24 de Setembro de 2009 - Mariana
Jungmann - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A senadora Marina Silva (PV-AC)
criticou hoje (24) a atuação
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), em Nova York.
De acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, o
presidente brasileiro “perdeu o foco” quando preferiu
tratar sobre o golpe militar em Honduras em detrimento
dos assuntos relacionados ao clima.
“Não estamos subtraindo
a importância do que aconteceu em Honduras,
mas o foco, a centralidade das discussões
deveria ter sido aquilo a que se propôs o
secretário-geral das Nações
Unidas, que era discutir a questão do clima”,
afirmou Marina.
A senadora também ressaltou
que o Brasil precisa ter uma proposta para levar
a Copenhagen, onde ocorrerá em dezembro a
Conferência Mundial sobre Mudanças
Climáticas. Segundo ela, todos desejam que
os líderes mundiais compareçam à
conferência com planos de redução
que levem em conta as emissões absolutas
de dióxido de carbono de cada país
e também as emissões históricas.
A proposta do Partido Verde, que
marina representa, é de que as emissões
históricas dos países ricos sejam
levadas em consideração para que eles
financiem até 70% do investimento que precisará
ser feito para conseguir que o mundo chegue a meados
do século com aquecimento máximo de
2 graus na temperatura global. Essa porcentagem
corresponderia a aproximadamente US$ 330 bilhões.
“Para alcançar esse objetivo
é fundamental a participação
dos países em desenvolvimento. Porque se
os países ricos fizerem a parte deles, mas
a China, a Índia e o Brasil não fizerem
a sua, todo o esforço será em vão
e não vamos conseguir alcançar a meta”,
afirmou a ex-ministra.
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Minc: ajuda externa para preservar
florestas é bem-vinda, mas é o Brasil
que dita rumo
23 de Setembro de 2009 - Paula
Laboissière - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, afirmou hoje (23) que a ajuda internacional
na conservação das florestas brasileiras
é bem-vinda, mas o país quer exercer
a soberania. “Quem dita os rumos do programa somos
nós, brasileiros”, disse antes de participar
da abertura do seminário O PPG7 e a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil.
O PPG7 é um programa piloto
para a proteção das florestas tropicais
brasileiras desenvolvido em parceria com a comunidade
internacional. O objetivo é desenvolver estratégias
inovadoras para a proteção e o uso
sustentável da Floresta Amazônica e
da Mata Atlântica, associadas a melhorias
na qualidade de vida das populações
locais.
Para Minc, a iniciativa representa
o maior programa de apoio ao meio ambiente no Brasil.
Graças a ele, segundo o ministro, foram criadas
reservas extrativistas que somam uma área
de 2 milhões de hectares e mais de 20 terras
indígenas foram homologadas. Além
disso, houve o reforço do sistema de monitoramento
ambiental.
“Temos que agradecer a quem apoiou
o Brasil em um momento em que as estruturas ambientais
eram muito frágeis. Hoje podemos dar respostas
mais fortes”, afirmou, ao citar o monitoramento
de todos os biomas brasileiros e não apenas
da Amazônia.
Durante a abertura do seminário,
o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio
Rezende, avaliou que o apoio de países como
a Noruega, a França e a Itália ao
programa foi importante, porque se deu em uma época
em que o Brasil tinha dificuldade de financiamento,
nos anos 90.
“Precisávamos de um impulso,
que foi dado. Temos a responsabilidade de, depois
de termos aprendido, dar um volume maior às
ações desenvolvidas. Precisamos de
mais recursos e gostaríamos de ter contribuições
de muitos outros países.
Rezende acredita que a percepção
da sociedade brasileira sobre a importância
da conservação do meio ambiente difere
da que existia quando o programa começou.
Segundo ele, agora há uma “clareza” de que
não se pode continuar desmatando a Amazônia.
Para a secretária executiva
do Ministério do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, as ideias ambientais ainda eram “muito
incipientes” nos anos 90, quando o PPG7 começou
a ser implementado. “Seria possível desenvolver
sem desmatar? O programa mostrou que sim e ,mais
do que isso, que avançarmos em inciativas
inovadoras.
Segundo Izabella, o PPG7 foi o
primeiro programa a investir na implementação
de reservas extrativistas e permitiu também
18 acordos de pesca e manejo em lagos, além
de envolver a atuação de 12 mil agricultores
na Amazônia.
O presidente do Grupo de Trabalho
Amazônico, José Rubens Gomes, afirmou
que o país precisa mudar sua forma de desenvolvimento,
principalmente as matrizes energéticas, garantindo
a manutenção do clima e a permanência
dos povos da Floresta Amazônica. “Hoje, temos
condições de não errar ao conduzir
políticas de desenvolvimento e o PPG7 tem
um papel muito importante nesse sentido”, disse.
“Temos lições aprendidas
e temos que fazer com que a política brasileira
possa ser conduzida nesse caminho, para que o desenvolvimento
possa vir acompanhado da sustentabilidade.”