13 de Agosto de 2009 Internacional
— Relatório inédito do Greenpeace
na Espanha aponta que aquecimento global agrava
e intensifica incêndios nas florestas
do sul da Europa
Um novo relatório lançado
pelo Greenpeace na Espanha lista como o aquecimento
global já está provocando um aumento
na intensidade e propagação de incêndios
florestais nos países do Mediterrâneo
e no Sul da Europa.
O relatório detalha como
as ondas de calor, os terrenos secos, as mudanças
no uso do solo, as áreas degradadas e a falta
de gestão das florestas tornam a vegetação
mais inflamável e as queimadas cada vez maiores
e mais difíceis de controlar. Esses impactos
das mudanças climáticas já
estão sendo observados em famosos destinos
turísticos na Espanha como as ilhas Canárias
e a Grécia.
As queimadas matam, destroem ecossistemas
frágeis e arruínam a agricultura.
Este ano nas Ilhas Canárias, Espanha, os
incêndios têm causado muitos estragos:
onze pessoas morreram e 8000 foram evacuadas. Dados
do Centro Europeu de Informações sobre
Incêndios florestais mostram que apenas 25
dos mais de 10 mil focos de incêndios queimaram
até agora mais de 65% da superfície
dos 500 ha atingidos.
Dados divulgados pela União
Europeia esta semana mostram que até a metade
da época de queimadas deste ano, os incêndios
no continente já queimaram uma área
maior do que em todo o ano passado. O relatório
também fornece estudos de caso detalhados
sobre os incêndios florestais na Galícia
– no noroeste da Espanha, na fronteira com Portugal
- onde há previsão de acontecer metade
dos incêndios da Espanha.
“As mudanças climáticas
está mudando o padrão e a intensidade
dos incêndios com consequências sociais
e econômicas desconhecidas”, disse Miguel
Soto, do Greenpeace na Espanha. “Os incêndios
florestais estão ficando fora de controle
na Espanha e em toda a parte sul da Europa, bem
como em outras regiões semi-áridas
na Califórnia e Austrália. Com modelos
de clima prevendo aumento das ondas de calor nos
próximos anos, estamos nos aproximando de
uma emergência global ”, completa.
A região do Mediterrâneo
foi identificada pelo Painel Intergovernamental
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) como um dos locais mais
vulneráveis aos impactos das mudanças
climáticas. Os incêndios dos últimos
anos incluem uma onda de calor que atingiu toda
a Europa em 2003 e causou fortes incêndios
em Portugal, no sul da França e na Itália;
em 2007 os incêndios inavadiram Tenerife e
Grécia; já em 2009, os incêndios
mais fortes aconteceram na Espanha.
“Esse ciclo vicioso entre o aumento
da temperatura e uma maior quantidade de incêndios
nas florestas é uma evidência de que
as mudanças climáticas são
um fator chave na propagação desses
incêndios, que por sua vez emitem mais gases
e agravam o aquecimento global”, disse Christoph
Thies do Greenpeace Internacional. “Líderes
mundiais não podem deixar o planeta queimar
e para impedir isso, devem colocar dinheiro sobre
a mesa principalmente para combater o desmatamento.
Se eles falharem, irão deixar nosso futuro
virar cinzas", comenta.
Greenpeace acredita que na Convenção
de Clima a ser realizada em Copenhague em dezembro,
os líderes devem assumir um corte de 40%
nas emissões até 2020 e que os países
desenvolvidos invistam USD $ 140 bilhões
por ano para ajudar países em desenvolvimento
a migrarem para uma economia de baixas emissões
de carbono, combater o desmatamento e investir em
ações para se adaptar aos impactos
das mudanças do clima.