Um novo estudo mostra que áreas
costeiras têm a capacidade de sequestrar 50
vezes mais carbono por ano do que florestas tropicais
de dimensão equivalente
Washington, DC - EUA, 17 de novembro
de 2009 — Manguezais, marismas (que são terrenos
lamosos ou alagadiços à beira-mar)
e bancos de gramíneas marinhas têm
uma capacidade surpreendente de absorver carbono
da atmosfera e estocá-lo no fundo do mar.
Essa é a conclusão de um artigo científico
publicado hoje, elaborado por uma pesquisadora da
ONG Conservação Internacional, e que
alerta para a urgência de ações
pela proteção desses habitats, em
sua grande maioria vulneráveis.
No documento Carbon Sequestration
by Coastal Marine Habitats: Important Missing Sinks
(em português: Sequestro de carbono por habitats
marinhos costeiros: importantes reservatórios
desconsiderados), a Dra. Emily Pidgeon descreve
como esses habitats podem sequestrar até
50 vezes mais carbono no sedimento abaixo deles
do que áreas equivalentes de floresta tropical.
“A principal diferença
entre esses habitats costeiros e as florestas é
que os mangues, as gramas marinhas e as plantas
dos marismas são extremamente eficientes
em enterrar o carbono no sedimento abaixo deles,
onde pode ficar armazenado por séculos ou
até milênios. As florestas tropicais
não são tão eficazes na transferência
de carbono para o solo, armazenando a maior parte
do carbono nas plantas vivas e na camada de húmus”,
explica Pidgeon, Diretora de Mudanças Climáticas
na Área Marinha da Conservação
Internacional. “Os ecossistemas costeiros continuam
sequestrando grandes quantidades de carbono durante
todo o seu ciclo de vida. A maior parte do carbono
permanece estocada no fundo marinho e por isso apenas
uma parte relativamente pequena é liberada
quando as plantas morrem”.
O estudo, publicado hoje pela
União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN, da sigla em inglês) no
relatório The Management of Natural Coastal
Carbon Sinks (em português: O gerenciamento
de reservatórios de carbono costeiros naturais)
apresenta argumentos sólidos para a proteção
desses ecossistemas – existentes em lugares tão
diversos como Grã Bretanha, Austrália,
Caribe, Mediterrâneo, América do Norte
e do Sul, incluindo o Brasil – e que estão
sendo perdidos a uma velocidade alarmante devido
a atividades humanas não sustentáveis.
O relatório contou com
o apoio do Programa do Meio Ambiente das Nações
Unidas (UNEP, da sigla em inglês), da Comissão
Mundial de Áreas Protegidas (WCPA, da sigla
em inglês), da Natural England e da Fundação
Lighthouse.
Segundo Pidgeon, além de
ajudar a retirar carbono da atmosfera, esses ecossistemas
também são muito importantes como
ferramenta de adaptação para ajudar
comunidades costeiras, que se encontram entre as
mais vulneráveis do mundo aos efeitos das
mudanças climáticas, a evitar seus
severos impactos. “Por essa razão, é
imprescindível que tomemos as medidas necessárias
para protegê-los imediatamente”.
Serviços ambientais – São
muitos os serviços ambientais que os ecossistemas
marinhos e costeiros prestam à humanidade.
Os manguezais são críticos para proteger
comunidades costeiras de tempestades e também
funcionam como berçário para inúmeras
espécies de peixes, o que garante alimento
para esses povos. As gramíneas marinhas também
evitam a erosão costeira e servem de habitat
para várias espécies de peixes com
importância comercial. Já os marismas
evitam que os sedimentos comprometam a atividade
pesqueira e contribuem para a proteção
de aquíferos de água doce contra a
invasão da água salgada.
“A vastidão das florestas
as torna essenciais para o sequestro de carbono.
Entretanto, a imensa capacidade de sequestro de
carbono dos habitats costeiros tem sido quase completamente
ignorada e deve ser também um componente
vital no esforço global contra os efeitos
da mudança climática”, conclui Pidgeon.
+ Mais
Amazônia brasileira é
destaque no New York Times
Belém, 18 de novembro de
2009 — A Amazônia brasileira foi destaque
na última semana no jornal americano New
York Times. A região foi tema de duas colunas
do jornalista Thomas L. Friedman, também
autor de livros como “O Mundo É Plano” e
“Hot, Flat and Crowded”. Friedman visitou, a convite
do governo brasileiro e acompanhado pela Conservação
Internacional, a Floresta Nacional do Tapajós,
em Santarém, Pará. Esteve também
em Belém, onde conversou com Waldez Goés,
governador do Amapá e com Ima Vieira, diretora
do Museu Goeldi, Peter Toledo, diretor do IDESP
e Paulo Barreto, pesquisador do Imazon.
Friedman esteve na Amazônia
pela primeira vez e veio conhecer de perto o contexto,
os problemas e os desafios socioambientais que a
região enfrenta na questão da conservação
do meio ambiente. Assim como as iniciativas que
estão sendo desenvolvidas para solucioná-los.
+ Mais
Observatório do Clima lança
manifesto sobre Redd
Documento assinado por representantes
de ONGs, dentre elas a CI-Brasil, aborda princípios
e salvaguardas relacionados à redução
de emissões de gases estufa por desmatamento
e degradação
Brasília, 25 de novembro
de 2009 — A CI-Brasil e outras ONGs parceiras integrantes
do Observatório do Clima lançaram
hoje o Manifesto sobre Princípios e Salvaguardas
para a Redução das Emissões
por Desmatamento e Degradação (Redd).
O objetivo do documento é esclarecer dúvidas
sobre o Redd, que é um mecanismo que possibilitará
países detentores de florestas tropicais
receberem compensação pela manutenção
dessas florestas, contribuindo para a mitigação
da mudança do clima. Segundo o documento,
no caso do Brasil, o Redd pode contribuir para o
estabelecimento de uma nova economia que valorize
a floresta em pé.
A íntegra do documento
está disponível aqui.
Sobre o Observatório do
Clima:
O Observatório do Clima é uma rede
brasileira de articulação sobre o
tema das mudanças climáticas globais
estabelecida em 23 de março de 2002. Atualmente,
a coordenação está a cargo
de André Ferretti, da Fundação
O Boticário. Além de discussões
com especialistas sobre as mudanças climáticas,
o Observatório promove a articulação
de entidades da sociedade civil para pressionar
o governo por ações contundentes pela
mitigação e adaptação
do Brasil em relação à mudança
do clima.
Mais informações em www.oc.org.br
+ Mais
Riqueza, ameaças e desafios
da Mata Atlântica na Nature
Belo Horizonte, 27 de novembro
de 2009 — O histórico e a situação
atual do bioma Mata Atlântica foram tema do
artigo “Biodiversity’s bright spot”, publicado em
edição recente neste mês de
novembro da Nature, uma das mais conceituadas revistas
científicas do mundo.
Tendo como gancho os esforços
pela conservação do mico-leão-dourado
- espécie exclusiva da Mata Atlântica
-, o texto aborda os sucessos, os desafios e as
iniciativas para a conservação deste
que é um dos biomas mais ricos em biodiversidade
do planeta. Mostra a importância do planejamento
das ações de conservação
em larga escala, para além do foco específico
na preservação de uma ou outra espécie,
de um ou outro habitat. Neste sentido, o artigo
aponta os avanços e os retrocessos políticos
e destaca ainda casos de sucesso e os registros
de alta biodiversidade no pouco que restou da floresta
original, demonstrando sua resiliência.
+ Mais
Brasileira ganha prêmio
de reportagem latinoamericano
Liana John é premiada novamente
em Congresso Mundial de Áreas Silvestres
em Mérida, México - Mérida,
México, 17 de novembro de 2009 — A editora
executiva da revista Terra da Gente, Liana John,
vencedora da categoria Impresso do 9º Prêmio
de Reportagem sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica,
realizado no Brasil pela Aliança para a Conservação
da Mata Atlântica – uma parceria entre as
ONGs Conservação Internacional e Fundação
SOS Mata Atlântica –, foi também a
grande vencedora do Prêmio Latino-Americano
de Reportagem sobre a Biodiversidade entregue durante
o 9º Congresso Mundial de Áreas Silvestres,
em Mérida, no México.
Na edição de 2009
do Prêmio de Reportagem sobre a Biodiversidade
da Mata Atlântica, os vencedores de cada uma
das categorias ganharam uma viagem internacional
para participar de um evento de conservação
ou jornalismo ambiental. Este ano, o Brasil integrou,
pela primeira vez, a disputa do Prêmio Latino-Americano
de Reportagem sobre a Biodiversidade. O Prêmio
regional é concedido à melhor reportagem
impressa sobre fauna, flora e ecossistemas, produzida
entre os jornalistas vencedores dos vários
países latinos em que a iniciativa é
realizada pela Conservação Internacional.
Participaram este ano jornalistas do Brasil, Bolívia,
Peru, Colômbia e Equador. Liana John foi a
primeira colocada também nesta premiação
regional, com sua matéria “Araçaris,
os restauradores da Mata Atlântica”, que fala
sobre os araçaris, primos dos tucanos, que
lutam contra o tráfico de animais e colaboram
com a restauração da Mata Atlântica
levando sementes de um fragmento de floresta para
outro. O segundo lugar foi para Mirna Echave, do
jornal boliviano “La Prensa”, com sua matéria
sobre o Titicaca Grebe (Rollandia micróptera)
e as ameaças que estão levando a espécie
para a extinção.
O Congresso Mundial de Áreas
Silvestres, evento realizado a cada três ou
quatro anos em diversos países do mundo,
tem como objetivo discutir e planejar temas ligados
a natureza e terras silvestres. O evento contou
com a presença de representantes de governos,
setor privado, povos indígenas, organizações
não-governamentais, jornalistas internacionais,
renomados cientistas e fotógrafos especializados
em conservação. Este ano o principal
tema discutido no Congresso foi a relevância
das áreas naturais para resistir às
mudanças climáticas e reduzir seus
impactos sobre o Planeta.
Esta iniciativa da Conservação
Internacional realizada em nove países é
promovida no Brasil, desde 2001, pela Aliança
para a Conservação da Mata Atlântica
(formada, também, pela SOS Mata Atlântica)
em parceria com o Centro Internacional para Jornalistas
(ICFJ) e a Federação Internacional
de Jornalismo Ambiental (IFEJ). O concurso tem patrocínio
exclusivo no Brasil da Colgate-Palmolive por meio
da linha de produtos Sorriso Herbal.
Aliança para a Conservação
da Mata Atlântica
Parceria entre a Fundação
SOS Mata Atlântica e a Conservação
Internacional, a Aliança para a Conservação
da Mata Atlântica existe desde 1999 e tem
como principais atividades o Prêmio de Reportagem
sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica e
o Programa de Incentivo às Reservas Particulares
do Patrimônio Natural da Mata Atlântica.
Informações sobre o Prêmio:
www.premioreportagem.org.br