Uberlândia (25/11/2009)
- Mocinha é o mais novo xodó da equipe
que cuida dos felinos do Zoológico do Parque
do Sabiá, em Uberlândia, MG. A onça-pintada
fêmea de quase um ano de idade provoca paixões
nos que dela se aproximam. É um animal vigoroso,
mas surpreendentemente manso. “Ela se adaptou muito
bem à vida no zôo. Nem parece que veio
do meio selvagem”, observa Elisete de Araújo,
médica veterinária, que convive há
10 anos com os “gatinhos” do zoológico.
Mocinha já tem os dentes
formados. Se fosse macho, teria parceira certa:
a outra onça-pintada do lugar, a Janaína,
de cinco anos, trazida do estado do Amazonas. Janaína
era criada por um ribeirinho dentro da reserva de
Mamirauá e viveu, por quatro anos, em uma
pequena jaula de madeira que ficava no meio de uma
área alagada. Mas os técnicos não
recomendam o convívio das duas que poderia
acabar entre arranhões por causa da diferença
de idade.
Por enquanto, Mocinha habita um
recinto provisório mantido limpo pelos tratadores
que também a alimentam. Os três quilos
de carne por dia lhe conferiram a robustez dos seus
bem pesados 25 quilos. Francisco Ferreira da Silva,
auxiliar de veterinária, deixa escapar um
brilho no olhar ao descrever o prazer que sente
ao lidar há 21 anos com esses nobres selvagens.
“Somos um pouco pai e mãe desses bichos”,
destaca.
Os exames feitos em Mocinha assim
que chegou ao zoológico confirmaram o que
o aspecto físico já revelava: saúde
perfeita. Mas, mesmo com toda essa força,
Mocinha ainda não se dispôs a subir
nos troncos colocados no ambiente pela bióloga
Beatriz Veira Santos para estimulá-la. Além
de Elisete, Francisco e Beatriz, mais oito profissionais
entre veterinário, tratadores e cozinheiras
se mobilizam no cuidado diário de Mocinha
e dos outros 12 felinos do zôo (onça-pintada,
suçuaranas, jaguatiricas, gato mourisco e
tigrina), que incluem também vacinação
preventiva, aplicação de vermífugo
e o controle de pulgas e carrapatos.
Resgate
A onça-pintada foi levada para o Parque do
Sabiá pelo Ibama. O chefe do Escritório
Regional de Uberlândia, Aloísio Romar,
e o servidor José Basílio Franco foram
buscá-la no início do mês de
agosto, numa fazenda localizada no Distrito de Fé
do Araguaia, a 150 quilômetros de Araguaína,
em plena Amazônia tocantinense. Para recolhê-la,
eles contaram com a ajuda de servidores do Escritório
Regional de Araguaína/TO.
Na época, mocinha era um
apenas um filhote oito meses de idade e pesava cerca
de 15 quilos. “Os funcionários da fazenda
a acharam sozinha e debilitada no meio da pastagem.
Depois de laçada, foi colocada em um cercado
de madeira. Quando chegamos para resgatá-la,
vinte dias depois, ela estava alimentada, mas, como
é natural de um animal silvestre, ficou brava
quando a transferimos para uma jaula emprestada
pela Polícia Militar de Minas Gerais (5ª
Cia Independente de Meio Ambiente e Trânsito
de Uberaba)”, conta José Franco Basílio.
O chefe do Escritório Regional de Araguaína/TO,
Leo Bento, providenciou o laudo pericial a guia
de transporte do animal para Uberlândia/MG.
Foram dois dias de viagem.
Mocinha não está
em exposição ao público. Embora
a torcida para que continue no Zoológico
do Parque do Sabiá seja grande, ainda não
se sabe ao certo se ela ali permanecerá ou
se será destinada a algum criadouro conservacionista.
Mas, de uma coisa ninguém duvida: onde ela
estiver continuará despertando a admiração
e o respeito de seus observadores.
Esreg Ibama Uberlândia/MG
+ Mais
Lontras órfãs encontradas
em Belém são entregues ao Ibama
Belém (26/11/2009) – Dois
filhotes de lontra foram entregues nesta quinta-feira
(26/11) à Superintendência do Ibama
em Belém, no Pará. Com menos de dois
meses de idade, os bichos ainda não sabem
nem nadar. Provavelmente, tiveram os pais mortos
por pescadores. “Eles aprenderiam tudo com os adultos.
Agora vão precisar ser ensinados por humanos”,
diz o veterinário Messias Costa, do Parque
Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi,
entidade que ficou com a guarda provisória
dos animais.
Apesar da boa saúde, o
futuro dos órfãos ainda é incerto.
“A nossa primeira opção é sempre
devolver o animal à natureza”, explica a
veterinária Rita Barreto, do Núcleo
de Fauna e Pesca da Supes/PA. “Só mantemos
em cativeiro quando não há outra opção”,
completa ela, que acompanhará de perto a
recuperação dos mamíferos.
As lontras foram encontradas abandonadas
num parque bem preservado na zona urbana de Belém.
Segundo o Batalhão de Polícia Ambiental,
que trouxe os bichos ao Ibama, um funcionário
do local recolheu a dupla na beira de um lago. “Os
filhotes nunca são deixados sozinhos por
muito tempo. Mas é comum pescadores matarem
lontras adultas por causa da competição
por peixe ou mesmo pela pele”, afirma Messias.
Somente depois que as órfãs
aprenderem a sobreviver sozinhas, o Ibama vai decidir
se vai ser dada a guarda para algum zoológico
ou se as lontras voltam à liberdade.
Nelson Feitosa
Ascom/Ibama