17 de Agosto de 2009
- Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil - Valter Campanato/Abr - Brasília
- Integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens
fazem manifestação em frente ao Ministério
de Minas e Energia para denunciar os problemas sociais
e ambientais causados pela construção
de barragens no país
Brasília - Os integrantes do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB) realizaram na tarde
de hoje (17), em Brasília, um protesto em
frente ao Ministério de Minas e Energia,
para denunciar as consequências ambientais
e sociais do atual modelo energético brasileiro.
Para os coordenadores da organização,
a opção pela construção
de grandes barragens, sem consulta às populações
afetadas pelas obras, tem deixado milhares de pessoas
desabrigadas e não tem sido fator de redução
do preço da energia.
Segundo Joceli Andreoli, um dos
coordenadores nacionais do MAB, as tarifas energéticas
brasileiras estão entre as mais caras do
mundo, embora a principal fonte da matriz nacional
seja a energia hidráulica, considerada de
produção barata, e o país dispor
de grandes mananciais.
“Os brasileiros pagam um absurdo
e muitos sequer têm acesso à energia
elétrica. Esse problema vem de outros governos
recentes e se agravou com as privatizações
do setor”, disse. “Do jeito que está hoje,
somente as empresas multinacionais lucram. É
preciso que o governo tome uma medida para que a
energia elétrica não seja tratada
como uma mera mercadoria, caso contrário
não há como utilizarmos soberanamente
esse bem”, completou Andreoli.
De acordo com o coordenador do
MAB, desde a década de 1970, quando a construção
de grandes usinas hidrelétricas se espalhou
por todo o país, o Estado brasileiro vem
acumulando uma enorme dívidas com milhares
de pessoas que tiveram que deixar suas terras, suas
raízes e, em muitos casos, seu meio de subsistência.
Andreoli citou dados da Comissão
Mundial de Barragens, entidade ligada ao Banco Mundial,
que, em 2002, calculou que, somente no Brasil, 1
milhão de pessoas já haviam sido “expulsas”
de suas terras por causa das barragens, e 70% delas
não teriam recebido até hoje a indenização
ou reassentadas em outras áreas. “Não
há uma política definida para os atingidos
e o que queremos é que o governo estabeleça
critérios e parâmetros para medir a
dívida social com essas famílias”,
disse.
Segundo a assessoria do MAB, cerca
de 500 pessoas participaram da manifestação,
que também contou com o apoio de militantes
de movimentos sociais que integram a Via Campesina,
como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST). Desde o último dia 10, representante
do MST estão acampados próximo ao
Congresso Nacional, participando do Acampamento
Nacional Pela Reforma Agrária. A segurança
do ministério foi feita por 37 policiais
militares do Distrito Federal.
Procurado pela reportagem, o Ministério
de Minas e Energia informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que convidou um grupo de representantes
do MAB para uma reunião com o ministro Edison
Lobão. O convite, segundo a assessoria, foi
recusado.
Sobre a acusação
do coordenador do MAB, de que as tarifas elétricas
brasileiras estariam entre as mais caras do mundo,
o ministério disse não possuir dados
comparativos com os valores cobrados em outros países.
A assessoria do MAB não
confirmou o convite feito pelo ministério,
mas informou que a proposta da organização
era de realizar apenas o protesto, pois o ministério
já conhece quais são as reivindicações
do movimento.