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QUILOMBO DE BOMBAS, NO VALE RIBEIRA (SP), REALIZA PRIMEIRO REPOVOAMENTO DE JUÇARA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2009

08/09/2009 - Ação do Projeto Conservação, Recuperação e uso sustentável do palmito Juçara nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira o repovoamento foi realizado em um quintal do quilombo, e será no futuro um pomar de juçara e um banco de sementes. O projeto já promoveu este ano dez mutirões de repovoamento em diferentes comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, envolvendo cerca de 200 famílias, 8 mil quilos de sementes, totalizando 96ha de áreas repovoadas aproximadamente.

"No passado não muito distante eram palmitos que saiam no lombo dos animais, hoje estamos entrando com sementes para recuperar o mesmo palmito", diz seu Antonio Sulno, um dos moradores de Bombas , em Iporanga, no Vale do Ribeira (SP), que cedeu uma área de seu quintal (aproximados 6 mil m²), para realização do mutirão de repovoamento no último dia 2 de setembro. No futuro, o local será um pomar de juçara que servirá como banco de sementes para outras áreas de repovoamento no quilombo.

E o Sr. Antonio não pretende parar por aí. Sua meta é repovoar a cada ano uma área semelhante a esta senão maior. Tudo vai depender da disponibilidade de sementes, pois vontade e força todos eles por aqui no Quilombo de Bombas tem de sobra.

A idéia de repovoar áreas com a palmeira juçara (Euterpes edullis) está ligada à crescente articulação regional no Vale do Ribeira em estabelecer uma alternativa de uso da espécie para extração de polpa. A polpa de juçara é muito parecida com a de açaí, largamente consumida no Brasil. A estratégia passa pela manutenção da planta em pé, e no futuro pensar em manejá-la para produção sustentável do palmito.

O projeto Conservação, Recuperação e uso sustentável do palmito Juçara nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira é desenvolvido em parceria com 12 comunidades remanescentes de quilombo do Vale do Ribeira. Este ano já foram promovidos dez mutirões de repovoamento da juçara em diferentes comunidades, envolvendo aproximadamente 200 famílias, 8 mil quilos de sementes, o que totaliza aproximados 96ha de áreas repovoadas. Dentro de algumas semanas mais um ciclo se fechará com o encerramento das atividades de repovoamento em dois quilombos: Morro Seco, e Galvão.

Parque se sobrepõe ao território quilombola

O quilombo de Bombas se localiza no município de Iporanga-SP, e o acesso se dá por uma variante (trilha larga) sinuosa, caminhando a pé ou no lombo de animais por um percurso de cerca de seis quilômetros até o primeiro agrupamento de casas. Está situado sobre uma formação geológica peculiar, caracterizada por uma das regiões mais ricas em cavernas do país. Bombas ainda não é uma área oficialmente decretada como remanescente de quilombo, e hoje vive um impasse, pois o Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira – (Petar) se sobrepõe a uma parte do território quilombola.

Embora para alguns a presença de comunidades rurais em áreas florestais pode ser uma “ameaça” à preservação dos recursos naturais, os agricultores tradicionais quilombolas vêm provando o contrário, por meio da discussão de alternativas produtivas agroecológicas como meio de produção.

O repovoamento da juçara vem confirmar as intenções da comunidade em trabalhar com outro olhar sobre os recursos naturais da Mata Atlântica, aliando a preservação ambiental à produção agrícola e florestal.

É importante perceber que os quilombolas de Bombas estão desenvolvendo um sistema de uso e ocupação do solo peculiar a seu território, adotando sistemas produtivos de base agroecológica, como agrofloresta, criação de abelhas nativas sem ferrão, e ainda contribuindo para a recuperação de uma espécie chave da Mata Atlântica, a palmeira juçara, que há anos vem sendo ameaçada pela extração ilegal do palmito.

No passado, as comunidades de agricultores tradicionais usavam os recursos naturais de outra forma, pois a escassez era um fator muito remoto. Mas hoje observando o que acontece dentro e fora de seus territórios as comunidades quilombolas, preocupadas com suas gerações futuras, recriam seus sistemas produtivos utilizando-se do manejo florestal e da agroecologia.
ISA, Marcos Fróes Nachtergaele.

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Lula prioriza agenda com os Povos Indígenas de Roraima

15/09/2009 - Pela primeira vez em Roraima desde que se tornou Presidente, Lula reuniu-se com lideranças e organizações indígenas do estado, em um encontro fechado ao qual a imprensa não teve acesso. Sua visita à Roraima foi motivada pela inauguração de uma ponte ligando Bonfim do lado brasileiro à Lethem na Guiana e pelo estabelecimento de acordos bilaterais com o país vizinho.

Lideranças indígenas de Roraima participaram com exclusividade de um encontro com o Presidente Lula e sua comitiva, no qual puderam expressar expectativas e preocupações. O presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Davi Kopenawa, destacou na conversa questões relativas à Terra Indígena (TI) Yanomami: a crescente invasão garimpeira; a permanência de ocupantes não índios na região do Ajarani; a crise no serviço de saúde; o rechaço à atividade de mineração e a necessidade de diálogo sobre obras do Exército na pista de pouso de Surucucus. Veja aqui o documento entregue por Davi Kopenawa ao Presidente Lula.

Presidente Lula, Natalina Mecias, da Secretaria Estadual de Educação de Roraima (SECD), Dionito de Souza, coordenador do CIR, e Davi Kopenawa, presidente da Hutukara

Para o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Sousa, os povos indígenas do estado viveram muito bem até agora sem mineração e sem hidrelétricas. Segundo ele, apesar do que os políticos locais costumam declarar, existe uma forte aliança entre os povos. O coordenador do CIR aproveitou a oportunidade para expressar a gratidão do seu povo ao esforço do Presidente para a homologação da TI Raposa-Serra do Sol.

A presidente da Federação dos Povos Indígenas de Roraima, Pierlângela Nascimento, cobrou de Lula apoio às atividades produtivas e de infraestrutura para escoamento da produção das Terras Indígenas. Ela também pediu à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que estava na comitiva presidencial, que fossem incluídos no PAC a homologação das pistas de pouso, a construção de uma ponte sobre o Rio Uraricoera na região do Passarão (Terra Indígena São Marcos), o asfaltamento das estradas, irrigação, poços artesianos e eletrificação (Programa Luz para Todos). Pierângela enfatizou a importância de um plano de proteção à fronteira em parceria com os povos indígenas, Polícia Federal e Fundação Nacional do Índios (Funai), contra garimpeiros e drogas.

Também se manifestaram os presidentes da Sociedade dos Indíos de Roraima (Sodiur), Silvio da Silva, e da Associação dos Professores Indígenas do Estado de Roraima (Apirr), Leuma Ferreira. A maioria das lideranças exigiu a imediata criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena, a aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, a estruturação física das escolas indígenas do estado (60% das escolas foram construídas pelas comunidades indígenas), a retirada imediata de ocupantes não índios e garimpeiros da TI Yanomami e a reestruturação para o fortalecimento da Funai.

Davi Kopenawa lê documento diante da comitiva: da esquerda para a direita, ministros Franklin Martins e Márcio Fortes, general Enzo Martins Peri, governador de Roraima, Anchieta Junior, e Lula

O Presidente solicitou aos ministros presentes e ao presidente da Funai, Márcio Meira, empenho para consolidar as políticas públicas desenvolvidas durante o governo. Afirmou que pretende atender até o final do seu mandato as ações reivindicadas pelos povos indígenas. Ele também assumiu publicamente o compromisso de participar, em abril de 2010, da grande festa para comemoração da homologação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol.

O encontro com as lideranças indígenas aconteceu no aeroporto de Boa Vista e a comitiva presidencial inclui a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim; o ministro da Justiça, Tarso Genro; o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão; o ministro-chefe da Secretaria da Comunicação de Governo, Franklin Martins; o ministro dos Transportes, Francisco Nascimento; o ministro das Cidades, Márcio Fortes; o representante do Ministério da Defesa, general Enzo Peri; o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart; o presidente da Funai, Márcio Meira; e o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior.

Obras de infraestrutura e acordos bilaterais com a Guiana

Lula inaugurou com o Presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, a ponte sobre o Rio Tacutu - Bonfim, do lado brasileiro à Lethem, do lado guiano - que liga os dois países. Ambos mencionaram a possibilidade de asfaltamento da estrada que leva Lethem (na fronteira) a Linden, na costa do Atlântico e a construção da hidrelétrica de Turtubra, para geração de 800 megawatts. Diante da pouca capacidade de endividamento do país vizinho, o Brasil estuda a possibilidade de financiar as obras que, segundo Lula, em entrevista concedida às rádios de Roraima, interessam mais ao Brasil do que à Guiana. A realização dessas obras pode causar grande impacto ambiental e sobre as populações indígenas, principalmente as que vivem na fronteira com o Brasil.

Foram fechados vários acordos bilaterais. O comunicado oficial com o teor das tratativas foi assinado pelos ministros de Relações Exteriores Celso Amorim (Brasil) e Caroline Rodrigues-Birkett (Guiana). O primeiro a ser definido foi o convênio cultural entre os dois países, que prevê intercâmbio educacional, com aulas de inglês e português em ambas as grades de ensino. Em seguida, foi assinado o termo de implementação do projeto de mapeamento geológico e da geodiversidade na fronteira. Foi firmado, ainda, acordo de cooperação técnica para a implementação do projeto de manejo integrado da mosca da fruta Carambola na Guiana; um termo de cooperação em matéria de defesa, promoção do comércio e do investimento; estabelecimento de regime especial fronteiriço e de transporte para as localidades de Bonfim (Brasil) e Lethem (Guiana); e, finalmente, um acordo para a isenção parcial de vistos e para a criação do comitê de fronteira - para resolução de problemas cotidianos da área.

Ações do Governo Federal em Roraima

O último compromisso do Presidente Lula em Roraima foi a assinatura de atos do Governo Federal. Lula justificou a demora em visitar o estado com a polêmica criada em torno da demarcação da TI Raposa-Serra do Sol. Disse que em 2005, quando homologou a TI, o Governo Federal preparou um pacote de medidas de benefícios para Roraima (veja aqui). Porém, a demarcação foi contestada no Supremo Tribunal Federal (STF), o que o fez adiar a visita até a decisão final. Entre as ações apresentadas está o protocolo de convênio de preservação de meio ambiente e geração de renda com a viabilização do biocombustível do inajá, a ser explorado na região do município de Mucajaí.

Outras medidas foram as assinaturas do título de doação de áreas de glebas de terra, e de contrato para construção, reforma e revitalização de estradas vicinais dentro de projetos de assentamento em Roraima. O presidente do Incra, Rolf Hackbart, disse que a União tem como grande prioridade o ordenamento territorial de Roraima. Também foram assinados atos relativos ao saneamemto básico e esgotamento sanitário na cidade de Boa Vista.



 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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