flona, o que contribui para a confirmação dessas espécies como novos achados científicos.

O objetivo da expedição foi completar a avaliação ecológica rápida (AER) da Floresta Nacional de Altamira. Ao contrário da primeira fase da AER, realizada em 2007, na segunda fase as pesquisas ocorreram em uma área com baixo nível de antropização, ou seja, uma área em que os seres humanos ainda não interferiram muito.

Com isso, os 12 cientistas encontraram comunidades bem íntegras de animais e plantas nas oito trilhas de pesquisa distribuídas entre as bases 1 e 2 da expedição. A base 1, mais no interior da flona, foi pesquisada entre os dias 17 e 20 de junho. A base 2, mais próxima do limite da flona, foi pesquisada de 21 a 24 de junho.

Na avaliação do coordenador científico da expedição, Roberto Antonelli Filho, a integridade da área pesquisada permitiu que o levantamento do meio biótico, ou seja, das plantas e animais presentes no local, fosse concluído com essa segunda fase de pesquisas.

“O levantamento do meio biótico ajuda a definir as zonas intangíveis da floresta nacional, ou seja, aquelas áreas que devem permanecer intactas por serem essenciais para a conservação da área e para o não comprometimento das comunidades que vivem na região”, afirma Antonelli. As florestas nacionais possibilitam a exploração de recursos florestais madeireiros e não madeireiros.

As pesquisas realizadas na Floresta Nacional de Altamira abordaram cinco aspectos distintos: botânica, répteis e anfíbios terrestres, peixes, mamíferos e aves.

Para que seja possível fazer a avaliação ecológica, as pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento devem ser feitas nos mesmos locais, para que os dados possam ser cruzados. Confira, agora, os resultados das pesquisas em cada uma dessas áreas.

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Coragem para atravessar um pedaço de floresta amazônica

14 Jul 2009
Por Isadora de Afrodite
Quando a equipe de pesquisa chegou ao acampamento da Expedição Científica Terra do Meio, encontrou uma estrutura de trabalho excelente no meio da floresta. Três barracões cobertos com lona branca delimitavam os espaços de convivência: a cozinha, a bancada de trabalho dos pesquisadores e a área para todos os participantes dormirem. A comida já estava no fogão de barro, feito naquele mesmo dia. Toda essa estrutura só foi possível graças a uma verdadeira aventura enfrentada pela equipe de logística.

Selecionados e contratados pelo Instituto Natureza Amazônica (INAM), empresa especializada em serviços na floresta, 14 mateiros foram os responsáveis por garantir o acesso e a permanência dos pesquisadores em campo. Eles saíram de Itaituba no dia 24 de maio.. Foram de carro até a Fazenda Roversi, próxima à Floresta Nacional de Altamira, e de lá partiram em direção às áreas escolhidas para servirem como bases de pesquisa. Foram 80 km percorridos a pé, no meio da floresta, para montar a estrutura de campo.

Cada um levava nas costas uma média de 30 kg, entre roupas, rede, material de campo e rancho, ou seja, a comida que seria consumida ao longo da viagem. O material foi transportado em jamanxins, cestos de palha presos às costas, tradicionais na Amazônia. Os mateiros avançaram abrindo as picadas com o facão, até chegar ao ponto que seria a base 2, mais próxima do limite da Flona. Foram seis dias de caminhada.

Na base 2, os mateiros foram divididos em equipes responsáveis por abrir as clareiras para o acampamento e para o pouso do helicóptero, montar os barracões e a estrutura do acampamento e abrir as trilhas de 4 km a 5 km cada, em quatro direções distintas, onde seriam realizadas as pesquisas.

Quando o trabalho da base 2 ficou pronto, os mateiros saíram novamente floresta adentro, dessa vez em direção à base 1, mais distante do limite da flona. Foram mais quatro dias de caminhada. Novamente as equipes trabalharam nas clareiras, na estrutura e nas picadas. No dia 15 de junho, quando a equipe de pesquisa da expedição chegou, toda a estrutura já estava pronta. E o pessoal da logística aguardava na base 1, para continuar dando apoio aos pesquisadores.

Em campo, os mateiros são indispensáveis para guiar os pesquisadores pelas trilhas, preparar a comida, manter o acampamento em ordem enquanto a equipe de pesquisa trabalha e, o mais importante, compartilhar com os pesquisadores os seus conhecimentos de campo. Uma expedição não acontece sem uma boa equipe de logística.

O acampamento foi chefiado por Zacarias Barros Piedade Júnior e por Vanilton Magalhães Pantoja, ambos funcionários do INAM. Vanilton, com o apoio de dois ajudantes de cozinha, também era o piloto do fogão de barro, construído por Raimundo Nonato Rodrigues dos Santos. “Quando estamos num acampamento assim, não pode faltar comida. Quando as equipes saem para as trilhas, voltam com muita fome porque gastam muita energia para andar na floresta. Se não falta comida, não falta disposição para trabalhar”, explica Vanilton.

Viagem em duas etapas
Essa foi a segunda viagem que essa mesma equipe fez à Flona de Altamira. A primeira, realizada em outubro de 2008, durou 35 dias. Os mateiros atravessaram os mesmos quilômetros de floresta para preparar o acampamento para a expedição, que deveria ter acontecido em novembro de 2008, mas precisou ser cancelada. “A primeira viagem foi mais difícil, porque foi a primeira vez que abrimos as picadas e as clareiras, então o trabalho foi mais puxado. Dessa vez, só precisamos reavivar as trilhas e limpar de novo as clareiras que já haviam sido feitas”, conta Vanilton.

Na primeira vez, a principal dificuldade enfrentada foi a falta de água. “Era época de seca, então não encontrávamos água potável. Quando achávamos algum ponto com água, era só um pocinho, onde os animais bebiam e defecavam. Mas tínhamos que usar essa água mesmo assim, para beber, cozinhar e lavar roupa”, conta Vanilton. “A outra opção era beber água de cipó”, completa.

Na segunda vez, ironicamente, a principal dificuldade foi o excesso de água. A travessia foi feita debaixo de muita chuva e, em determinado ponto, os mateiros precisaram atravessar o rio Aruri, com 80 m de largura. “Na primeira vez, a água era tão pouca que atravessamos o rio caminhando. Dessa vez, o rio estava cheio e com muita correnteza”, relata Vanilton. Para fazer a travessia, cinco homens cruzaram o rio a nado, levando uma corda amarrada na cintura de um deles. A corda foi presa em cada uma das margens e serviu de guia para as próximas travessias.

Para levar a carga de um lado a outro, foi construída uma jangada, que flutuou sobre duas câmaras de pneu de caminhão. A jangada foi presa à corda-guia e fez várias viagens até terminar de transportar toda a carga e todos os mateiros. Mesmo com todas as dificuldades, os mateiros não perderam o ânimo. Eles tiveram que ficar três dias acampados às margens do Aruri, enquanto dois membros da equipe vinham ao seu encontro. Durante todo esse tempo, aproveitaram a jangada construída para pescar e nadar no meio do rio.

Empreitada familiar
A equipe de logística da Expedição Científica da Terra do Meio tem uma peculiaridade: quase todos os integrantes são da família de Isaac Coelho da Silva. Dos 14 integrantes da equipe de logística, 10 são da mesma família. Primos, sobrinhos e outros parentes fazem juntos o pesado trabalho de abrir picadas e clareiras e manter o acampamento em ordem.

Isaac conta a história da viagem emocionado: “Minha mãe era índia Kuruai e morava aqui nessa região, às margens do rio Iriri. Há 55 anos, ela teve que sair da sua casa, por causa de uma guerra com outro povo. Ela foi para Barreiras, onde conheceu meu pai e onde eu e meus seis irmãos nascemos. Agora, graças a esse trabalho, voltamos para a região de onde a minha mãe saiu”.
Isaac e seus parentes já fizeram muitos tipos de trabalho pela região do Tapajós: já trabalharam na roça, no corte de madeira, em garimpo e mineradoras. A experiência de mato que adquiriram com esses trabalhos foi indispensável para a expedição. “Nós fomos contratados porque estamos acostumados com esse tipo de trabalho, mas principalmente porque temos coragem de entrar na floresta e ficar 30 dias caminhando. Não é todo mundo que aceita um serviço desse”, conta Isaac.

Para eles o trabalho vale a pena porque aumenta a renda da família, mas o motivo principal é o gosto pela aventura. “Sempre gostei de desafio. Nós fomos contratados para dar todo o conforto possível para a equipe de pesquisa e nós todos trabalhamos com gosto. Eu gosto de mato. Até o ar da selva é melhor do que o da cidade, onde eu fico agoniado”, afirma Isaac, e ensina: “no mato, temos que trabalhar juntos. Se todo mundo trabalha igual, o serviço fica leve para todo mundo”.

Mas os mesmos 14 bravos homens, que corajosamente enfrentaram 35 dias de caminhada na primeira viagem e mais 32 dias de trabalho na floresta na segunda, perderam o sono com medo de entrar no helicóptero do Exército para ir da base 1 para a base 2 e preparar o acampamento para a mudança dos pesquisadores. E quando a expedição foi encerrada, mais uma viagem de helicóptero foi feita por eles. Mas, dessa vez, a vontade de chegar logo em casa venceu o medo de voar.

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Macacos e antas, mas nada de onças

12 Jul 2009 Quando Hugo Cardoso de Moura Costa, pesquisador do Projeto Onça-Parda, chegou à base 1 da Expedição Científica Terra do Meio, sua grande expectativa era avistar um grande felino, de preferência a bela e temida onça-pintada.
Logo nas primeiras conversas com os mateiros, que já estavam na floresta há mais de 15 dias, o biólogo, responsável pelas pesquisas sobre mamíferos, foi informado de que duas pintadas haviam sido vistas, e uma delas inclusive havia passado a noite toda rondando o acampamento.

Hugo Costa instalou, então, armadilhas fotográficas ao longo das trilhas. Essas armadilhas são compostas por uma câmera fotográfica e um sensor de movimento.

Quando algum animal passa perto da armadilha, o sensor dispara a câmera e a presença do animal fica registrada. “Esse tipo de armadilha é muito útil para o registro de animais mais ariscos, como o tatu-canastra, o cachorro-vinagre e a onça-pintada”, explica Costa.

Ao longo dos dias, o biólogo identificou tocas e avistou animais como o tatu-canastra, a anta, o tatu-quinze-quilos, a queixada (tipo de porco-do-mato), o bugio, o macaco-aranha e até a lontra, espécie que foi escolhida como símbolo da expedição.

“A presença desses animais é um indício de que essa área está bem preservada, já que são espécies que só vivem em habitats de boa qualidade. No cerrado, por exemplo, espécies como antas e queixadas já não são encontradas com facilidade”, conta.

Apesar dos esforços de Hugo Costa, nenhuma onça-pintada apareceu. Na verdade, não foi feito nenhum registro de felino, mesmo os de pequeno porte, como o gato-maracajá.

No entanto, pelos relatos dos mateiros e da população local, certamente há felinos na área, mas, de acordo com Costa, com baixa densidade populacional. “A onça-pintada e os felinos pequenos são bem estudados em outros biomas, como a Mata Atlântica e o Pantanal, mas na Amazônia há uma deficiência de conhecimentos sobre essas espécies. Seria muito importante aprofundar os estudos”, afirma.

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Dia e noite em busca de cobras e lagartos

12 Jul 2009 A equipe de herpetologia, ou seja, especializada no estudo de répteis e anfíbios, gastou a sola das botas em busca de seus objetos de pesquisa.

Como há répteis e anfíbios com hábitos diurnos e noturnos, a bióloga Crisalda de Jesus dos Santos Lima e o técnico em zoologia Raimundo Rodrigues da Silva, do Meuseu Goeldi, percorreram duas vezes, uma de dia e uma de noite, cada uma das oito trilhas que compunham a área de pesquisa da expedição.

Cada trilha tinha em média 4 km de extensão. Isso significa que os dois pesquisadores percorreram um total de 128 km durante a expedição para encontrar cobras, lagartos, sapos, pererecas e até jabutis.

Segundo Crisalda Lima, as espécies encontradas são bem típicas da região amazônica e são indícios de uma floresta bem preservada.

Na primeira fase da AER, realizada durante período chuvoso, foram encontrados mais anfíbios, como sapos e pererecas, e menos serpentes.

A segunda fase aconteceu durante período mais seco, quando os anfíbios estão mais recolhidos e as serpentes aparecem mais. “Essa caracterização da herpetofauna em estação chuvosa e seca é muito importante para que possamos avaliar a variação sazonal”, afirma Crisalda Lima.

Na fase 2, serpentes como jararaca, coral, cobra-cipó, cobra-dormideira, jiboia-vermelha, surucucu foram destaque.

No total, foram encontradas nove espécies, que pertencem a cinco famílias diferentes. Além disso, Crisalda Lima destaca o avistamento de um jacaré, uma tartaruga cabeçuda e dois jabutis, um vermelho e um amarelo, que são caçados e estão ameaçados de extinção.

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Árvores de alto a baixo

12 Jul 2009 A equipe de botânica da expedição foi composta por três dos mais experientes pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi. O agrônomo e ecólogo Dário Dantas do Amaral, o biomédico Antônio Sérgio Lima da Silva e o técnico em botânica Carlos da Silva Rosário pesquisam juntos as plantas que compõem a floresta amazônica há mais de 20 anos.

Durante a expedição à Flona de Altamira, os três puderam, pela primeira vez, pesquisar uma área por terra, como costumam fazer, e pelo céu, graças ao apoio do helicóptero do Exército Brasileiro.

No dia 21 de junho, um domingo, depois de uma semana de pesquisas nas três trilhas da base 1 da expedição, a equipe de botânica embarcou no helicóptero Cougar para fazer um sobrevoo que abrangeu toda a extensão da Floresta Nacional de Altamira.

Durante quase duas horas, os três pesquisadores puderam observar a floresta do alto, para identificar as diferentes tipologias de vegetação.

Enquanto as araras sobrevoavam a copa das árvores, os pesquisadores voavam mais alto para mapear, com a ajuda de um GPS, os pontos em que há floresta densa e floresta aberta.

Esses dados são indispensáveis para que sejam definidas as áreas destinadas à exploração de madeira, que normalmente ocorre em locais de floresta densa, e as áreas que devem ser mantidas preservadas. “Encontramos um maciço de floresta densa muito íntegro e várias tipologias de floresta diferentes, com limites muito aparentes”, descreve Dário do Amaral.

Os pesquisadores explicam que a florestas densas são aquelas em que as copas das árvores se entrelaçam, e que as florestas abertas são aquelas em que as árvores têm copas mais distantes umas das outras.

Como isso é determinante para a quantidade de luz que penetra a floresta, em florestas densas e abertas são encontradas diferentes espécies de plantas e animais.

Entre as espécies encontradas na flona estão o cedro, a andiroba, a castanheira, a maçaranduba e o jatobá. “Em uma área escarpada, com altitude maior e pedra aparente, encontramos mandacaru”, conta Amaral.

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Arara-azul reina nos céus

12 Jul 2009 As pesquisas sobre as aves presentes na flona foram feitas a partir de três metodologias distintas. A primeira é o levantamento auditivo, ou seja, o pesquisador percorre cada uma das trilhas atento aos sons dos pássaros para identificá-los ou gravar seu canto para registro.

A segunda é o levantamento visual: com o auxílio de um binóculo, o pesquisador procura avistar os pássaros e identificá-los. O terceiro é a coleta, feita com o auxílio de uma rede de neblina, em que os pássaros ficam presos. Com essas três metodologias, os biólogos registraram entre 400 e 500 espécies de pássaros diferentes na flona.

Fabíola Poletto foi a responsável pela coleta e taxidermização dos animais – técnica de preservação para coleções científicas.

“Nós coletamos apenas os animais que são importantes para pesquisas futuras, ou seja, aqueles que ainda não temos em boa quantidade nos acervos de museus e sobre os quais ainda temos poucas informações científicas. A coleta é muito importante para estudos biogeográficos e de genética de populações”, afirma a bióloga.

A distribuição geográfica das aves na Amazônia costuma se dar por interflúvio de grandes rios, como explica Alexandre Aleixo: “os grandes rios costumam ser as barreiras geográficas para a dispersão de aves na Amazônia, ou seja, entre os grandes rios, a tendência é que a avifauna encontrada seja homogênea”.

No entanto, a Flona de Altamira surpreendeu os pesquisadores. “Acreditávamos que o rio Jamanxim era o limite de algumas espécies, mas encontramos espécimes no interior da flona, ou seja, além do Jamanxim. O curioso é que a flona parece ser o limite de distribuição dessas espécies. Por alguma razão que ainda desconhecemos, elas não vão mais para o norte”, comenta Aleixo.

Esse dado, apesar de parecer apenas um detalhe, é muito importante para se conhecer a fundo a distribuição geográfica das espécies.

“Essas minúcias fazem muita diferença na hora de planejar, criar e gerir unidades de conservação que sejam efetivas. Na Amazônia, ainda dá tempo de escolher com cuidado e com base em critérios mais biológicos as áreas que devem permanecer protegidas”, completa Aleixo.

As pesquisas da Expedição Científica Terra do Meio colaboraram para que Aleixo completasse estudos que vêm sendo conduzidos desde 2006 sobre duas novas espécies de aves.

Uma é o torom, que por enquanto tem o nome de Hylopexus sp., e que deve ser confirmado como nova espécie no final de 2009. A outra é o arapaçú-de-bico-torto, ou Campylorhamphus sp., que deve ser formalmente descrito como nova espécie em 2010.

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Pequenos, numerosos e desconhecidos nadadores

12 Jul 2009 A pesquisa sobre a ictiofauna, ou os peixes, da Floresta Nacional de Altamira foi feita basicamente em igarapés e outras pequenas áreas alagadas localizadas próximas às duas bases da expedição.

Assim, a maior parte dos peixes encontrados é de pequeno porte, como tetras, piabas, lambaris, bagres, cascudos e peixes-elétricos.

Os biólogos Rafael Pereira Leitão e Frank Raynner Vasconcelos Ribeiro, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), responsáveis pela análise, encontraram igarapés com a mata ciliar bem preservada, o que é essencial para a sobrevivência dos peixes.

“Em ambientes como esse, de mata fechada, em que há pouca entrada de luz, a mata ciliar é a maior responsável pela entrada de nutrientes no igarapé”, esclarece Rafael Leitão.

Diariamente, algumas dezenas de peixes eram coletadas pela dupla de pesquisadores. Para eles, a quantidade pode ser sinônimo de diversidade. “Os peixes que encontramos aqui são pequenos e as diferentes espécies são muito parecidas entre si.

Portanto, precisamos levar uma boa amostra ao laboratório, para que seja possível classificar cada espécime coletado e identificar se há ou não espécies desconhecidas ou pouco estudadas pela ciência”, explicam os dois pesquisadores.

Rafael Leitão destaca que parte significativa dos peixes encontrados, como os tetras e os cascudos, tem potencial para o comércio de peixes ornamentais, utilizados em aquários. No entanto, para que isso seja possível, é indispensável um estudo específico, que determine se o manejo da espécie para comercialização pode ou não ser feito e como.

Leitão e Ribeiro ainda ressaltam que há boas chances de que sejam encontradas espécies novas porque as coletas foram feitas em uma área que nunca havia sido pesquisada e com alto índice de isolamento, em relação a outros cursos d’água já estudados na Amazônia.

Na primeira fase da AER, foi encontrado um caranguejo ainda desconhecido, que ainda está sendo estudado, mas que pode vir a ser confirmado não só como uma espécie nova, mas como um novo gênero.

 
 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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