Panorama
 
 
 

RELATÓRIO DA ONU CRITICA FALTA DE RESPEITO
AOS DIREITOS INDÍGENAS NO BRASIL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2009

21/08/2009 - O documento, divulgado no dia 20 agosto, menciona o risco de retrocesso de direitos reconhecidos em razão de inúmeras propostas legislativas que tramitam no Congresso e das limitações definidas no julgamento da Terrra Indígena (TI)Raposa-Serra do Sol. O relator especial James Anaya recomenda que o Estado garanta a realização de consultas prévias com os povos indígenas e dê melhor assistência nas áreas de saúde, educação e justiça.

O relatório sobre a visita ao Brasil será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, no mês de setembro, juntamente com o relatório anual que, este ano, aborda como tema especial o Dever de Consulta do Estado aos Povos Indígenas.

Em agosto de 2008, o relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, James Anaya, esteve em Brasília e percorreu os estados do Amazonas, Roraima e Mato Grosso do Sul. No documento sobre o País, ele destaca o comprometimento com padrões internacionais de direitos humanos que reconhecem direitos indígenas coletivos como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Declaração da ONU sobre Direitos dos Povos Indígenas, bem como os avanços da legislação das políticas nacionais voltadas aos indígenas. No entanto, ressalta que os povos ainda enfrentam obstáculos para a realização de seu direito de autodeterminação, e sofrem com discriminações de raízes históricas, que persistem em muitas esferas da vida política e social. Segundo Anaya, essa discriminação se reflete na falta de participação indígena nas instâncias de tomadas de decisões sobre assuntos que lhes afetam, nas ameaças à integridade cultural, nas precárias condições de vida e na violência freqüente que é praticada contra os povos indígenas.

O texto menciona, entre outras coisas, a preocupação com o retrocesso de direitos indígenas reconhecidos em razão de inúmeras propostas legislativas que tramitam no Congresso e das limitações que suscitam as 19 condicionantes no julgamento da TI Raposa-Serra do Sol. Observa ainda que, apesar de persistirem influências paternalistas em suas ações, a Fundação Nacional do Índio (Funai) manifestou-se consciente da necessidade de abandonar antigas posturas nesse sentido e tem investido esforços para incorporar uma orientação política consistente com as normas internacionais contemporâneas.

Uma das conclusões é de que mais passos devem ser dados no sentido de avançar os compromissos internacionalmente assumidos pelo Estado em relação aos povos indígenas, especialmente no tocante ao empoderamento dos povos indígenas para controlarem todos os aspectos de suas vidas, pela participação na administração e prestação de serviços de saúde e educação às suas comunidades, e pelo direito de consulta nas decisões que afetam suas terras e recursos naturais. Saiba mais sobre o direito de consulta livre, prévia e informada aqui.

O relator observa que no Brasil o avanço de certas políticas e proteções constitucionais de direitos indígenas aumentaram a visibilidade dos povos indígenas. Isso atraiu controvérsias e um espírito de antagonismo político, que se sobressai na maneira como a mídia brasileira reporta, às vezes, inclusive, com hostilidade aos assuntos indígenas. Ele atribui a impulsão dessa atitude dos meios de comunicação brasileiros a controvérsias políticas e econômicas que influenciam as discussões públicas numa aparente tensão entre desenvolvimento econômico de um lado e, do outro, a conservação do meio ambiente e o reconhecimento de direitos indígenas.

No que se refere a projetos de desenvolvimento de grande escala que afetam comunidades indígenas e devem salvaguardar direitos dos povos afetados, são citados os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); a construção de hidrelétricas nos rios Xingu, Tocantins, Madeira, Estreito, Tibagi, Juruena, Cotingo e Kuluene; a transposição do Rio São Francisco; a construção da Hidrelétrica de Belo Monte (saiba mais aqui); e as ações da Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA), como a construção do complexo do Rio Madeira e de hidrelétricas como Santo Antonio e Jirau, em Rondônia. Anaya identifica que não foi definido no Brasil um meio adequado de consulta aos povos indígenas em consonância com a Convenção 169 da OIT e a Declaração da ONU e observa que a falta de tal mecanismo de consulta, estabelecido por lei ou outra forma, reflete um problema mais amplo: “a necessidade de harmonizar por completo as políticas públicas, leis e iniciativas para desenvolvimento econômico com aquelas para assegurar a realização do direito de autodeterminação e direitos relacionados dos povos indígenas”.

Assim, recomenda, entre outras coisas, que o governo garanta consultas adequadas com os povos indígenas em relação a todas as decisões legislativas ou administrativas que os afetem, de acordo com os padrões internacionais aplicáveis. Sugere que, para tanto, uma lei ou regulamentação seja elaborada, definindo um procedimento de consulta aos povos indígenas. Ele ressalta que esse procedimento em si deve ser desenvolvido em consulta com povos indígenas e aplicado na decisão de projetos de desenvolvimento e atividades de extração de recursos naturais que tenham impacto direto sobre povos indígenas, inclusive nas atividades que são desenvolvidas fora de terras indígenas demarcadas.

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Câmara rejeita emenda que dispensava licenciamento ambiental para obras em rodovias federais

20/08/2009 - O artigo havia sido incluído na Medida Provisória (MP) 462, que dispõe sobre a prestação de apoio financeiro da União aos municípios. A emenda tentava autorizar, sem licenciamento ambiental, obras rodoviárias federais de pavimentação, melhoramento, adequação e ampliação de capacidade.

Pelo menos uma das diversas bombas programadas para explodir a política ambiental brasileira foi desativada ontem (19/08). Felizmente. Em uma atitude inusitada no momento político atual, as bancadas do PT e PSDB votaram em massa contra a emenda contrabandeada pelo relator Sandro Mabel (PR/GO) na MP 462, divergindo do posicionamento da maioria dos partidos da base aliada. Por 193 votos contra 164 o artigo foi retirado do texto da MP, que trata de apoio financeiro aos municípios.

Segundo a emenda, a pavimentação ou duplicação de rodovias federais seriam atividades consideradas sempre de baixo impacto ambiental, independentemente do local e do tamanho da rodovia, o que as dispensaria de licenciamento. Essa foi a segunda tentativa de aprovar o dispositivo. A primeira ocorreu no começo do ano, através da MP 452 (veja mais aqui), que, exatamente por haver incluído a polêmica emenda, não foi votada pelo Senado e perdeu a validade no dia 1º de junho.

Nessa nova tentativa do governo de aprovar a realização de obras sem licença, o relator diferenciou as consideradas de médio impacto ambiental – que ainda exigiriam licenças prévia e de instalação – das de pequeno impacto, que seriam liberadas sem necessidade de estudos. Também estipulou prazos de 60 ou 90 dias para concessão das licenças e determinou que as faixas de domínio das rodovias fossem excluídas dos limites de unidades de conservação, áreas indígenas ou especialmente protegidas, das já demarcadas ou a serem demarcadas.

“Essa emenda era pura sacanagem. Hoje a legislação já traz regras mais simples para obras de baixo impacto ambiental. O que ela queria, portanto, era empurrar goela abaixo da sociedade, sem qualquer processo de avaliação de impactos ambientais, obras de viabilidade duvidosa como a BR 319, menina dos olhos do ministro Alfredo Nascimento, do mesmo partido do relator”, avalia Raul do Valle, um dos coordenadores do Programa de Política e Direito Socioambiental (PPDS) do ISA.

Atrás de uma justificativa para a proposta de mudança na lei, entramos em contato com a assessoria de imprensa do relator, que informou que ele estaria viajando, impossibilitado de nos atender.

Para o deputado Sarney Filho (PV/MA), se aprovada, a emenda seria uma ameaça sobre a biodiversidade brasileira: “Foi uma vitória para a sustentabilidade, sinalizou realmente que o Brasil está dentro dessa nova economia de baixo consumo de carbono, que valoriza os nossos bens ambientais e os serviços que eles prestam e que devem ser bem pagos pela comunidade internacional. Copenhaguen está aí, estamos às vésperas de discutir o pós Kyoto e não teria sentido se o Congresso afrouxasse a legislação no que diz respeito a um vetor de desmatamento”, disse.

"Foi uma vitória expressiva para o setor ambiental e para o próprio Ministério do Meio Ambiente", declarou o ministro Carlos Minc, ao considerar que a aprovação seria um “desastre ecológico”. Minc afirmou que a votação impôs “uma derrota significativa àqueles que pretendiam trafegar na contramão da história por estradas poluídas".

A assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), questionada sobre a derrubada do dispositivo, não retornou com uma posição oficial

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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