26 de Setembro de 2009 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O Brasil está se preparando
para ampliar sua presença no mercado nuclear
internacional. O presidente da Associação
Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Guilherme
Camargo, disse à Agência
Brasil que existe um consenso mundial de que a energia
nuclear é uma alternativa economicamente
viável e ambientalmente sustentável
para suceder os combustíveis fósseis,
como o petróleo e o carvão, ao longo
deste século.
“E nós estamos nos preparando.
O Brasil é rico em recursos uraníferos
- tem uma das maiores reservas de urânio do
mundo - e não pode perder essa oportunidade
do novo ciclo energético que certamente virá,
baseado na energia nuclear”, afirmou.
O Brasil tem a sexta maior reserva
de urânio do mundo, com apenas um terço
do território prospectado. Camargo disse
que isso abre um potencial grande para que o país
possa estar, dentro de alguns anos, entre as duas
ou três maiores reservas do mundo. Além
disso, o país domina o ciclo completo do
combustível nuclear com tecnologia de ultracentrifugação,
desenvolvida no país. “Essa é, sem
dúvida, a melhor tecnologia do mundo para
enriquecimento de urânio”, disse Camargo.
Ele afirmou ainda que o Brasil
se encontra hoje em uma situação de
novos desafios na área nuclear. “Estamos
retomando a construção da Usina Angra
3, temos a perspectiva de implantação
de uma nova mina de urânio no município
de Santa Quitéria (CE) e, ao mesmo tempo,
o governo, por meio da Eletronuclear, está
estudando as alternativas de localização
da quarta usina nuclear no Nordeste do país.
Esse é um cenário animador para o
setor nuclear brasileiro”.
Segundo o presidente da Aben,
os investimentos em infraestrutura são fundamentais
para que haja uma recuperação sustentável
das economias do Brasil e dos demais países
do mundo, após a crise financeira internacional.
Camargo mencionou, nesse sentido, o discurso feito
esta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva na Organização das Nações
Unidas (ONU), sobre a falência do modelo financeiro
vigente no mundo ao longo das duas últimas
décadas.
“No entendimento da Aben e da
comunidade nuclear, os investimentos em infraestrttura,
energia, transportes, eletrificação,
na indústria de base e na indústria
de bens de capital são fundamentais para
que os países possam retomar o crescimento
e gerar os empregos e o bem-estar social que a população
precisa. E a energia nuclear se inclui dentro desse
cenário de retomada dos investimentos produtivos”,
disse.
A Aben promove a partir de amanhã
(27), no Rio de Janeiro, a International Nuclear
Atlantic Conference (Inac 2009). Maior conferência
nuclear do Hemisfério Sul, a Inac 2009 conta
até o momento com 1.500 pessoas inscritas
e 900 trabalhos aprovados, que serão apresentados
durante o evento, previsto para se estender até
o próximo dia 2 de outubro.
Segundo Camargo, isso demonstra
a força e o compromisso da comunidade nuclear
nacional e internacional de consolidar a energia
nuclear como uma tecnologia “fundamental e imprescindível”
para o progresso da humanidade.