14 de Outubro de 2009 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Em agosto, a Amazônia
perdeu 125 quilômetros quadrados (km²)
de floresta em áreas em que as derrubadas
não deveriam acontecer. De acordo com os
dados do Sistema de Alerta de Desmatamento
(SAD), divulgados hoje (14) pelo Instituto do Homem
e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), dos
273 km² de desmate registrados em agosto, 48%
ocorreram em unidades de conservação
ou terras indígenas, consideradas áreas
protegidas.
As unidades de conservação
mais atingidas estão no Pará, na Área
de Proteção Ambiental (APA) Triunfo
do Xingu e nas Florestas Nacionais do Jamanxim e
de Altamira. As áreas ficam na região
de influência da BR-163, da Rodovia Transamazônica
e na Terra do Meio, um conjunto de unidades de conservação
pressionado pelo avanço da pecuária.
O Pará se manteve na liderança
do desmatamento, com 209 km² de florestas a
menos em agosto, 76% do total registrado pelo Imazon
no período. Mato Grosso aparece em seguida,
com 22 km² de desmate (8% do total) e em terceiro
lugar está o Amazonas, com 6 km² de
novas áreas derrubadas (6% do total).
Em relação a agosto
de 2008, quando o Imazon verificou 102 km²
de desmatamento, houve aumento de 167%. No entanto,
o levantamento aponta que parte do desmate registrado
em agosto deste ano pode ter ocorrido nos meses
anteriores, quando a cobertura de nuvens impedia
a visualização dos satélites.
O levantamento do Imazon é
paralelo à estimativa oficial, calculada
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
que apontou 498 km² de desmatamento em agosto.
+ Mais
Governadores definirão
no Amapá pauta do Brasil sobre a Amazônia
para Copenhague
10 de Outubro de 2009 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - A proteção florestal e a
valorização dos estoques de carbono
serão os principais assuntos do 5º Fórum
dos Governadores da Amazônia Legal que acontecerá
nos próximos dias 15 e 16, em Macapá.
O governador do Amapá, Waldez Góes,
destacou que o resultado das discussões será
organizado na Carta de Macapá. O documento,
que tem o apoio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, será levado à Conferência
sobre Mudanças Climáticas, em dezembro,
em Copenhague, Dinamarca.
Em entrevista exclusiva à
Agência Brasil, Waldez Góes, antecipou
que os governadores dos estados da Amazônia
pretendem incluir a região no valoroso mercado
de carbono e, ainda, criar opções
para o estabelecimento de um fundo mundial para
financiamento de políticas de desenvolvimento
sustentável a todos os nove estados.
“Não há motivos
para deixar a floresta amazônica de fora das
decisões que forem tomadas em Copenhague.
Isso já aconteceu com o Protocolo de Quioto
e basta”, alertou.
Desta vez, durante o 5º Fórum
dos Governadores da Amazônia Legal, os chefes
do Poder Executivo dos estados amazônicos
irão se reunir com o ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, e outros representantes do governo
federal. No mês de setembro, eles já
anteciparam as discussões em encontro com
o presidente Lula em Brasília.
Em Macapá, o primeiro ponto
de pauta será a apresentação
do relatório da Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação
(Redd), desenvolvido por uma equipe da força-tarefa
criada pelo presidente Lula para tratar do assunto.
Outros temas regionais, como o transporte aéreo
e hidroviário na Amazônia, também
serão debatidos no encontro.
“Nossa expectativa agora é
de consolidar essa proposta unificada dos governadores
com o governo federal, durante o Fórum de
Governadores em Macapá, para que tudo isso
seja apresentado na Dinamarca”, ressaltou o governador.
Outra expectativa, segundo o governador
do Amapá, é de que uma parte do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial seja destinada para
resolução de problemas envolvendo
as mudanças climáticas. Atualmente,
o grande problema gerador do aquecimento global
é o carbono emitido pela queima de combustíveis
fósseis, como gasolina, carvão e diesel.
Ainda assim, a liberação de carbono
das florestas – com as queimadas e o desmatamento
em geral – precisa ser considerada, apesar da divergência
dos pesquisadores quanto ao percentual que elas
emitem para a atmosfera.
+ Mais
Documento que pede inclusão
da Amazônia em discussões sobre o clima
será levado à Dinamarca
9 de Outubro de 2009 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - Ainda hoje (9), os participantes da Cúpula
Amazônica de Governos Locais devem apresentar
um documento com a proposta de inclusão da
Amazônia nas negociações de
mudanças climáticas globais. O documento,
chamado Carta de Manaus, trará também
a síntese dos resultados das discussões
realizadas durante o encontro.
De acordo com o secretário
de Meio Ambiente e Sustentabilidade da capital amazonense,
Marcelo Dutra, a Carta de Manaus também será
apresentada em dezembro, na Dinamarca, durante a
reunião da Conferência das Partes sobre
o Clima (COP-15).
Dutra destacou que o documento
pretende levar às autoridades presentes na
reunião em Copenhague um pouco da realidade
dos municípios que compõem a Amazônia
Internacional, bem como as necessidades da região.
Um dos assuntos que precisam ser melhor discutidos,
segundo Dutra, é a relação
entre a preservação da floresta e
a vida das populações que vivem nessas
áreas.
“Enquanto a fome brigar com a
intocabilidade da floresta, o meio ambiente vai
perder. Precisamos ajudar as populações
da região e encontrar os caminhos certos
para alinhar as políticas nacionais com as
dos municípios”, sintetizou.
O juiz da Vara Especializada em
Meio Ambiente e Questões Agrárias
do Amazonas, Adalberto Carim, explicou que a Carta
de Manaus constitui um documento do tipo soft law,
ou seja, que não tem valor jurídico
imediato, mas que, gradualmente, pode ser adaptado
à Constituição Federal.
“Os países que firmarem
essa carta e interiorizarem o entendimento comum,
terão oportunidade de adaptar e adequar isso
às suas legislações internas”,
disse.
Na avaliação do
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia Niro Higushi, um dos pontos polêmicos
dos debates realizados durante a Cúpula Amazônica
de Governos Locais e que devem ser tratados na COP-15
é o desmatamento zero.
“Nesses próximos dez anos,
o Brasil não está preparado para ter
desmatamento zero na Amazônia, mas a sinalização
de uma redução é um progresso
enorme e vai ter impacto na COP-15”, finalizou.