04/11/2009 - Carlos Américo
- O desmatamento da Amazônia caiu 32% em setembro
deste ano em comparação ao mesmo mês
do ano passado. Com 82% da área sem a presença
de nuvens, a maior visibilidade dos últimos
dois anos para o mês, o sistema de Detecção
de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou
400 km² desmatados,
contra 587 km² do ano passado. É o menor
índice registrado pelo sistema desde 2004.
No acumulado do ano, o desmatamento
da Amazônia, de janeiro a setembro, caiu pela
metade, em relação ao mesmo período
de 2008. Neste ano, foram desmatados 2.855 km²,
54% a menos que nos mesmos meses do ano passado
(6.262 km²). "É uma queda expressiva,
consistente e continuada, que se deve a muito trabalho",
destacou o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente,
em entrevista coletiva para comentar os dados do
Inpe.
Ele afirmou que a redução
nos índices de desmatamento é resultado
do trabalho de inteligência da Comissão
Interministerial de Combate aos Crimes e Infrações
Ambientais (Ciccia), que se reúne toda semana
para discutir ações para reprimir
os crimes ambientais, e das alternativas sustentáveis
de produção que estão sendo
implementadas na Amazônia por meio da Operação
Arco Verde.
"O Brasil vive um momento
importante, com as ações de repressão
junto com a operação Arco Verde, que
leva alternativas de trabalho, para que o povo possa
viver bem e com dignidade", disse o ministro.
O Mato Grosso foi o estado em
que foi registrada a maior área desmatada,
com 134 km², seguido do Pará (133 km²)
e Rondônia (71 km²). Dos nove estados
da Amazônia Legal, apenas Acre, Pará
e Roraima registraram uma alta no desmatamento,
comparado com o ano passado, com pequeno aumento
de 1km², 6 km² e 7 km², respectivamente.
Os outros estados tiveram uma
queda acentuada. Apesar de liderar o ranking do
desmatamento em setembro, Mato Grosso registrou
uma queda de 38%, em relação ao ano
passado. O Maranhão teve a maior redução
(86%). Segundo Minc, o número maranhense
caiu depois das ações do MMA juntamente
com órgãos parceiros, que trabalharam
diretamente na área com forte desmatamento.
Minc reiterou que este ano o país
terá a menor taxa de desmatamento dos últimos
20 anos e a tendência de queda vai continuar.
Se nós não acreditássemos na
queda do desmatamento, o presidente Lula não
teria anunciado uma redução do desmatamento
de 80% até 2020. Esse já é
um compromisso do país, afirmou o ministro.
Tal redução terá
como base a média de 1996 a 2005, que é
de 19.500 km². Sendo assim, em 2020, o desmatamento
deve cair para menos de 4 mil km². Para atingir
essa meta, Minc explicou que é preciso mais
gente, mais recursos e equipamentos, além
de apoio dos estados e alternativas de trabalho
com o uso de novas tecnologias.
Minc afirmou ainda que apesar
da queda, não está feliz com os números
do desmatamento. Melhor estar caindo do que subindo,
mas eu não comemoro queda do desmatamento
porque eu acredito no desmatamento zero.
Fiscalização - Em
setembro, os fiscais do Ibama identificaram 43 planos
de manejos, em Rondônia, que eram utilizados
para "esquentar" madeira ilegal. Minc
explicou que documentos emitidos por empresas que
detinham esses planos de manejo eram apresentados
aos fiscais do Ibama para comprovar a origem da
madeira. Entretanto, erros de coordenada da áreas
levaram os fiscais a constatar que a madeira era
ilegal e não pertencia às áreas
indicadas.
Em um balanço das ações
da Ciccia - composta pelo Ibama, Polícia
Federal, Força Nacional e Agência Brasileira
de Inteligência - o diretor de Proteção
do Ibama, Luciano Evaristo, contou que uma área
de 340 mil hectares foi embargada e interditadas
233 serrarias. Evaristo afirmou que todo o maquinário
é lacrado e desmontado, para evitar que os
criminosos continuem fazendo a atividade ilegal.
Foram expedidos 4.443 Autos de
Infração, com total de R$ 1,4 bilhão
em multas. Ainda foram apreendidos 82 mil m³
de tora e 73 mil m³ de madeira serradas, além
de caminhões, tratores e barcos.