26 de Julho de 2009 - Isabela
Vieira - Repórter da Agência Brasil
- Foto Repórter Isabela Vieira/Abr - Paraty
( RJ)- Comunidades caiçaras de Paraty, no
sul fluminense, reclamam que condomínio de
luxo na Praia do Sono restringiu o acesso ao mar
Paraty - A falta de ações
sociais de governos nas comunidades caiçaras,
quilombolas e indígenas situadas na faixa
litorânea entre Angra dos Reis (RJ) e Ubatuba
(SP) favorece a instalação de empreendimentos
por meio de práticas violentas de expulsão
de povos tradicionais e, muitas vezes, de destruição
do meio ambiente.
A avaliação é
do presidente do Fórum de Comunidades Tradicionais
da região, Vagner do Nascimento, que procura
articular as mais de 100 comunidades caiçaras
(mistura de negros, índios e colonizadores),
sete aldeias indígenas e oito núcleos
de remanescentes de quilombos para reivindicar o
cumprimento de seus direitos.
“As comunidades têm seus
valores e suas tradições. Querem se
manter em seu local de origem, mas com condições
mínimas de sobrevivência. Ainda falta
escola, energia elétrica, médicos.
O que dificulta muito. Estamos indo para 2010, e
as pessoas não têm condições
de se manter como seres humanos”, diz Nascimento.
Membro da comunidade quilombola
de Campinho da Independência, Ronaldo dos
Santos, que participa do fórum, lembra que
a construção da BR-101, ligando o
Rio de Janeiro a São Paulo, na década
de 1960, atraiu uma série de investimentos
na região, que não foram acompanhados
pelo desenvolvimento social.
Dessa maneira, muitas comunidades
foram violentamente expulsas de suas áreas
por grileiros e jagunços, relatam moradores
de Vila Oratória. Elas vivem impasses com
grandes condomínios ou brigam com órgãos
ambientais para manter suas atividades tradicionais,
como coleta, pesca e caça.
“A falta de infraestrutura favorece
a especulação imobiliária.
O cara quer ir embora para estudar, para trabalhar”,
afirma Ronaldo. “O problema é que as pessoas
são simples. Acham que vendendo suas casas
terão condições de sobreviver
na cidade, sendo que o pagamento mal dá para
custear o aluguel de três meses. Daí,
acabam nas periferias [dos centros urbanos]”.
+ Mais
IBGE mapeia animais aquáticos
com risco de extinção no país
10 de Julho de 2009 - Thaís
Leitão - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Existem atualmente no
país 238 espécies e subespécies
de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados
de extinção. Entre elas, 41 apresentam
estado mais crítico, como o marisco-do-junco,
o ouriço-do-mar irregular, o cação-bico-doce
e o surubim.
A maioria desses animais com risco
de desaparecer tem seu habitat em regiões
de Mata Atlântica e em estados litorâneos,
onde a ação do homem, principalmente
com o crescimento das construções
imobiliárias, interfere no ciclo natural
das espécies.
A informação consta
do documento Fauna Ameaçada de Extinção:
Invertebrados Aquáticos e Peixes – 2009,
divulgado hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). O documento
é o quarto e último de uma série
lançada pelo órgão, desde 2006,
trazendo informações sobre aves; mamíferos,
répteis e anfíbios; e insetos e outros
invertebrados terrestres que podem entrar em extinção,
totalizando uma lista de 632 espécies.
Segundo Lícia Leone Couto,
bióloga do IBGE, a extinção
dos animais está ligada à atividade
humana. "A principal causa de extinção
é a destruição do habitat das
espécies e isso ocorre prioritariamente pela
ação do homem. Por isso, o mapa aponta
maior risco de extinção de animais
que têm maior ocorrência em cidades
costeiras, que têm grande atividade de construções
imobiliárias", explicou.
De acordo com o mapa, os cinco
estados em que o risco de extinção
dessas espécies é maior são:
São Paulo, onde existem 86 espécies
e subespécies ameaçadas; Rio de Janeiro,
com 76; Rio Grande do Sul, que tem 55; Bahia, com
51; e Paraná, com 43.
A bióloga destacou como
fatores que aceleram o processo de extinção
a poluição das águas, a sobrepesca,
a pesca esportiva e o comércio de peixes
ornamentais. Lícia Leone Couto citou o caso
do tubarão, cuja barbatana, altamente valorizada
no mercado internacional, pode ser vendida por até
US$ 1 mil o quilo.
O mapa de invertebrados aquáticos,
assim como os outros três mapas já
produzidos pelo IBGE, foram desenvolvidos com base
na Lista das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção, publicada
em 2004 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para
o coordenador de Recursos Naturais e Estudos Ambientais
do IBGE, Celso José Monteiro Filho, o documento
ajuda a alertar a população sobre
o real risco que as espécies correm e a orientar
políticas públicas.
“Quando os dados são organizados
espacialmente em um mapa, é possível
observar a real situação da conservação
das espécies da fauna brasileira e, com isso,
nortear ações públicas de preservação,
como a criação de novas unidades de
conservação, além de disponibilizar
material rico a estudantes e pesquisadores da área”,
ressaltou.