15/10/2009 - Materiais inusitados
têm sido usados pelos pesquisadores do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT)
para fabricar papel. Pêlos de caroço
de açaí e pó de couro de peixe,
que geralmente são descartados por indústrias
da região, substituem
a madeira no laboratório de celulose do centro
de pesquisas.
Para transformar peixes em papel,
pesquisadores utilizaram um material desperdiçado
pelos curtumes. “Existem algumas indústrias
que usam a pele (de peixes) para fazer couro. Quando
a pele entra no fulão [cilindro giratório
usado para processar o couro], cai um pó,
que entra no processo de criação de
pasta celulósica”, explica a pesquisadora
Marcela Cavalcanti, chefe do laboratório.
O resultado é um papel
especial, mais emborrachado, que pode até
ser impermeável, dependendo dos produtos
químicos utilizados no tratamento. “Ele serve
para impressão, embalagens. Artesãos
têm se interessado em usá-lo para fazer
embalagens, e arquitetos, para decoração
interna.”
Pêlo de açaí
No caso do açaí,
a fabricação do papel é mais
parecida com a convencional. “Cooperativas usam
a amêndoa para produção de óleo
ou o caroço para artesanato. Nos dois processos,
o pelo que cobre o caroço é descartado”,
conta Marcela.
O pelo da fruta – parecido com
aqueles que envolvem o coco-da-baía – é
transformado em celulose, e surge um papel mais
parecido com o papel comum. Tanto no caso do açaí
quanto do peixe, os pesquisadores também
experimentaram a mistura com restos de papel que
seria reciclado, e a mistura deu certo.
Patente
Como as pesquisas ainda estão
em andamento, os papéis ainda não
são confeccionados em escala industrial.
Segundo a chefe do laboratório de celulose,
ainda são necessários estudos para
ver se há oferta de matéria-prima
suficiente para alimentar uma fábrica que
faça papéis desse tipo.
+ Mais
MCT discute diretrizes de pesquisa
para energia eólica
14/10/2009 - O Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da
Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico
e Inovação (Setec), vai criar um grupo
de trabalho para elaborar a formulação
de um programa energético, que contemple
o desenvolvimento de tópicos voltados para
a produção de energia eólica,
infraestrutura e a formação de recursos
humanos para o setor.
A decisão foi tomada a
semana passada em reunião setorial, no ministério,
de entidades do segmento energético com objetivo
de obter subsídios para formulação
de um programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I) em energia eólica.
No encontro, que teve também
a presença de representantes de instituições
de ensino e empresas privadas, foram apresentados
programas já em desenvolvimento para a geração
de energia eólica tanto no Brasil como em
outros países.
O coordenador do Curso de Pós-Graduação
em Energia Eólica da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Pedro Flores, expôs
as tecnologias utilizadas hoje na aplicação
da energia no cenário mundial, bem como situações
e perspectivas no Brasil.
A diversidade da matriz energética
no País foi o tema da fala do professor Fernando
Antunes do Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade Federal do Ceará (UFCE) e pesquisador
do segmento de Eletrônica de Potência.
Ele frisou ainda as oportunidades de promoção
da indústria nacional e os benefícios
ambientais desse leque de alternativas para a geração
energética.
Por sua vez, Jorge Antônio
Villar Alê, da Pontifícia Universidade
Católica (PUC) de Porto Alegre (RS), destacou
a necessidade de formulação de políticas
objetivas e permanentes, programas de incentivo
à fabricação nacional de partes
e peças, criação de normas
técnicas para a qualidade e a necessidade
de capacitação técnica e científica
no setor de energia eólica.
Também foi informado na
reunião o lançamento, em novembro
próximo, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq/MCT),
de um edital com recursos do Fundo Setorial de Energia
(CT- Energ) no valor de R$ 16 milhões para
pesquisas em energias renováveis, sendo a
eólica um dos itens de destaque.
Outro destaque para o setor ressaltado
pelo diretor do departamento de Desenvolvimento
Energético do Ministério de Minas
e Energia (MME), Hamilton Moss, é o leilão
de energia, previsto para o final do ano, para a
definição do programa de P&D em
energia eólica.
Participaram ainda da reunião
representantes da Petrobrás, da Eletrobrás,
da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),
Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec)
e da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) entre outras entidades.