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CÂMARA ADIA VOTAÇÃO DE PL QUE ANISTIA DESMATADORES

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2009

04/11/2009 - Oposição da sociedade e de líderes partidários faz presidente de Comissão de Meio Ambiente recuar e encerrar a sessão alegando falta de quórum. Ruralistas tentarão colocar projeto em pauta novamente dentro de duas semanas.

O tumulto era grande na porta da sala onde ocorreria a reunião da Comissão de Meio Ambiente. Precavido com a manifestação ocorrida na semana passada, o presidente da comissão, deputado Roberto Rocha (PSDB-AMA), determinou aos seguranças que fizessem uma revista fina em todos que entravam. Faixas, cartazes e afins eram artigos proibidos. Mas nem precisaram ser usados. Antes de começar a sessão, Rocha declarou falta de quórum para suspender a reunião.

A falta de quórum foi a justificativa formal para a falta de consenso político em torno do relatório que seria submetido a votação. Alertados pela sociedade da gravidade do texto que estava para ser aprovado, líderes dos principais partidos entraram em contato com o presidente da comissão para pedir que o projeto fosse retirado de pauta. Fora os ruralistas, ninguém quer aparecer como padrinho político do projeto que anistia o desmatamento ilegal e abre alas para a destruição definitiva das áreas ambientalmente sensíveis.

De acordo com o advogado Raul do Valle, coordenador adjunto do Programa de Política e Direito Socioambiental do ISA, além de promover a anistia, a proposta diminui o nível de proteção às florestas ainda remanescentes , praticamente revogando o Código Florestal (Lei nº 4771/1965): “Essa proposta é um absurdo sem tamanho, e não dá para entender como o governo deixou que andasse até esse ponto, pois ela quase foi aprovada na semana passada”.

Os principais pontos do projeto são:

• Anistia a quem desmatou ilegalmente área de Reserva Legal até 2006

• Anistia ampla e irrestrita para quem ocupou Áreas de Preservação Permanente (beiras de rio, encostas, topos de morro) até 2006

• Delegação aos estados para que definam, sem qualquer piso nacional, o tamanho e o regime de uso das áreas de preservação permanente

• Possibilidade de compensação da reserva legal fora da bacia hidrográfica onde ela deveria estar

• Possibilidade de recompor a Reserva Legal (para aqueles que desmataram após 2006) com até 50% de espécies exóticas, o que na prática significa diminuir pela metade sua área

Para uma análise mais completa do texto clique aqui.

Não está definido se o projeto voltará ou não a ser analisado na Comissão de Meio Ambiente. Vários deputados pedem que o assunto seja encerrado nessa comissão e analisado na comissão específica que foi criada para tratar do assunto. Se o governo quiser, enterra o projeto. Agora é ver qual o tamanho de sua disposição.

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Quilombolas avaliam repovoamento de juçara ao fim de quatro anos

12/11/2009 - Com o término do financiamento do PDA/MMA, que por quatro anos apoiou o projeto de Conservação, recuperação e Uso Sustentável da Palmeira Juçara, representantes de 12 comunidades concluem em oficina que o trabalho não terminou e que a busca pela sustentabilidade continua

Uma oficina de avaliação do programa repovoamento de palmito juçara foi realizada nos dias 6 e 7 de novembro, com a equipe técnica do ISA e representantes de 12 comunidades quilombolas do Vale do Ribeira que participam do Projeto de Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Palmeira Juçara (Euterpe edullis). Desenvolvido pelo ISA e pelas comunidades, o projeto encerra mais um ciclo que coincide com o término do financiamento do Ministério do Meio Ambiente/PDA, que apoia as atividades desde 2004. O objetivo do projeto é levantar estratégias para a sustentabilidade da Juçara.

Durante a oficina, realizada na Pousada do Quilombo de Ivaporunduva, em Eldorado, ficou evidente a complexidade que envolve o uso da Juçara (Euterpe edullis). Os problemas vão muito além da questão do manejo ou extração ilegal do palmito. Diversos fatores que fazem parte da história do Vale do Ribeira acabam por se refletir no modo atual de exploração da espécie atualmente.

Entre os fatos históricos mais relevantes levantados que envolvem a exploração da Juçara para geração de renda, destacam-se: as restrições ambientais que limitaram a abertura de roças no sistema tradicional de coivara que, em conseqüência, limitou a produção dos agricultores quase que exclusivamente à subsistência; e o incentivo à exploração do palmito, com a abertura de fábricas de processamento nas décadas de 1970 e 1980. A população quilombola do Vale do Ribeira fez parte desse processo assim como a maioria das pessoas da região, que acabou explorando a espécie para gerar renda, sem pensar na sustentabilidade a longo prazo.

Entretanto, a forte relação dos quilombolas com os recursos naturais, fez com que nos últimos anos eles percebessem a importância da espécie para a floresta e para as gerações futuras. Perceberam também o valor de uma juçara em pé, e como ela pode ser usada de forma sustentável.

Reunidos em grupos eles levantaram as pendências a serem resolvidas e a continuidade das atividades de repovoamento

Esforço para envolver mais famílias no repovoamento

Atualmente, 12 comunidades quilombolas estão repovoando áreas de floresta com Juçara (Euterpe edullis) em seus territórios (95 ha/ano) pensando agora na sustentabilidade no longo prazo. Nos últimos anos, vale ressaltar, as organizações sociais dos quilombolas cresceram e, com elas, a interlocução com diferentes segmentos da sociedade.

No final da oficina foi elaborada uma agenda para o encerramento das atividades do projeto ainda pendentes, com destaque para o mapeamento e inventário das áreas de repovoamento. Utilizando-se de técnicas de dinâmica de grupo, os participantes levantaram conteúdos para produzir conjuntamente um informativo, divulgando informações sobre o programa de repovoamento das comunidades.

Os quilombolas também se comprometeram a mobilizar, junto com as lideranças comunitárias e o ISA, mais famílias a participar da discussão sobre o uso múltiplo da Juçara e tratados de respeito às áreas de repovoamento entre territórios vizinhos. Uma reunião do Conselho Gestor do programa de repovoamento foi marcada para o início de 2010, com o objetivo de viabilizar a produção de polpa e sementes na próxima safra. Os quilombolas terminaram a oficina com a certeza de que é necessário dar continuidade à mobilização das comunidades para o repovoamento e de que o trabalho em busca da sustentabilidade não termina com o fim do apoio financeiro do PDA/MMA.

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Índios Kayapó dizem não à Belo Monte em reunião na TI Capoto-Jarina

03/11/2009 - Em reunião histórica encerrada na noite de ontem (2/11) na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina (MT) 284 indígenas de 15 diferentes etnias, disseram não à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, e ameaçam ir à guerra caso as obras se iniciem.

Foram seis dias de encontro para discutir o projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Motivado pelo fato de o projeto estar sendo levado adiante sem diálogo com as comunidades indígenas e pela recente declaração do ministro Edson Lobão, das Minas e Energia, sobre a existência de "forças demoníacas" contrárias aos projetos hidrelétricos. Com a reunião já marcada, os Kayapó souberam do parecer da Funai favorável a Belo Monte, criando mais tensão ainda entre eles.

O encontro foi liderado pelo cacique Raoni Metuktire e organizado pelo Instituto Raoni com apoio da Associação Floresta Protegida (AFP), Conservação Internacional (CI), Instituto Socioambiental (ISA) e Greenpeace.

Durante as reuniões as lideranças expressaram seus anseios, dúvidas e sugestões sobre Belo Monte e as falas se intercalaram com manifestações culturais dos diversos grupos presentes, tanto de dia quanto de noite.

Um dos desdobramentos do encontro foi a produção de uma carta que será entregue para o presidente Lula e o presidente da Funai por uma comissão de cinco indígenas escolhidos na reunião, e já a caminho de Brasília. O texto tem um tom firme e deixa claro que caso o projeto de Belo Monte seja implementado, haverá guerra com mortes entre brancos e índios, e o governo será responsabilizado.

Foram feitas apresentações sobre o projeto antigo de Belo Monte que os Kayapó conheceram em 1989 e sobre as modificações propostas no novo projeto apresentado em 2009, incluindo riscos e relacionando alguns problemas. Os destaques foram o desequilíbrio que a barragem pode causar na Bacia do Xingu, o aumento do desmatamento que pode ocorrer na região de Altamira e em diversos pontos da Bacia do Xingu, não apontados nos Estudos de Impacto Ambiental entregues ao Ibama, além das ameaças imediatas para as Terras Indígenas nas proximidades de Altamira.

Um dos desdobramentos do encontro foi a produção de uma carta que será entregue para o presidente Lula e ao presidente da Funai, Márcio Meira, por uma comissão de cinco indígenas escolhidos na reunião, e já a caminho de Brasília. Leia a carta na íntegra. A comissão de indígenas que irá a Brasília deve ainda tentar agenda com diversas outras autoridades para falar sobre o caso. O caso da construção de Belo Monte foi apresentado ontem (2/11), em Washington (EUA), à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.


 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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