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on 24 September 2009 Pitsburg, EUA – Chefes de Estado
se encontram nesta quinta e sexta-feiras (24 e 25/09)
na reunião do G20. Para a Rede WWF, eles
precisam definir uma estratégia de financiamento
para traçar uma saída verde para a
crise financeira, criando empregos, novos investimentos
e assegurando crescimento sustentável.
A reunião do G20 representa
uma oportunidade importantíssima para o sucesso
da 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças
do Clima, em dezembro, em Copenhague. Um elemento
chave na reunião é desenhar um pacote
de longo prazo de financiamento para que seja tomada
uma ação global para combater as mudanças
climáticas.
“Os chefes de Estado em Pitsburg
têm a oportunidade de apresentar um pacote
que: estimule investimentos em tecnologias limpas,
crie novos empregos e nos conduza a uma economia
de baixa emissão de carbono,” afirma Kim
Carstensen, líder da Iniciativa Global de
Clima da Rede WWF.
Em julho, esses mesmos líderes
globais estiveram reunidos no Fórum das Maiores
Economias e pediram a seus ministros de Economia
que recomendassem antes da conferência de
Copenhague as melhores maneiras de mobilizar recursos
financeiros para estimular a economia e combater
o aquecimento global. Eles assumiram o compromisso
de apresentar soluções aos chefes
de Estado nesta reunião do G20 em Pitsburg.
“Os recursos públicos podem
ser cruciais para prover o capital inicial para
o desenvolvimento de uma economia limpa e de baixa
emissão de carbono,” aponta Carstensen. “Ações
de combate às mudanças climáticas
oferecem um enorme potencial para novos investimentos
privados e geração de mais empregos,
mas os governos devem abrir o caminho para isso.
Um sucesso no G20 pode destravar as negociações
globais em Copenhague.”
O financiamento público
é fundamental para ações de
combate ao aquecimento global em países em
desenvolvimento como adaptação aos
impactos das mudanças climáticas,
redução do desmatamento – grande fonte
de emissão de gases de efeito estufa – e
estabelecimento rápido de eficiência
energética e geração de energia
limpa, bem como estímulo do uso de tecnologias
limpas.
“O custo de não fazer nada
neste momento é muito mais alto que o de
agir agora”, afirma Carstensen. “Os países
mais pobres e mais vulneráveis têm
necessidade urgente de apoio financeiro para salvar
suas populações dos efeitos das mudanças
climáticas.”
Em seu discurso de abertura da
Assembleia-Geral das Nações Unidas
nesta quarta-feira (23/09), o presidente Lula cobrou
a responsabilidade histórica dos países
desenvolvidos sobre o aquecimento global e uma ação
proporcional da parte deles. “O Brasil deve aproveitar
essa reunião e pressionar por compromissos
financeiros para o acordo de Copenhague”, afirma
Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
“O aquecimento global é
um desafio de todos. Mas aqueles que poluíram
mais o planeta até agora é que devem
mostrar que estão dispostos a dar os maiores
passos, cortando profundamente suas emissões
de gases de efeito estufa e disponibilizando recursos
financeiros para ajudar quem poluiu menos.”
A Rede WWF estima que o financiamento
público poderá no futuro ser superado
por investimentos privados se a Conferência
de Copenhague conseguir estabelecer com clareza
as regras para o regime de clima nos próximos
10 a 20 anos.
Relatórios da Rede WWF
mostram que os países em desenvolvimento
precisam de aproximadamente 160 bilhões de
dólares por ano e devem começar a
receber esse valor até 2015. O G20 deve reconhecer
sua magnitude e também o nível de
ambição a ser atingido em Copenhague.
O grupo deve também dar o mandato ao processo
da Organização das Nações
Unidas sobre clima para propor um escopo financeiro
para gerenciar esses recursos.
Em números:
ENERGIA: Cerca de 2,3 milhões
de pessoas já estão empregadas na
indústria de energias renováveis.
Os investimentos de 630 bilhões de dólares
projetados para 2030 devem se transformar em pelo
menos 20 milhões de empregos a mais ao redor
do globo: 2,1 milhões em eólica, 6,3
milhões em fotovoltaica e 12 milhões
relacionados a biocombustíveis. O estudo
Agenda Elétrica Sustentável 2020 do
WWF-Brasil mostra que investimentos em eficiência
energética e energias renováveis modernas,
como eólica, solar térmica e solar,
podem gerar 8 milhões de empregos, economizar
33 bilhões de reais e diminuir o desperdício
de energia de até 38% da expectativa de demanda,
estabilizar as emissões de gases de efeito
estufa e afastar os riscos de novos apagões.
CONSTRUÇÃO CIVIL:
Investimentos em eficiência energética
podem gerar de 2 a 3,5 milhões de novos postos
de trabalho somente na Europa e nos Estados Unidos.
Na Austrália, uma proposta de 3 bilhões
de dólares para construção
de “casas verdes” em 4 anos deve reduzir emissões
de gases de efeito estufa em 3,8 milhões
de toneladas ao ano e criar 160 mil novos empregos
nas áreas de auditagem e serviços
de instalação.
TRANSPORTE: Nos Estados Unidos,
um programa federal de investimento de 10 anos em
trens de alta velocidade pode gerar 250 mil novos
postos de trabalho. Na Coréia, 7 bilhões
de dólares devem ser investidos em transporte
de massa e ferrovias nos próximos 3 anos
e isso deve criar 138 mil empregos.