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SUMIDA HÁ 60 ANOS, ESPÉCIE DE GAVIÃO É VISTA EM REBIO DO ESPÍRITO SANTO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2009

Carla Lisboa - Brasília (31/08/2009) – Pesquisadores que participam do projeto de monitoramento da avifauna na Reserva Biológica (Rebio) Augusto Ruschi, em Santa Teresa, no Espírito Santo, fizeram um registro importante para a biodiversidade brasileira. Durante os trabalhos de observação, eles fotografaram em meio às árvores da unidade um exemplar de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus). A ave, ameaçada de extinção, não era vista na região há 60 anos, segundo especialistas.

O gavião foi avistado várias vezes durante o monitoramento, iniciado no ano passado. Os especialistas detectaram ainda populações de outras espécies de aves de rapina e aves raras, consideradas extintas ou ameaçadas de extinção na Mata Atlântica. A equipe, formada por analistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Museu de Biologia Mello Leitão e da Superintendência do Ibama no Espírito Santo, terminou a primeira fase do projeto no início deste mês.

O analista ambiental e titular da pesquisa, Tomaz Dressendorfer de Novaes, disse que, num primeiro momento, o reconhecimento das aves foi feito por meio da audição dos sons emitidos pelos animais e gravados pela equipe. Daí em diante, passou-se a registrar regularmente exemplares de espécies, como gavião-real (Harpia harpyja), o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), gavião-pombo-grande (Leucopternis polionotus), o gavião-relógio (Micrastur semitorquatus) e o gavião-caburé (Micrastur ruficollis). “Os registros dos exemplares são feitos regularmente ao longo do monitoramento, pois não sabemos, por enquanto, o número de indivíduos ao certo não sabemos e são muitos ou poucos”, afirma Novaes.

Ameaçados de extinção no Estado do Espírito Santo (confira quadro abaixo com dados sobre a extinção dos gaviões na região), e, muitas vezes, também em outras regiões do País e do mundo, as espécies de gaviões encontrados na Rebio habitam as árvores mais altas, precisam de grandes territórios para sobreviverem, ocupam o topo da cadeia alimentar e caçam suas presas no solo e nas árvores. Eles se alimentam de outras aves, de mamíferos de pequeno e médio portes, répteis e grandes insetos. No entanto, à medida que a floresta é destruída, principalmente na Região Sudeste, onde a Mata Atlântica foi quase que totalmente substituída por pastagens, cultivos agrícolas e cidades, as espécies entraram em extinção.

Novaes informa que a existência de aves ameaçadas de extinção na Rebio indica que a reserva está bem conservada. Segundo ele, “além dos gaviões,foram também detectadas populações de outras aves ameaçadas de extinção”, informa. Os gaviões têm grande importância no equilíbrio da natureza e na seleção natural, visto que controlam as populações de outros animais, ajudam a evitar a formação de superpopulações de suas presas e, com isso, acabam eliminando indivíduos doentes e defeituosos. A maioria das espécies de gaviões está ameaçada pela caça e, principalmente, pela destruição ambiental.

Novaes esclarece que “a descoberta de gaviões tidos como extintos na região da Rebio só foi possível graças ao projeto de monitoramento de avifauna que vem sendo desenvolvido na unidade de conservação”. A Rebio Augusto Ruschi tem 3.598,41 hectares, mas no entorno e além dele, na região, existem diversas áreas florestais bem conservadas. É por isso que o ambiente na reserva proporciona as condições necessárias para a manutenção das populações dessa aves, principalmente as de grande porte, que, por sua natureza, necessitam de extensas áreas florestais.

O ornitólogo Tomaz Novaes diz ainda que tanto a Harpia harpyja como a Spizaetus ornatus são espécies de grande porte. “São carnívoros de topo de cadeia, que, além de serem ameaçadas de extinção, são raras na região e mesmo no Brasil merídio-oriental. Portanto, a existência delas indica que a unidade de conservação vem cumprindo os seus objetivos, sendo de importância estratégica para a manutenção das populações dessas espécies, consideradas atualmente verdadeiras raridades”, afirma.

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Pesquisadores encontram 118 espécies de anfíbios e répteis em reserva extrativista da Amazônia

Carlos Oliveira - Brasília (04/08/2009) – Após três anos de estudos, aventuras e muita dedicação, um grupo de pesquisadores liderado pelo biólogo e mestre em zoologia Jucivaldo Dias Lima, do Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), encontrou 118 espécies de anfíbios e répteis na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Cajari, que fica no estado. Foram registrados ainda dois tipos de serpente – a Colubridae (Drepanoides annomalus) e a Elapidae (Micrurus hemprichii) –, e três gêneros de anfíbios ápodas, aqueles que não têm pernas, conhecidos também como cobras-cegas (cecílias).

Para o biólogo, a alta diversidade de espécies mostra a necessidade de preservação da natureza, principalmente tratando-se de uma reserva usada pela comunidade. “É um grande número de espécies para uma reserva extrativista. As que foram registradas são basicamente de Floresta Amazônica bem preservada, sem a presença de espécies exóticas”, explica. O ineditismo das informações colhidas durante as pesquisas é outro componente de destaque. Agora, os pesquisadores estão preparando artigo em que serão publicados os resultados obtidos.

As pesquisas científicas em áreas federais de conservação são autorizadas pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio), gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Quando se trata de reservas extrativistas, é preciso ainda o aval das comunidades da região. No caso da Resex do Rio Cajari, como explica a analista ambiental Cristiane Góis, que atua na unidade, o projeto foi apresentado e aprovado durante reunião do Conselho Consultivo da unidade.

Agora, ao fim da pesquisa, detalha Cristiane, os pesquisadores do Iepa, conforme acertado na reunião, deverão apresentar um relatório à comunidade com os resultados dos estudos. “Além disso, o grupo liderado pelo biólogo Jucivaldo Lima se comprometeu a executar ações de educação ambiental no que se refere aos cuidados com animais peçonhentos e montar uma minicoleção com espécimes de répteis e anfíbios coletados.”

Esse tipo de trabalho, para a analista ambiental, é muito importante para o conhecimento detalhado da fauna e flora e também para a correta gestão da UC. “Fornecem dados para a construção do plano de manejo, que está sendo elaborado, e muitas pesquisas são base para propostas de desenvolvimento de atividades produtivas, como por exemplo, meliponicultura, criação ou manejo de animais silvestres, como cateto, paca, entre outros, e para o incremento na produção de castanha,” frisa Cristiane.

MOBILIZAÇÃO – A mobilização científica em torno desse tema se deu a partir de um convite da Embrapa Amapá no sentido de estudar a área com germinação de castanha do Brasil. O grupo liderado por Jucivaldo aceitou fazer parte do desafio e começou, em 2006, várias incursões na Resex. O encerramento das coletas se deu no meio do ano.

Os cientistas desenvolveram a pesquisa intitulada o “Efeito da Ocupação Populacional sobre a Composição e Riqueza de Espécies da Herpetofauna e suas implicações na Reserva Extrativista do Rio Cajari”. Ainda foram feitos dois trabalhos de conclusão do curso de Biologia da Universidade Federal do Amapá com base em levantamentos de anfíbios e répteis na Unidade de Conservação.

A metodologia utilizada para a coleta das amostragens foi estabelecida com base em visitas periódicas ao local de trabalhos. “Permanecíamos em campo por dez dias fazendo coletas e observações diurnas e à noite. Utilizávamos armadilhas que, neste período, permaneciam abertas, sendo vistoriadas diariamente. Tínhamos, assim, três transectos de um quilômetro abertos na mata, onde fazíamos a colocação das armadilhas e coletas por meio de procura ativa,” explica Lima.

Para outros estudos, detalha o biólogo, o grupo ampliava o número de colocações para sete, sendo que em cada uma delas eram abertos três transectos de um quilômetro, totalizando 21 quilômetros de amostra dentro da unidade. “No total tínhamos 28 armadilhas distribuídas em sete colocações, totalizando 336 baldes enterrados, uma vez que cada armadilha era composta por quatro baldes. Ficávamos cinco dias em cada ponto de colocação.”

Os pesquisadores permaneciam na mata por aproximadamente 15 horas ininterruptas. “Durante o período de amostragens acordávamos cedo para sair a campo entre 7h30 e 8h da manhã e retornávamos à noite, por volta das 23h. Passávamos o dia todo na mata, onde podíamos realmente entender melhor o que ocorria na área, além, é claro, de observar as belezas naturais,” destaca Jucivaldo Lima.

Todos os envolvidos, as biólogas Andreza Ramalho da Silva e Suelique de Souza Queiroz e os estudantes de Biologia Rafael Cabral dos Santos e Hugo Marques Solano, sob o comando de Jucivaldo Dias Lima, contaram com apoio dos moradores da região para darem andamento às pesquisas. “Eles nos deram permissão para a entrada em seus castanhais e nos auxiliaram como guias nos deslocamentos pela área. Ainda recebemos apoio fundamental dos técnicos do Instituto Chico Mendes responsáveis pela gestão da reserva”, conta Jucivaldo.

Para o cientista, essa pesquisa com répteis e anfíbios é só o primeiro passo de várias outras observações científicas que podem ser feitas na Resex do Rio Cajari. “Acho que a unidade de conservação tem potencial para grandes estudos, como os de biologia reprodutiva das espécies, comportamento e vários outros estudos de ecologia,” conclui.
Ascom/ICMBio


 

ICMBio - Instituto Chico Mendes
Ascom

 
 
 
 

 

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