Panorama
 
 
 

BRASIL APRESENTA METAS GASOSAS CONTRA O AQUECIMENTO GLOBAL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2009

13 de Novembro de 2009 - A nova mestre de cerimônias verdes do governo federal, a chefe da Casa Civil e candidata à Presidência Dilma Roussef, anunciou hoje em São Paulo que o Brasil tem a intenção de assumir “compromissos voluntários” no combate ao aquecimento global. Eles consistem em um desvio entre 36% e 39% na curva de crescimento projetada para 2020 de emissão de gases do efeito estufa.

Para demonstrar seriedade, agora Lula precisa seguir esses compromissos como uma política de Estado, incorporando-o à Política Nacional de Mudanças Climáticas e também a um plano de desenvolvimento nacional, além de apresentá-lo na 15ª Conferência do Clima (COP15), que acontece em Copenhague, em dezembro.

Se levá-los à conferência, Lula mostrará que há a vontade real de colocá-los em prática. Além disso, o Brasil pode ser o fiel da balança e abrir caminho para Estados Unidos e China darem também passos públicos importantes para se obter um acordo mundial na conferência.

Caso contrário, o anúncio pode ser apenas isso: um discurso de intenções. Uma vez que o compromisso é construído sobre uma taxa de crescimento projetada, ele pode ser mandado às favas se as coisas ficarem ruins do ponto de vista econômico.

“O compromisso não pode virar refém de contingência econômica e a vontade do setor privado adotá-lo”, afirma João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace. “O Brasil precisa ter a coragem política para assumi-lo internamente e apresentar esses números em Copenhague.”

O setor de maior contribuição é o florestal, com o único número que era consensual dentro do governo antes da reunião de hoje: redução de 80% do desmatamento da Amazônia em 2020, o que equivale a uma redução de 20% dessas emissões. O desmatamento e as queimadas são a maior fonte brasileira de gases do efeito estufa.

O restante vem de outros setores, como o de agropecuária, siderurgia e energia. Faltou transparência no processo de formulação desses números. Não se sabe ainda qual é a parcela de contribuição de cada um desses setores exceto o florestal, nem como a redução das emissões projetadas pode acontecer.

Além disso, o inventário das emissões nacionais precisa ser atualizado “Se o Brasil chamou uma coletiva de porte aqui para falar de seus planos, esperamos que o governo assuma esse compromisso publicamente no exterior, de forma que esse número possa ser verificado internacionalmente”, afirma Talocchi.

Uma forma de verificação é a publicação periódica do inventário nacional de emissões brasileiras de gases do efeito estufa. A primeira e única edição foi lançada em 2004, com dados de 1994. A segunda edição foi prometida para esse ano, mas até agora nada.

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Desmatamento na Amazônia: anúncio de Dilma, mérito dos brasileiros

12 de Novembro de 2009 - Entre agosto de 2008 e julho de 2009 foram desmatados 7.008 km2 de floresta, o menor índice desde que o desmatamento começou a ser monitorado pelo Inpe, em 1988. É uma área maior do que a do Distrito Federal.
Manaus — Queda é expressiva, mas área derrubada entre agosto de 2008 e julho de 2009 é maior do que a do Distrito Federal

A taxa anual de desmatamento na Amazônia, um fantasma que perseguiu governos ao longo das últimas duas décadas e cujo anúncio, em geral em tom sombrio, sempre sobrou para o ministro do Meio Ambiente, este ano foi motivo de festa oficial, que teve como mestre de cerimônia a chefe da Casa Civil e candidata à Presidência, Dilma Roussef. Entre agosto de 2008 e julho de 2009 foram desmatados 7.008 km2 de floresta, o menor índice desde que o desmatamento começou a ser monitorado pelo Inpe, em 1988. É uma área maior do que a do Distrito Federal.

A presença da ministra – que nunca escondeu seu pouco interesse por questões ambientais – à frente do anúncio foi o sinal mais eloquente de que o governo tinha em mãos números que, na sua visão, eram dignos de aplauso. Não é tão simples assim. “A queda é importante, mas ainda está se derrubando muita floresta na Amazônia”, afirma Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace.

Para o Greenpeace, o mérito da redução da taxa de desmatamento pertence sobretudo à sociedade brasileira. “Há anos ela clama por ações de proteção da Amazônia, obrigando governos a tomar providências mínimas para, pelo menos, diminuir o tamanho do desastre. E, quando qualquer governo segue a lei, o desmatamento cai”, diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia. “Graças à pressão da sociedade civil, conseguimos barrar mudanças perversas no Código Florestal que aumentariam o desmatamento. Mas essa ameaça continua viva. Vamos continuar vigilantes para que a tendência de queda seja consolidada e permita transformar em realidade o sonho do desmatamento zero na Amazônia.”

Infelizmente, Lula não quer tanto. Ele próprio já disse que a meta do governo é reduzir em 80%, até 2020, o desmatamento médio ocorrido na região nos últimos dez anos, que foi de 19.000 km2. O presidente, portanto, ficará feliz se daqui a onze anos a floresta amazônica estiver sendo derrubada ao ritmo de pouco menos de três cidades de São Paulo por ano. E este esforço deve ser o grosso da meta voluntária que o Brasil levará para Copenhague, em uma das mais importantes reuniões para discutir medidas para barrar o aquecimento global, em dezembro.

Além da pressão dos brasileiros sobre o governo, outras ações contribuíram para esta nova redução da taxa. “As ações do Ministério Público do Pará, que paralisaram a pecuária no estado que mais desmata no país, aliadas à implementação da moratória da soja também foram fundamentais para conter o desmatamento da floresta”, diz Adario. A crise financeira mundial que estourou no final do ano passado também colaborou para refrear o ritmo da derrubada, com queda na demanda de produtos amazônicos ligados ao desmatamento – como carne, soja e madeira.

O número divulgado hoje confirma também que o desmatamento vem mudando de padrão nesse período. O corte raso, que habitualmente ocorria em grandes extensões, pulverizou-se por áreas menores do que 100 hectares, o que torna o combate oficial bem mais difícil. A taxa anual anunciada pela ministra, por sinal, deve ser ainda vista com razoável cautela. Os dados, baseados em 75% das áreas a serem analisadas, são preliminares e, uma vez consolidados, podem piorar o resultado. No ano passado, a diferença entre o índice consolidado e o preliminar foi de 1000 km2.

A implementação das medidas oficiais contra o desmatamento ainda deixa muito a desejar. No último ano, o Plano de Ação para Prevenção e Combate do Desmatamento da Amazônia, este sim de responsabilidade da ministra-chefe da Casa Civil, não recebeu qualquer prioridade por parte do governo Lula, numa clara demonstração que o governo continua subestimando o esforço exigido para proteger efetivamente a floresta.

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Líderes mundiais têm mais uma chance para proteger o clima

02 de Novembro de 2009 - Hoje, milhares de turistas que visitavam a Igreja da Sagrada Família idealizada por Antoni Guadí conseguiram uma imagem bem específica do monumento. Vinte e um ativistas do Greenpeace escalaram os guindastes que fazem a manutenção da igreja com uma mensagem para que os lideres mundiais salvem o clima.

Barcelona sedia esta semana a fase final das negociações , a última reunião antes da 15 Conferência do Clima da ONU, que acontece em dezembro em Copenhague, na Dinamarca. Esta reunião é crucial para que os países assumam metas de redução de emissão e decidam quem vai colocar dinheiro na mesa para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger as florestas.

"Um bom acordo para o clima ainda é possível, mas falta vontade política. Os Estados Unidos ficaram muito aquém das metas do resto do mundo e muito ainda precisa ser feito para que um acordo justo e ambicioso se concretize", disse Damon Moglen do Greenpeace nos Estados Unidos. Os EUA se comprometeram com uma ínfima meta de redução de 3 - 4% em relação às emissões de 11000. Para que a temperatura do planeta não ultrapasse os 2 graus Celsius, é necessário que os países desenvolvidos diminuam 40% de suas emissões.

Uma análise recente feita pelo Greenpeace do projeto de lei americano sobre o clima mostra que o acordo dos EUA foi comprometido por artifícios da indústria de combustíveis fósseis, minando a promessa do President Obama de liderar o mundo no sentido de encontrar uma solução para a crise climática.

Durante a reunião em Barcelona, os países em desenvolvimento - Brasil, China, Indonésia, Índia, México, África do Sul e Coréia do Sul - pretendem anunciar suas metas de corte de emissões.

"É claro que agora os países em desenvolvimento estão fazendo um esforço muito maior para resolver este problema, enquanto os países industrializados parecem gastar mais tempo em desvalorizar as possibilidades de um bom acordo ao invés de tentar obter um” disse João Talocchi, do Greenpeace no Brasil.

No Brasil - Ao mesmo tempo em que o governo brasileiro planeja divulgar suas metas de corte de emissões e reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia, a bancada ruralista se prepara para uma revanche. Na última quarta-feira, a votação do PL 6.424/05, mais conhecido como Floresta Zero, esteve prestes a acontecer, mas foi adiada para a próxima quarta-feira, após um protesto do Greenpeace. O projeto permite que proprietários que destruíram suas Reservas Legais fiquem desobrigados de recuperar o dano ambiental e autoriza a recuperação da cobertura florestal com monoculturas em 30% da área ilegalmente desmatada. "O Brasil precisa levar para a reunião de clima o desmatamento zero e vai ser impossível conseguir atingir essa meta aprovando projetos como esse”, disse Paulo Adário, do Greenpeace.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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