Posted on 11 September 2009 Segundo
estudo, nos últimos seis anos o Cerrado perdeu,
por ano, 21 mil km2 de sua cobertura vegetal, o
dobro do registrado na Amazônia
no mesmo período.
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Veja o estudo do MMA Envie contribuições
ao estudo Por Geralda Magela
Estudo realizado pelo Ministério
do Meio Ambiente (MMA) lança um alerta no
Dia Nacional do Cerrado, comemorado em 11 de setembro.
A degradação do
bioma, causada principalmente pelo desmatamento
para ocupação agropecuária,
transformou o cerrado em um grande emissor de CO2
na atmosfera, com níveis já equivalentes
aos da Amazônia, além da perda de biodiversidade
e serviços ecológicos desse importante
bioma.
O estudo, divulgado pelo MMA na
quinta-feira (10/9), aponta que nos últimos
seis anos o Cerrado perdeu, por ano, 21 mil km2
de sua cobertura vegetal, o dobro do que foi registrado
na Amazônia no mesmo período.
De 2002 a 2008, o índice
de desmatamento foi de 6,3%, aumentando de 41,9%
para 48,2% as áreas desmatadas. Nesse período,
o bioma foi responsável pela emissão
de 45 toneladas de carbono equivalente por hectare.
Controle do desmatamento – Junto
com o estudo, o MMA também anunciou a criação
de um Plano de Ação de Prevenção
e Controle do Desmatamento no Bioma do Cerrado (PPCerrado).
Inspirado no Programa de Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm),
que já é realizado desde 2004, o plano
irá atuar em três eixos: monitoramento
e controle, áreas protegidas e ordenamento
territorial, e fomento a atividades produtivas sustentáveis.
O plano ainda terá que
ser discutido em consultas públicas para
então ser implementado. A previsão
do MMA é de que ele fique pronto entre outubro
e novembro deste ano.
“O WWF-Brasil vê com muito
bons olhos a atenção que o governo
brasileiro presta ao cerrado e defende as linhas
de atuação propostas no plano.
Esperamos que, aprendendo com
o trabalho na Amazônia, o PPCerrado possa
também atuar para coibir o financiamento
a atividades econômicas irregulares, como
fazendas que não cumpram o Código
Florestal, por exemplo”, afirma Denise Hamú,
secretária-geral do WWF-Brasil.
Para o superintendente de Conservação
do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, o plano deve
ser complementado de maneira a promover uma nova
visão da microeconomia das propriedades rurais,
incluindo as atividades agropecuárias, eventuais
atividades florestais, compensação
por serviços ecológicos, baseada na
multifuncionalidade das propriedades rurais.
Estudos anteriores do WWF-Brasil
já vinham alertando para os riscos de crescimento
do agronegócio no cerrado sem levar em conta
a importância da conservação
da sua biodiversidade e da manutenção
da qualidade das águas.
De acordo com o coordenador do
Programa Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil,
Cássio Franco Moreira, no que se refere a
emissões de GEE, de nada vale cultivar biocombustíveis
se estes forem originados de áreas de desmatamento.
"Para obtermos saldos positivos no balanço
de GEE devemos cultivar cana-de-açúcar
e outros biocombustíveis em áreas
já abertas como pastagens e áreas
degradadas", afirma.
Berço das águas
O bioma cerrado ocupa um quarto do território
brasileiro, com uma área de 212 milhões
de hectares, e está presente em 11 estados
(Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia,
Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Distrito
Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São
Paulo e Paraná).
Além da rica biodiversidade
que abriga, o cerrado presta importantes serviços
ecológicos, entre eles, o abastecimento de
água. É no Centro-Oeste do Brasil
- que conta com metade da área do cerrado
- onde nascem as principais bacias hidrográficas
do país.
O Pantanal, por exemplo - embora seja conhecido
como uma planície inundável - depende
do cerrado para a sua sobrevivência, já
que a maior parte das nascentes dos rios que o abastecem
nasce no planalto da bacia hidrográfica,
no cerrado.
Tal é essa importância,
que o WWF-Brasil desenvolveu, juntamente com outras
quatro ONGs parceiras (Ecoa, Conservação
Internacional, Avina e SOS Mata Atlântica)
um mapa da cobertura vegetal da bacia hidrográfica
do Alto Paraguai. O estudo realizado também
no período de 2002 a 2008 apontou um índice
de desmatamento maior no planalto (onde está
o cerrado) de 3,2%, enquanto na planície
foi de 1,4%.
O Cerrado, assim como o Pantanal,
está entre as 35 regiões prioritárias
para a conservação da Rede WWF.
Medidas propostas no plano apresentado
pelo MMA:
1- Controle e Monitoramento
Proteção, fiscalização
e monitoramento das Unidades de Conservação
Federais e estaduais Implantação de
Infraestrutura para monitoramento, prevenção
e controle de incêndios florestais em Unidades
de Conservação Monitoramento da cobertura
vegetal e fiscalização em áreas
estratégicas (propriedades, rodovias...)
Aperfeiçoamento da capacidade de monitoramento
e fiscalização ambiental Regularização
ambiental de áreas especialmente protegidas
e assentamentos rurais Prevenção e
combate aos incêndios florestais Incentivo
à estruturação de sistemas
de monitoramento e licenciamento ambiental de imóveis
rurais
2 - Áreas Protegidas e Ordenamento Territorial
Criação de Unidades
de Conservação Gestão Integrada
de Áreas Protegidas Elaboração
de Planos de Recursos Hídricos para Conservação
de Bacias Hidrográficas
3 -Fomento às Atividades Sustentáveis
Inventário Florestal e Pesquisas no Cerrado
Educação Ambiental e valorização
cultural do Bioma Cerrado Promoção
das Cadeias Produtivas da Sociobiodiversidade Promoção
de Projetos Sustentáveis em Terras Indígenas
Elaboração de Plano Estratégico
para a Rede de Promoção do uso público
em UCs federais Apoio a projetos sustentáveis
em assentamentos da reforma agrária.
Cientistas enviam alerta sobre
clima
Posted on 17 September 2009 Um
manifesto assinado por 40 renomados cientistas especializados
em mudanças climáticas foi divulgado
hoje (17/9) pedindo que os países desenvolvidos
reduzam suas emissões de gases de efeito
estufa em 40% até 2020 para que o aumento
da temperatura do planeta se mantenha abaixo de
2ºC. Há seis brasileiros entre os cientistas
que assinam o documento.
A ação da comunidade
científica foi apoiada pela Rede WWF e endossada
por ícones como Sir John Houghton, ex-presidente
do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas), órgão científico
da ONU quando o assunto é aquecimento global.
“É importante ver a comunidade
científica empenhada em mandar um recado
claro para os governantes mundiais”, afirma Denise
Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
“Estamos às vésperas de importantes
encontros de cúpula como a Assembléia-Geral
da ONU e o G-20 e cada sinal que os chefes de estado
fazem de que irão realmente comprometer recursos
e esforços para deter o aquecimento global
no prazo necessário é um grande passo
em direção a um acordo justo, eficiente
e ambicioso em Copenhague, em dezembro”, completa.
As evidências científicas
indicam que até mesmo um aumento de temperatura
de 2ºC terá consequências graves
principalmente para países mais pobres, pois
os eventos climáticos extremos como ciclones,
enchentes e secas podem ficar cada vez mais fortes
e mais freqüentes. Esses países serão
os mais afetados por não terem recursos financeiros
e tecnológicos disponíveis para enfrentar
os desastres provocados por esses eventos.
Por isso, a Rede WWF avalia que
será necessário que os países
desenvolvidos, além de reduzir suas emissões,
contribuam com cerca de 160 bilhões de dólares
por ano para ajudar a financiar ações
de adaptação, transferência
de tecnologia e redução de emissões
nos países em desenvolvimento.
O WWF-Brasil espera também
que os países em desenvolvimento busquem
estabilizar e reduzir suas emissões de gases
de efeito estufa nas próximas décadas.
“O compromisso com uma economia de baixa emissão
de carbono e a adoção de medidas e
ações para a redução
dessas emissões são fundamentais no
esforço comum que todos devem fazer para
manter a temperatura do planeta abaixo dos 2oC”,
afima Carlos Rittl, coordenador do programa de Mudanças
Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
Entre os seis cientistas brasileiros
que assinam o manifesto, cinco são autores
principais do IV Relatório de Avaliação
do IPCC. São eles: Dr. Carlos Afonso Nobre,
Dr. José Antonio Marengo, Dr. Paulo Artaxo,
Dr. Roberto Schaeffer e Dra. Suzana Kahn Ribeiro.
O Dr. Luis Pinguelli Rosa, presidente do Fórum
Brasileiro de Mudanças Climáticas,
também assina o documento.