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EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL TERÁ POUCA INFLUÊNCIA PARA AUMENTO DAS EMISSÕES DE CARBONO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2009

13/11/2009 - 09:32 - A exploração da camada pré-sal não deve trazer dificuldades para o Brasil no cumprimento de metas de redução das emissões de carbono. A afirmação é de especialistas que participaram da audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (12), em Brasília.

A finalidade do debate foi esclarecer dúvidas dos parlamentares sobre o possível impacto do aumento das emissões de gás; diante da preocupação quanto aos efeitos da utilização dos combustíveis fósseis no aquecimento global.

O encontro teve a participação de representantes da Petrobrás e de técnicos do governo. Para o coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), José Domingos Miguez, existem meios para evitar impactos negativos. Neste sentido, ele destacou a intenção da Petrobras em reinjetar nos poços perfurados o gás carbônico (CO²) resultante da queima de combustíveis, além de outras possibilidades analisadas. “Não precisamos ter só uma solução. Pode-se adotar diversas medidas de redução, como aumento de produção de energia renovável, de eficiência energética nos equipamentos, etc”.

Miguez também lembrou que as emissões provenientes da queima do combustível “não serão, necessariamente, geradas no Brasil. Se exportamos o petróleo, esse CO2 será emitido pelo país importador”, conclui.

O pré-sal brasileiro guarda imensos reservatórios de petróleo e gás natural. A camada se estende do litoral do Espírito Santo até o de Santa Catarina. A exploração dessa área deve colocar o Brasil entre os maiores detentores de grandes reservas petrolíferas.

Problema global

Segmentos da sociedade e governo estiveram mobilizados de forma mais intensa, nos últimos meses, em torno da elaboração de propostas a serem apresentadas na Conferência do Clima que se realiza em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro. Na avaliação de Miguez, a discussão da política interna deveria levar em conta também as negociações de ordem internacional.

Na sua opinião, o Brasil deve atuar como moderador e intermediar as negociações, mas sem deixar de considerar que o efeito estufa é um problema global. “Um país que causou 1% do problema não pode carregar um ônus enorme para a sociedade enquanto os outros 99% não fazem nada para reduzir as emissões ou acabaram adiando metas nos últimos dez anos”, sustenta.

O especialista do MCT ressalta que os maiores emissores históricos de gases poluentes, desde a Revolução Industrial, são países desenvolvidos como os Estados Unidos, Inglaterra, Rússia e Alemanha. Destaque também para nações emergentes como China e Índia. Neste contexto, o Brasil tem características positivas, devido à matriz energética mais limpa, pela larga utilização de hidrelétricas e de biocombustíveis.

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Pesquisa gera hipóteses biogeográficas sobre evolução marinha na Antártica

13/11/2009 - 08:04 - Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Valencia, na Espanha, conseguiram mapear quatro áreas de endemismo no continente ao estudar a distribuição geográfica de 31 espécies do gênero Oswaldella, um invertebrado aquático que vive fixo, aderido ao fundo do oceano.

O estudo, que será publicado em breve no Journal of Biogeography, busca entender a história evolutiva dessas espécies e sua biogeografia (área das ciências biológicas que estuda a distribuição dos seres vivos no espaço e no tempo), isto é, como e por que os organismos estão distribuídos em determinadas áreas.

De acordo com Antonio Carlos Marques, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do artigo, as duas principais hipóteses anteriores para a delimitação de áreas de endemismo antárticas não se baseavam em métodos analíticos formais.

“Para cada uma dessas áreas, além da abordagem metodológica inédita para o ambiente antártico, nossa contribuição é importante porque confrontamos resultados com dados paleoceanográficos, o que é muito pouco usual nesse tipo de abordagem”, explica ele.

Marques coordena o Projeto Temático Biodiversidade, evolução, endemismo e conservação dos Medusozoa do Atlântico Sul Ocidental, apoiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além de ser coordenador de projetos relacionados ao Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia (Prosul) e ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar). O outro autor do artigo é Alvaro Peña Cantero, do Instituto Cavanilles de Biodiversidade e Biologia Evolutiva da Universidade de Valencia.

“Como trabalho com esses organismos do Atlântico Sul Ocidental e do Pacífico Sul Oriental (a costa chilena), decidimos tentar inferir essas áreas de endemismo a partir de uma análise formal, com métodos que podem ser reproduzidos”, explica Marques.

Para inferir as regiões de endemismo, os pesquisadores empregaram uma técnica de biogeografia conhecida como análise de parcimônia de endemicidade, por meio da qual dividiram a Antártica em quadrículas e buscaram a afinidade dessas usando algoritmos matemáticos.

Na delimitação dos autores, a primeira seria a área conhecida como Magalhânica, que está fora da área delimitada pela Frente Polar do Oceano Austral e corresponde ao sul do continente americano. A segunda corresponderia à Península Antártica, compreendendo uma extensão que engloba também ilhas do Oceano Sul.

A terceira região corresponde à Antártica Ocidental, que inclui o mar de Weddell/Bellingshausen até o mar de Ross. Por fim, a quarta área é a Antártica Oriental, que vai desde a parte marginal do mar de Ross até o mar de Davis.

“Nossa hipótese está ligada a fatores históricos e procura propor detalhamentos que melhor expliquem a evolução da biota no ambiente antártico. Por isso, o padrão que encontramos apresenta maior detalhe na divisão do Oceano Austral, por exemplo, e para todas essas divisões encontramos um padrão de distribuição atual que se sustenta por eventos paleoceanográficos”, diz Marques.

As duas hipóteses anteriores propunham modelos biogeográficos importantes para a Antártica. Mas as análises dos autores, segundo o pesquisador, não foram baseadas em metodologias formais. Uma das propostas é a do norte-americano Joel Hedgpeth (1911-2006) que dividiu o Oceano Austral em uma “sub-região Antártica Continental” e outra “sub-região Scotia” (que incluía a Península Antártica).

A outra hipótese, do neozelandês Richard Kenneth Dell (1920-2002), também dividiu a Antártica em duas áreas: uma que incluiria a Península Antártica e os mares de Bellingshausen e Weddell e a outra que compreenderia o Arco Scotia.

“Boa parte dessas hipóteses são corroboradas por nossos dados. Isso também é um aspecto interessante. No caso da hipótese de Hedgpeth, ‘refinamos’ a proposta. A partir de agora, pode-se agregar mais dados. Vamos colocar mais grupos, não só as espécies de Oswaldella e, com a adição de novos dados, ver se essas regiões se mantêm ou se teremos que reinterpretar essas quatro áreas”, salientou.

Para cada área, os cientistas encontraram uma explicação paleoceanográfica. Na Península Antártica, por exemplo, que é a região mais estudada, as espécies ocupam o outro lado da península, no mar de Weddel.

“A explicação paleoceanográfica mostra que havia uma passagem que depois foi fechada, ocupada por um corredor de oceanos que permitia que a espécie que estava nessa área no passado passasse pelo meio desse corredor. Quando essa passagem foi fechada, as espécies foram isoladas em áreas diferentes”, diz.

Fase de colônia

As espécies de Oswaldella pertencem ao grupo dos cnidários que engloba os animais aquáticos de que fazem parte as hidras de água doce, medusas, águas-vivas, corais, anêmonas-do-mar, entre outras. São animais que vivem de forma fixa sobre o fundo do mar, em profundidades que podem chegar a milhares de metros. É um dos grupos de cnidários com maior número de espécies no ambiente antártico.

Os cnidários podem ter as fases de medusa (que nada, mas não tem capacidade natatória suficiente para passar as correntes oceânicas) e a de pólipo (que geralmente vive fixo no fundo do mar). No caso de Oswaldella, o grupo não produz uma medusa livre, e sua mobilidade é, portanto, muito baixa.

“Os pólipos, por reprodução assexuada, formam colônias e inclusive brotam as medusas, que são os adultos, porque têm as gônadas. Entretanto, em algumas linhagens, como em Oswaldella, sua biologia se restringe à primeira fase”, explica Marques.

“A pesquisa é importante porque só podemos pensar em conservar áreas, em criar sistemas de conservação que sejam eficientes, se compreendermos por que essas áreas existem. Elas não existem de maneira aleatória”, diz.

O pesquisador lembra que a Antártica chama muito a atenção por conta do aquecimento global, que tem provocado a perda acelerada de gelo nos polos do planeta. Segundo ele, todo o panorama atual de distribuição dos organismos antárticos poderá ser afetado pelas mudanças climáticas.

“O aquecimento global poderá mudar correntes e limites de temperatura que uma espécie poderia aguentar. Espécies mais tropicais podem ir mais ao sul, ocupar latitudes mais altas. E o delineamento dessas áreas é o primeiro passo para qualquer política de conservação. Não podemos pensar em conservação de uma maneira intuitiva. Ela tem que ter um alicerce científico que a sustente”, defendeu.

O artigo Areas of endemism in the Antarctic – a case study of the benthic hydrozoan genus Oswaldella (Cnidaria, Kirchenpaueriidae), de Antonio Carlos Marques e Alvaro L. Peña Cantero, pode ser lido em breve no Journal of Biogeography em www.wiley.com/bw/journal.asp?ref=0305-0270&site=1.


 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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