Panorama
 
 
 

LULA, DESMATAMENTO ZERO E OS CARECAS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2009

08 de Outubro de 2009 São Paulo (SP) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou estar pouco familiarizado com o conceito de desmatamento zero ao afirmar, durante a Cúpula entre Brasil e União Européia em Estocolmo, na Suécia, que “nem que fosse careca o Brasil pode assumir uma meta de desmatamento zero, porque sempre vai haver alguém que vai cortar alguma coisa”.

A afirmação do presidente contraria o entendimento de importantes setores da economia nacional – como o do agronegócio, representado pela indústria da soja e os maiores frigoríficos do país – que já incorporaram o esforço de acabar com o desmatamento em suas cadeias de produção.

O desmatamento zero busca assegurar a conservação da floresta amazônica devido à sua crucial importância na manutenção do equilíbrio climático, da conservação da biodiversidade e na preservação do modo de vida de milhões de pessoas que dependem dela para sobreviver. Uma política de desmatamento zero não impede que árvores sejam cortadas, desde que de forma sustentável.

Ao contrário do que imagina o presidente, o desmatamento zero pretende acabar com o corte raso e a degradação de grandes extensões de mata e deve preocupar igualmente carecas e cabeludos. Aliás, quanto menos cabelo, mais cuidado deve ser dado a ele. O objetivo de uma política de desmatamento zero é dar corpo a uma gestão cuidadosa da floresta que ainda existe, com o estabelecimento de todo o remanescente como reserva florestal nacional, com exceção das propriedades particulares e em casos que envolvam populações tradicionais e indígenas.

A meta de obter uma redução de 80% do desmatamento até 2020, com relação à média do corte registrado entre 1996 e 2005, prometida pelo presidente no mês passado, é insuficiente. À luz da atual crise climática global, permitir a derrubada de 20% de mata em relação à média do período significa muito mais do que “ter sempre alguém cortando alguma coisa”. O presidente precisa botar seus assessores para fazer contas. Estima-se que em cada quilômetro quadrado da floresta amazônica, existam entre 45 mil e 55 mil árvores com mais de dez centímetros de diâmetro*.

A lógica presidencial, que admite que o Brasil continue derrubando cerca de 3.900 km2 de suas matas em 2020, significa que o país perderá, apenas neste ano, entre 175 milhões e 215 milhões de árvores. Isto está longe de ser um pauzinho qualquer. A diferença entre a proposta do Greenpeace e de outras organizações – Instituto Socioambiental, Instituto Centro de Vida, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, The Nature Conservancy, Conservação Internacional, Amigos da Terra, Imazon e WWF-Brasil – de zerar o desmatamento em 2015 e a de Lula, de permitir 20% de desmatamento em 2020, equivale aceitar que nesse intervalo de cinco anos o Brasil perderá entre 800 milhões e 1 bilhão de árvores na Amazônia. Francamente, é um número inaceitável. Como por sinal parecia ser inaceitável para o próprio Lula há alguns meses.

Em junho desse ano, em Alta Floresta (MT), Lula disse que “se houve um momento em que a gente podia desmatar, agora desmatar joga contra a gente e vai nos prejudicar no futuro. Hoje, em vez de dizer que não pode cortar árvore, nós temos de incentivar e pagar para as pessoas plantarem árvores”, afirmou. Além de ser a forma mais barata e rápida de combater as mudanças climáticas, zerar o desmatamento é fundamental para o desenvolvimento econômico do país no longo prazo, já que as chuvas produzidas na Amazônia são importantes para a geração de energia, a produção de alimentos e o abastecimento de água nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil.

Ter como meta resguardar o que ainda nos resta de matas é buscar um futuro melhor para as gerações de brasileiros que virão. O Greenpeace se coloca à disposição do presidente para esclarecer quaisquer dúvidas que ele tenha sobre o conceito de desmatamento zero, a fim de construir um Brasil mais sustentável, justo e de fato inserido no esforço global contra as mudanças do clima. E, apenas para ajudá-lo na sua reflexão sobre esse futuro, não custa lembrar que o Brasil já perdeu 700 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica nas últimas quatro décadas. Nesse espaço de tempo e de área, entre 33 bilhões e 41 bilhões de árvores viraram fumaça, ajudando a transformar o Brasil no quarto maior emissor mundial de gases que provocam o aquecimento global.

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Nota das Ongs contra revogação da legislação ambiental brasileira

09 de Outubro de 2009 São Paulo, (SP) — As organizações abaixo assinadas alertam à sociedade brasileira para a gravidade da proposta da bancada ruralista no Congresso Nacional (PLs 1876/99 e 5367/09) que tramita em comissão especial formada por maioria de parlamentares ligados ao agronegócio.

A proposta revoga ou modifica as principais Leis ambientais brasileiras, como o Código Florestal brasileiro, a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, a Lei de Crimes e Infrações contra o Meio Ambiente e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Os principais instrumentos de gestão ambiental em vigor como a criação de unidades de conservação, as reservas florestais legais, as áreas de preservação permanente, o licenciamento ambiental, o Conselho Nacional de Meio Ambiente poderão ser revogados ou enfraquecidos para atender exclusivamente por encomenda setorial dos ruralistas.

Às vésperas de uma das mais importantes reuniões internacionais de todos os tempos (Conferência do Clima em Copenhagen em dezembro próximo) que tratará de mecanismos e compromissos com a redução de emissões de gases de efeito estufa a bancada ruralista, com a conivência do governo federal, insiste em colocar em pauta e em ritmo acelerado propostas que põem em sério risco as principais leis brasileiras, em especial a que regulamenta o controle do desmatamento em todos os Biomas brasileiros. Ressalte-se que o desmatamento é responsável por mais de 50% das emissões brasileiras.

As organizações abaixo assinadas pedem ao Presidente da República e ao Presidente da Câmara dos Deputados o empenho necessário para que os Projetos de Lei aqui referidos (PL 1876/99 e 5.367/09) sejam rejeitados, ou que, no mínimo, sejam objeto de amplo debate nacional e tramitem ordinariamente nas comissões temáticas pertinentes viabilizando assim a participação ativa e informada de todos os setores interessados no desenvolvimento sustentável no Brasil.

As principais leis ambientais brasileiras a Lei da Mata Atlântica, a Lei de Gestão de Florestas Públicas, a Lei de Crimes e Infrações contra o Meio Ambiente, a Lei do Sistema Nacional de Meio Ambiente, Lei de Gerenciamento de Recursos Hídricos, Lei de Informações Ambientais e Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação foram objeto de amplo debate no Congresso Nacional sendo inadmissível que este governo permita modificações de leis tão importantes para o desenvolvimento nacional sustentável sem um amplo e aberto debate nacional.

Brasilia, 06 de outubro de 2009

Associação Preserve a Amazônia
Apremavi
Amigos do Futuro
Conservação Internacional
IPAM
Fundação SOS Mata Atlântica
Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia
Greenpeace
Grupo de Trabalho Amazônico
Rede de Ongs da Mata Atlântica
SOS Pantanal
ISA – Instituto Socioambiental
Instituto de Pesqusas Ecológicas
WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal
WWF


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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