16 de Novembro de 2009 - A Comissão
Internacional para a Conservação de
Atuns do Atlântico (Iccat) falhou ao ceder
aos interesses da indústria
pesqueira, alerta o Greenpeace. Novamente aprovou
recomendações que não asseguram
a recuperação do estoque de atuns-azul,
um dos mais ameaçados no mundo.
O ultimo parecer dos cientistas
aponta que para recuperar apenas 50% do estoque
da espécie até 2023, seria preciso
impor uma cota-limite de pesca no leste do Atlântico
de até 8.000 toneladas. Mesmo sendo chamados
inúmeras vezes para proibir a pesca do atum-azul,
a Comunidade Européia, países do Mediterrâneo
e Japão pressionaram e conseguiram uma cota-limite
de 13.500 toneladas.
“De novo, a Iccat falhou em dar
uma chance de recuperação ao atum-azul.
E confirmou que os países pesqueiros são
incapazes de controlar sua produção,”
diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha
de Oceanos do Greenpeace. “O fim da comercialização
da espécie é agora a única
chance de salvá-lo da extinção”.
Durante o encontro, os membros
da Iccat estavam aparentemente desesperados para
estabelecer novas cotas-limite a fim de evitar o
fim do comércio do atum-azul. No mês
passado, o Principado de Mônaco fez uma proposta
sobre o tema para a Convenção que
determina sobre o comercio internacional de Espécies
Ameaçadas (Cites).
Os cientistas da Comissão
demonstraram que a população de atuns-azul
no Atlântico com capacidade de reprodução
é menor do que 15% do que era antes da liberação
de sua pesca - o que coloca a espécie dessa
região dentro dos critérios do Apêndice
I da Cites, o que representa proibir sua comercialização
no mundo até que os estoques se recuperem.
Os membros da Comissão
também falharam em adotar medidas efetivas
de proteção às espécies
ameaçadas de tubarão e tartarugas
marinhas. Mais uma vez a única coisa com
a qual eles concordaram foi em adiar a decisão
para o próximo ano.
Acima de tudo isso, e ao contrário
da resolução da Assembléia
Geral da UN, os membros da Iccat permitiram que
Marrocos – continue usando a rede de deriva até
2012. Sabe-se que essas chamadas de ‘muros da morte’
são ilegais e capturam peixes-espadas para
o mercado europeu. Anualmente, matam cerca de 4.000
golfinhos e 25.000 tubarões oceânicos
no oeste do Mar Mediterrâneo. Esta medida
foi fortemente apoiada pela União Européia
e Estados Unidos.
A falha da Iccat e de outras organizações
de manejo da pesca em assumir a responsabilidade
sobre os recursos marinhos não pode ser ignorada.
Isso demonstra a necessidade urgente de superar
esse modelo fragmentado de gestão para uma
governança integrada baseada na precaução,
que promova a criação de rede de áreas
marinhas protegidas.
O Greenpeace desenvolve uma campanha
para a criação de uma rede global
de áreas marinhas protegidas, cobrindo 40%
dos oceanos. Elas são essenciais para assegurar
a saúde dos oceanos e proteger a vida marinha
da sobre-pesca e destruição de seus
habitats. Oceanos sadios podem também desempenhar
um papel vital na mitigação dos efeitos
das mudanças climáticas.
+ Mais
“Defensores do Clima” ganha novos
aliados
16 de Novembro de 2009 - Jacarta,
Indonesia — Comunidades locais da Indonésia
apoiam o Greenpeace e autoridades decidem não
acabar com acampamento de ativistas que protegem
a floresta e o clima
A polícia da Indonésia
decidiu não fechar o acampamento “Defesores
do Clima” do Greenpeace graças ao apoio da
população local. Mais de 300 pessoas
da comunidade Teluk Meranti impediram que a polícia
removesse os ativistas do Greenpeace que estavam
na área desde o início do mês
para expor a destruição da floresta.
Em uma ação surpreendente, o chefe
de polícia revogou um processo legal e permitiu
a continuidade da atividade. O Greenpeace montou
um acampamento na Península Kampar, na Sumatra,
Indonésia, para pedir que os líderes
mundiais assinem um acordo justo e ambicioso na
Convenção do Clima da ONU e que o
presidente da Indonésia Yudhoyono acabe com
o desmatamento, que é uma das principais
causas do aquecimento global.
“Nós estamos impressionados
em ver esse extraordinário apoio das comunidades
da floresta. Isso confirma a nossa crença
de que população local quer as florestas
em pé” disse Bustar Maitar, do Greenpeace
do Sudoeste da Ásia. “É um recado
muito claro ao presidente Yudhoyono, que deveria
agir imediatamente para processar aqueles que destrõem
a floresta e não os que tentam protegê-la”,
completa.
Apesar de ter permitido a permanência
dos ativistas no local, a polícia da Indonésia
e as autoridades da imigração deportaram
11 estrangeiros, entre eles um brasileiro, que participaram
de uma ação direta não violenta
na última quinta-feira. Os ativistas abriram
uma faixa em uma área recém desmatada
com os dizeres: “Obama: você pode parar isso”,
enquanto outros se acorrentaram em sete escavadeiras
que pertencem à empresa de papel e celulose,
Asia Pacific Resource International Holdings (APRIL).
Grande parte da destruição das florestas
da Indonésia é causada por duas empresas
de papel e celulose, que juntas, controlam mais
de 73% da capacidade de produção da
Indonésia.
O protesto buscava impedir a destruição
da floresta e a drenagem ilegal do solo para cultivo
de monoculturas. Além disso, mandava um recado
direto aos líderes mundiais, principalmente
o presidente americano Barack Obama, que está
participando do encontro de Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico, em
Singapura, para que ele se comprometa em cortar
drasticamente as emissões e assine um acordo
legalmente vinculante na Conferência do Clima
da ONU em dezembro, em Copenhague. Os países
desenvolvidos também devem financiar o combate
do desmatamento global.
A destruição das
florestas tropicais contribui com 20% das emissões
de gás carbono do mundo e coloca a Indonésia
como o terceiro maior emissor de gases estufa do
planeta, logo atrás da China e dos Estados
Unidos. Os solos alagados da floresta da Indonésia
são riquíssimos em carbono. A Península
Kampar sozinha contém dois bilhões
de toneladas de carbono e representa um dos maiores
estoques naturais do planeta.