01/09/2009 - Paulenir
Constâncio - O desmatamento na Amazônia
registrou queda de 46% entre agosto de 2008 a julho
de 2009 em relação ao mesmo período
anterior. Os dados são do Sistema Deter -
Detecção de Desmatamento em Tempo
Real -, do Inpe, divulgados nesta terça-feira
(1º/9). É o menor índice acumulado
desde que o levantamento começou a ser feito
em maio de 2004 e registra o corte raso e a degradação
da floresta em áreas de 25 ha.
No mesmo período, o Ibama
apreendeu cerca de 125 mil metros cúbicos
de madeira, o que representa cerca de 1.000 caminhões
carregados por mês, em operações
em parceria com a Polícia Federal, Força
Nacional, Exército e polícias ambientais
estaduais. Segundo o ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, a repressão ainda é responsável
por cerca de 90% da queda nas taxas de desmatamento.
O ministro espera que em 2009,
ações propositivas como o Macrozoneamento
Ecológico-Econômico da Amazônia
- previsto para ficar pronto em janeiro de 2010
-, a Operação Arco Verde Terra Legal
- que já atendeu 146 mil pessoas em 26 dos
43 municípios que mais desmatam -, a entrada
do Fundo Amazônia - financiando ações
de preservação em outubro -, e a regularização
fundiária passem a ter mais peso nas reduções
de desmatamento.
Para ele, levar sustentabilidade
às populações é melhor
e mais eficaz que reprimir. Minc defende a necessidade
de mostrar à população da Amazônia
que ela pode tirar o sustento da floresta sem desmatar,
mas reafirmou que o governo não abrirá
mão do combate com rigor aos crimes ambientais.
Em um ano, o Ibama apreendeu 62
barcos, 237 caminhões e 44 tratores e a Polícia
Federal abriu 650 inquéritos e efetuou 298
prisões. Para Minc, os números são
a prova de que, além da repressão
aos crimes, as autoridades estão demonstrando
disposição em combater a impunidade.
O mês de julho, que historicamente
sempre apresenta números de desmatamento
elevados, registrou um aumento de 160% na área
desmatada, se comparada ao mesmo mês do ano
anterior. De cerca de 323 Km² em 2008, a área
desmatada saltou para 836 Km² em 2009. A cobertura
de nuvens, que impede a detecção dos
satélites, ficou em apenas 23% em julho,
enquanto que no trimestre anterior chegou a registrar
até 88% de cobertura.
Segundo a Coordenação
de Monitoramento do Desmatamento do Ibama, o resultado
de julho é consequência da captação
de áreas desmatadas em abril, maio e junho
acumulados. A área nublada no mês de
junho de 2007 foi bem próxima à deste
ano, mas nos meses anteriores, o Deter captou desmatamentos
em áreas de 1.123 , 1.096 e 870 Km²,
respectivamente, contra apenas 18, 37 e 123 Km²
este ano, com céu encoberto.
Para Carlos Minc, os números
de julho não surpreendem, já que na
prática captaram áreas cobertas pelas
nuvens, que foram desmatadas nos meses anteriores.
Os dados do Deter, segundo explica, são reforçados
pela pesquisa do Imazon, ONG que atua na Amazônia
e utiliza em sua pesquisa dados dos mesmos satélites,
que registrou uma queda de 65% no índice.