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COMISSÃO EUROPEIA APOIA O FIM DO
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ATUM AZUL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2009

10 de Setembro de 2009 - A Comissão Europeia decidiu esta semana apoiar a proibição do comércio internacional do atum azul no Atlântico Norte e Mediterrâneo. A Comissão pede que o atum azul seja classificado como uma espécie ameaçada nos termos da Convenção do Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES). Essa classificação iria suspender de forma efetiva o comércio internacional dessa espécie de atum até que a espécie aumente sua população.

“As populações de atum azul caíram para níveis criticamente baixos. Quem é contra a proposta de proibição está colocando claramente os interesses comerciais de curto prazo acima da sobrevivência da espécie," disse Saskia Richartz, do Greenpeace.

A proposta de listar o atum azul como uma espécie em vias de extinção foi originalmente apresentada pelo principado de Mônaco em julho, à Comissão Internacional para a Conservação de Atuns e a fins do Atlântico (ICCAT), em resposta a populações criticamente baixas e que sofrem com a sobrepesca.

O Presidente francês Nicolas Sarkozy conduziu discursos de apoio a proposta de Mônaco. Vários outros países da União Europeia (UE), incluindo o Reino Unido, Países Baixos, Alemanha, Polônia e Áustria, também influenciaram a decisão. “O atum azul se tornou ameaçado devido à gestão vergonhosa da pesca pela União Europeia. A suspensão do comércio é o último recurso, e ele apenas nos dá o tempo necessário para que os países ponham ordem em sua gestão de pesca”, completa Richartz.

“O Brasil deve emitir sua posição favorável a proposta de Mônaco, seguir a decisão da União Européia e apoiar o fim do comércio do atum azul”, comenta Leandra Gonçalves, do Greenpeace.

A implementação de uma Política Nacional dos Oceanos, que defina o ordenamento da atividade pesqueira e com a proibição de redes de arrasto, fiscalização eficiente, mecanismos de certificação do pescado é fundamental para zelar pela proteção do oceano que banha a costa brasileira. Além disso, o Greenpeace acredita que 30% da costa brasileira deve ser delimitada com áreas marinhas protegidas, que visam não só a conservação da biodiversidade mas também o combate ao aquecimento global – já que os oceanos possuem a capacidade de absorver pelo menos 30% do CO2 gerado pelas atividades humanas. Atualmente, apenas 0,4% de nossa zona costeira e marinha encontra-se protegida, ainda que não implementada.

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Entrevista: “O relatório sobre a pecuária do Greenpeace posicionou a discussão em uma nova fase”.

01 de Setembro de 2009 — Roberto Smeraldi, do Amigos da Terra, faz um balanço do Workshop Internacional que discutiu as soluções para o desmatamento causado pela pecuária na Amazônia.

Na última semana de agosto, a ONG Amigos da Terra junto ao Imazon e Greenpeace organizaram um evento em São Paulo para discutir as soluções para a pecuária na Amazônia. Roberto Smeraldi, diretor executivo da Amigos da Terra, faz uma avaliação do evento e reflete a importância de colocar ONGs, bancos, supermercados, frigoríficos e fazendas na mesa de negociações. Leia abaixo a entrevista na íntegra.

Depois desses dois dias de troca de informações e discussões, o que mais chamou sua atenção no evento?

Pela primeira vez, todos os principais bancos, supermercados, frigoríficos, várias associações de produtores, a academia, USP, Esalq participaram juntos da mesma discussão. E o destaque desse evento foi a exatamente essa diversidade, que surgiu porque nós, as ONGs, tivemos a coragem de convocar todo mundo para esse debate e porque o outro lado teve coragem de vir. Essa diversidade a meu ver foi devido ao fato de o Greenpeace, com o relatório A Farra do Boi na Amazônia, ter mantido aquecido o tema na mídia e isso com certeza fez com que esse convite fosse atendido pelo setor. O timing dessa convocação deve ter soado interessante para eles. Talvez se tivéssemos proposto o evento em um outro momento, não tivéssemos tido o mesmo sucesso.

Além dos dois dias de discussão, também fazia parte do evento uma viagem de campo ao Acre para visitar algumas fazendas sustentáveis. Depois de ir até lá e conhecer a iniciativa, a pecuária realmente pode ser feita de outra forma na floresta?

A viagem de campo foi surpreendente. As fazendas estão lá e são sustentáveis. Você começa a perceber o tamanho do disparate econômico que a pecuária implica. Você começa a ver e a entender o que o setor está perdendo, a quantidade dos empregos gerados. A pecuária tradicional gera 1 emprego a cada 400 ha, nas fazendas mais sustentáveis essa proporção é de 1 para cada 80 ha e com todos os trabalhadores registrados na CLT. Nos 70 milhões de ha de pastagens poderia ser empregada toda a população regional. Uma outra diferença entre uma fazenda convencional e uma sustentável é que o animal chega para o abate com metade da idade, emitindo a metade de metano por quilograma de carne consumido. Em termos ambientais, a diferença também é gritante, a reserva legal respeita a legislação ambiental, a quantidade de bois por ha é maior e o índice de produtividade é 3 vezes maior do que o de uma fazenda normal em que o índice é de 0,9 cabeça por ha. Todas as fazendas têm APP e cumprem com a regulação fundiária e ambiental.
Ao participar do evento, conversar com os atores e saber o que cada um pensa, qual foi a sua avaliação da iniciativa?

Duas coisas devem ser destacadas e aprendidas. Eu esperaria que muitas propostas que a gente faz tivessem resistência dentro do setor, dizendo que as ONGs pedem demais, por exemplo. Mas, ao contrário, todos acharam bem relevante o que a gente estava pedindo. Ninguém questionava os fatos. Foi interessante observar que o Greenpeace posicionou a discussão em uma nova fase. Nos dias logo após o lançamento do relatório, lia-se na imprensa que todo mundo queria processar o Greenpeace porque as constatações do relatório eram mentirosas. Eu imaginaria ouvir esse discurso no evento, mas parece que ele morreu. Todo mundo assumiu que o Greenpeace fala a verdade. Não há mais questionamento nem os dados do Greenpeace, nem aos do Imazon, nem aos dos Amigos da Terra. Ninguém questiona o desmatamento zero. Eles diziam: isso é bom, mas quem vai bancar? Os embates ficaram dentro do setor econômico, entre pecuaristas, frigoríficos e os supermercados. A percepção foi que esse é um setor que precisa de articulação entre os elos. É a primeira vez que todos eles sentaram a mesa para discutir a pecuária sobre a perspectiva ambiental. A reunião foi o início de uma discussão sobre a negociação ao longo da cadeia sobre quem paga a conta e quem vai ficar com os benefícios.

Durante as conversas, você identificou uma diferença de postura entre as empresas multinacionais e as brasileiras?

As empresas de cadeias de compra tendem a ter uma postura parecida em termos de conteúdo, mas há diferenças com relação aos prazos. Os de fora querem resolver rápido os problemas e os brasileiros tendem a complicar, dizer que as coisas são lentas.

Qual é o papel da sociedade civil na resolução de problemas ambientais?

A sociedade civil está indo além do que seria nossa atribuição e ambição. Estamos nos tornando e proporcionando uma articulação dentro de setores produtivos. Esse envolvimento das ONGs com as empresas e o governo é um risco e uma oportunidade. Ela pode tanto nos levar a cuidar de coisas que a gente não pode cuidar quanto aumentar nossa efetividade na mudança. Nosso desafio é equilibrar as tendências.

Como o tema de mudanças climáticas foi abordado no evento e qual é a percepção dos participantes sobre o papel deles nesse tema?

O pano de fundo de todas as discussões esteve amarrado em uma possibilidade de cenário de redução das emissões do Brasil. Isso foi explicado sob o aspecto do desmatamento zero. Temos que zerar o desmatamento se quisermos reduzir nossas emissões.

Quais são os próximos passos para que as soluções no setor pecuário realmente aconteçam?

O novo desafio é a implementação da mudança de postura do setor. Já que agora a negação a existência do problema acabou, a negociação dentro do setor a partir de agora não vai ser fácil. O setor financeiro vai ter que começar a olhar para o setor como todo e não para atores específicos e isolados. Agora nós temos que aprofundar alguns temas e gerar novos dados que nos ajudem a delinear um caminho. Em novembro teremos alguns dados novos , uma análise detalhada e transparente do que é o quê dentro do setor, quanto de Co2 vem do desmatamento, quanto é o metano do boi. É necessária uma visão mais clara do que cada um pode ganhar nesse segmento. Qual é o peso do desmatamento zero sobre as emissões do setor? Além disso, precisamos aprofundar a relação desses dados com as políticas públicas, principalmente o zoneamento ecológico econômico e a questão do licenciamento ambiental das propriedades rurais.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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