30/09/2009 - A Petrobras e o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) inauguram
hoje (30), na Unidade Regional de Cachoeira Paulista
(SP), as instalações do Laboratório
de Captura de Gás Carbônico (CO2) e
da Estação de Sensoriamento Remoto
Marinho.
O primeiro tem como foco o desenvolvimento
de novos materiais para a combustão de hidrocarbonetos,
em especial gás natural, utilizando processos
conhecidos como Chemical Looping Combustion (CLC)
e Chemical Looping Reforming (CLR). São tecnologias
promissoras para a captura de gás carbônico
(CO² ), um dos principais gases de efeito estufa.
“Nosso objetivo não é
a geração de energia, mas o desenvolvimento
de novas tecnologias de combustão que permitam
a geração de correntes concentradas
de CO² e, consequentemente, a sua captura.
Aqui vamos sintetizar, caracterizar e avaliar novos
materiais empregados em CLC e CLR”, explica José
Augusto Rodrigues, coordenador do projeto desenvolvido
no Laboratório Associado de Combustão
e Propulsão do Inpe.
No âmbito das Redes Temáticas
de Mudanças Climáticas da Petrobras
e do Ministério da Ciência e Tecnologia,
os resultados obtidos neste laboratório poderão
ser utilizados pela indústria para a redução
da emissão de gás carbônico
nos processos de geração de energia,
contribuindo, assim, com o desenvolvimento de uma
tecnologia para mitigação do aquecimento
global.
Vigilância marinha
Ligada à Rede Temática
de Monitoramento Ambiental Marinho, a Estação
de Sensoriamento Remoto irá receber, processar,
armazenar e distribuir imagens do satélite
Envisat (ENVIronment SATellite) que serão
utilizadas para monitorar a costa brasileira.
“Esta é a primeira estação
no Brasil dedicada ao sensoriamento remoto marinho.
As imagens serão recebidas em tempo quase
real e serão utilizadas para a detecção
de poluentes na superfície do mar, para o
estudo de ecossistemas e recursos naturais marinhos
e, ainda, para estimar parâmetros como direção
e intensidade de correntes e campo de ventos, altura
de ondas, entre outros”, explica Ivan Barbosa, chefe
da Divisão de Geração de Imagens
do Inpe.
O início das operações
da Estação de Sensoriamento Remoto
Marinho do Inpe atende também a demandas
da Petrobras, que até então dependia
das imagens adquiridas e processadas em estações
de recepção no exterior, o que gerava
maior custo operacional e mais tempo para obter
as imagens.
Coordenadas pelo Centro de Pesquisa
da Petrobras (Cenpes), as Redes Temáticas
têm como objetivo investir em universidades
e instituições de pesquisas, como
o Inpe, visando o desenvolvimento de soluções
tecnológicas para os principais desafios
da indústria de energia. Pela Petrobras,
o investimento no Laboratório de Captura
de CO² foi de R$ 700 mil. A Estação
de Sensoriamento Remoto Marinho recebeu recursos
na ordem de R$ 7 milhões.
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Insa integra delegação
brasileira junto à COP-9
22/09/2009 - Realiza-se em Buenos
Aires, Argentina, a 9ª Conferência das
Partes (COP-9) da Convenção das Nações
Unidas de Combate à Desertificação
(UNCCD, sigla em Inglês). Trata-se de um encontro
de alto nível entre representantes de aproximadamente
190 países membros das Nações
Unidas, para analisar o fenômeno da desertificação
e sua relação com as mudanças
climáticas, segurança alimentar e
a degradação das terras produtivas
em todo o mundo. O encontro vai até o próximo
dia 2 de outubro.
O Brasil é representado
por uma delegação composta por representantes
do Itamaraty, Ministério do Meio Ambiente
(MMA) e Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCT).
As diretrizes sobre o segmento científico
da Conferência foram definidas no Insa, em
Campina Grande (PB), em agosto, com a participação
de representantes das diversas instituições
do País, preocupadas com o assunto.
"Temos grande interesse em
fazer estas discussões avançarem,
uma vez que a desertificação é
um problema sério, gerador de intensos desequilíbrios
e desigualdades”, afirma Roberto Germano Costa,
diretor do Insa e membro da Comissão Nacional
de Combate à Desertificação
(CNCD).
Ele disse que o Instituto absorveu
a agenda junto ao MMA, subsidiando estratégias
de combate ao problema e enfatizou que a COP-9 é
uma oportunidade para tratar desta preocupação
mundial. “A nossa grande inquietação
é trazer à tona a gravidade dos indicadores
e manter o foco voltado para estas áreas,
no intuito de garantir investimentos financeiros
suficientes para refrear o processo de degradação
ambiental no semiárido brasileiro”, ressalta
Germano.
De acordo com a UNCCD, a desertificação
é resultante de vários fatores, dentre
eles as variações climáticas
e as atividades humanas. No Brasil, o fenômeno
é verificado principalmente na região
Nordeste, onde a população é
estimada em 32 milhões de pessoas.
Para cumprir os compromissos assumidos
pelo Brasil junto à UNCCD, foi instituído,
em 2004, o Programa de Ação Nacional
de Combate à Desertificação
e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil),
sob coordenação da Secretaria de Recursos
Hídricos do MMA, envolvendo poderes públicos
e a sociedade civil. O programa atua em diversas
frentes, incluindo a busca de alternativas tecnológicas
para inibir os efeitos da desertificação.
Este ano, o PAN-Brasil conta com
um orçamento de R$ 19,4 milhões, porém
o coordenador do programa, José Roberto Lima,
diz que seriam necessários investimentos
de quase R$ 1 bilhão por ano, até
2020, para recuperar as áreas suscetíveis
ao processo de degradação ambiental
no Brasil.
A expectativa da delegação
brasileira é de que se possa chegar a um
consenso para a implementação de ações
significativas de combate à desertificação,
cujos dados no Brasil são preocupantes.