Durante a comemoração
do Dia da Árvore, nesta segunda-feira (21),
em Londrina, o secretário do Meio Ambiente,
Rasca Rodrigues, fez questão
de ressaltar a importância do trabalho dos
cerca de 50 viveiristas do Instituto Ambiental do
Paraná (IAP) que trabalham diariamente para
garantir a qualidade genética das mudas plantadas.
“As sementes utilizadas nos viveiros
não são compradas, mas coletadas em
florestas, por equipes distribuídas pelo
Estado. Na busca pelos melhores exemplares de espécies
nativas, técnicos entram nas matas e escalam
árvores no período de amadurecimento
das sementes”, explicou Rasca Rodrigues.
Segundo ele, somente no último
ano foram coletadas e beneficiadas nos viveiros
do IAP cerca de 25 toneladas de sementes, todas
de espécies nativas de diversas regiões
do Estado. “Não existe semente de angico
ou de peroba à venda em supermercado ou em
loja agropecuária, como as sementes de pinus
e eucalipto”, demonstrou o secretário.
Para garantir a diversidade e
a qualidade genética das mudas produzidas,
o IAP promoveu treinamentos, comprou equipamentos
e investiu em infraestrutura para coleta de sementes.
Atualmente, cada um dos 20 viveiros do instituto
possui uma pequena equipe de coleta, que executa
o trabalho em sua região.
CUIDADOS – O presidente do IAP,
Vitor Hugo Burko, explicou que existe acompanhamento
técnico das árvores, para que a coleta
seja feita no momento ideal para melhorar a reprodução.
“Além disso, também seguimos as recomendações
do Embrapa Florestas. Nosso objetivo é perpetuar
as características originais de cada espécie,
garantindo assim a biodiversidade e a vida no Paraná”,
completou.
O trabalho é cuidadoso.
“Não podemos coletar todos os anos sementes
da mesma matriz. A seleção das árvores
leva em consideração a manutenção
da diversidade. Se coletássemos sempre das
mesmas matrizes, teríamos uma floresta homogênea,
o que não nos interessa. Queremos a variedade”,
afirmou o funcionário do viveiro do IAP da
região Norte, Sebastião Mendes. São
coletadas 85 espécies de sementes, sendo
que 15 delas estão ameaçadas de extinção
- como a araucária, o palmito e a peroba
rosa.
O coordenador estadual do Programa,
Paulo Roberto Caçola, explicou que, depois
de coletadas, as sementes são analisadas
e beneficiadas em dois laboratórios do IAP,
instalados nos maiores viveiros do Estado – em São
José dos Pinhais (Região Metropolitana
de Curitiba) e Engenheiro Beltrão (Noroeste
do Estado). “Lá as sementes são secas,
limpas, testadas e encaminhadas aos viveiros conveniados”,
completou.
As técnicas de beneficiamento
variam, mas algumas espécies dependem de
pouca ajuda – como a cangirana, por exemplo. “Basta
que deixemos a semente dentro de saco plástico
fechado alguns dias para que ela se abra”, completou
o chefe do Viveiro do Guatupê em Curitiba,
Benedito Eugênio Padilha.
Só na estufa do viveiro
do IAP em São Jose dos Pinhais, 250 mil mudas
são produzidas com sementes coletadas pelas
equipes do órgão ambiental. “Se não
fosse esse trabalho, algumas das árvores
cultivadas aqui correriam o risco de desaparecer”,
concluiu Padilha.
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Dia da Árvore é
homenageado em Londrina com plantio da muda 100
milhões
O Dia da Árvore no Paraná
foi homenageado nesta segunda-feira (21) com o plantio
da muda número 100 milhões, do Programa
Estadual Mata Ciliar. Cerca de mil pessoas – entre
estudantes, agricultores, autoridades e parceiros
do Programa participaram da solenidade. A muda foi
plantada no “Jardim das 100 milhões”, composto
por 100 espécies de mudas nativas de todo
o Paraná e que formará a primeira
coleção de plantas do Jardim Botânico
de Londrina, com previsão de entrega da primeira
fase prevista para novembro.
Durante o evento, o coordenador regional dos Correios,
Areovaldo Alves de Figueiredo lançou – juntamente
com o vice-governador Orlando Pessuti, que representou
o governador Roberto Requião, e o secretário
Rasca Rodrigues - o selo e o carimbo alusivos ao
Programa Mata Ciliar.
“O Mata Ciliar não é
mais um Programa de Governo, e sim de todos os paranaenses
que contribuíram para que chegássemos
à muda 100 milhões. É um Programa
inspirado na biodiversidade do nosso Estado e voltado
à melhoria da qualidade de vida das futuras
gerações”, afirmou o secretário
Rasca Rodrigues. Ele aproveitou o evento para homenagear
todos os funcionários dos laboratórios
e dos viveiros do IAP, que contribuíram em
campo para a coleta das 25 mil toneladas de sementes
necessárias todos os anos para o Programa,
fossem transformadas em mudas qualificadas para
o plantio.
Estiveram presentes à solenidade
do Dia da Árvore o prefeito de Londrina,
Barbosa Neto; presidente da Câmara de Vereadores
de Londrina, José Roque Neto; o presidente
da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o presidente
do IAP, Vitor Hugo Burko; a diretora de Ação
Social e Meio Ambiente da Sanepar, Maria Arlete
Rosa; diretora de Meio Ambiente da Copel, Marlene
Zanin; presidente da Sociedade Rural do Paraná,
Alexandre Kureff; deputado federal Luiz Carlos Hauly;
coordenadora da Região Metropolitana de Londrina,
Elza Correa, entre outras autoridades.
O presidente da Comissão
de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa deputado
estadual, Luiz Eduardo Cheida, agradeceu a iniciativa
privada e a todos os agricultores que, desde o início,
acreditaram na proposta do Governo de recuperar
a mata ciliar para a melhoria do meio ambiente e
da produção.
RESULTADOS – O Programa Mata Ciliar
atua em duas principais vertentes, uma delas é
a recomposição da mata ciliar através
do plantio de mudas de espécies nativas e
a outra, o abandono de áreas para que a vegetação
se recomponha naturalmente.
“O abandono de áreas para
regeneração natural é tão
importante quanto o plantio de mudas, uma vez que
a vegetação nativa pode servir como
banco de sementes assegurando assim a qualidade
genética destas novas florestas”, explica
o secretário Rasca.
Hoje, o Mata Ciliar é considerado
referência mundial em reflorestamento, graças
ao envolvimento e mobilização da sociedade
paranaense. Com o apoio de mais de 300 parceiros
e 399 prefeituras garantiu-se resultados como, por
exemplo, a semeadura no campo de 4,1 mil hectares
de novas mudas, 4,9 mil quilômetros de cercas
instaladas, 13,4 mil hectares de áreas abandonadas
para regeneração natural e 132,4 mil
agricultores beneficiados em todo o Estado. Já
o índice de sobrevivência das mudas
em campo é de 55% e foi obtido através
de vistorias de 58 áreas totalizando 158.000
mudas.
O Programa também contabiliza
o carbono sequestrado pelo plantio das árvores,
que até agora já soma 1.404.364 mil
toneladas de carbono. Além disso, o Programa
mantém um Projeto de Neutralização
do carbono emitido pela Convenção
da Diversidade Biológica – entidade da Organização
das Nações Unidas (ONU). Ao todo,
58 propriedades integram a ação com
o plantio de 163.727 mil mudas de espécies
nativas e 118,165 hectares de reflorestamentos.
O índice de sobrevivência das mudas
é de 98% e o resgate de carbono de 2,85 toneladas
ao ano.
EVOLUÇÃO – Para
atingir a meta inicial de plantar 90 milhões
de mudas de árvores nativas, às margens
dos principais rios, Unidades de Conservação
e Corredores de Biodiversidade, o Governo investiu
cerca de R$ 20 milhões no Programa Mata Ciliar
para reestruturação dos 20 viveiros
do IAP. Até o ano de 2004 estes viveiros
produziam três milhões de mudas anualmente.
Já em 2007, a produção de mudas
saltou para dez milhões.
Outro fato comemorado pelo secretário
Rasca é a conversão da produção
dos viveiros do IAP que antes produziam apenas mudas
de árvores exóticas para a produção
de 85 espécies nativas recomendadas pela
Embrapa nas sete regiões bioclimáticas
do Paraná.
“Até 2003, eram produzidos
dois milhões de mudas de espécies
exóticas, como pinus e eucalipto, e apenas
um milhão de árvores nativas. Hoje,
100% da produção é de espécies
nativas. Se comparássemos à produção
de nativas até 2003 com o que produzimos
somente nos viveiros do IAP atualmente, já
seria um aumento de 1.000%”, destaca o secretário.
VIVEIROS – Cada “kit viveiro”
cedido aos parceiros inclui uma casa de vegetação
de 50 metros quadrados com sistema de irrigação,
área de rustificação (incubadora
de mudas) de 160 metros quadrados, tubetes para
produção de 90 mil mudas anuais, sombrite
(cobertura de plástico) e sistema tubular
de sustentação da estufa, além
de sementes. “Os parceiros se responsabilizam apenas
pela mão-de-obra, terreno, instalação
hidráulica e manutenção”, explicou
o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko.
Ele ainda comentou que o sistema
de produção oferecido é considerado
inovador. “No lugar das tradicionais embalagens
plásticas descartáveis são
usados tubetes reaproveitáveis. Em seu interior,
casca de pinus em vez de terra”, disse. O tubete
é o local onde a semente fica acondicionada
até virar muda. Após atingir o tamanho
ideal, a muda é transferida para a terra
e o tubete é reutilizado para germinar outras
mudas.
Entre as principais vantagens
do uso do tubete está o custo-benefício
e a facilidade no transporte. Um caminhão
que transportaria 10 mil mudas com embalagens convencionais,
por exemplo, poderá transportar 500 mil tubetes.