2 de Dezembro de 2009
- Isabela Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - É preciso atribuir
valor econômico à biodiversidade para
que as espécies tenham importância
no contexto social e econômico e não
sejam destruídas com o avanço do desenvolvimento.
Essa foi a defesa de especialistas e pesquisadores
que participaram do debate sobre o impacto da biodiversidade
na saúde humana, realizado no 1° Simpósio
Nacional de Taxonomia e Biodiversidade, hoje (2),
na Fundação Oswaldo Cruz, zona norte
do Rio de Janeiro.
Na avaliação do
professor da Universidade para o Desenvolvimento
do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp),
Cléber Rodrigues Alho, não são
todos que reconhecem elementos “éticos” que
atribuem às espécies “o mesmo valor
à vida que aos humanos”. “Quando se mostram
os argumentos econômicos dos serviços
ecossistêmicos para economia mundial, para
produção de fármacos e para
saúde humana, é mais fácil
convencer os tomadores de decisão”, destacou.
O pesquisador chamou atenção
para os gastos com a despoluição de
fontes de água, que posteriormente serão
repassados para o consumidor e lembrou da importância
dos mangues - berçários de várias
espécies utilizadas na gastronomia - e que
são constantemente aterrados para instalação
de empreendimentos como portos. “É preferível
que se mantenha um certo cuidado com os ecossistemas
para não se fazer desaparecer espécies
de valor comercial”.
Em outra frente, o presidente
da Sociedade Brasileira de Zoologia e pesquisador
da Fiocruz, Paulo Sérgio D'Andréa,
destacou que a destruição de matas
nativas, como ocorre no Pará com a substituição
da Floresta Amazônica por monoculturas de
açaí, além do crescimento desordenado
de cidades e a exploração não
sustentável de recursos naturais favorece
a proliferação de doenças,
em especial, as parasitárias, como a doença
de Chagas e a hantavirose.
“Tira-se a floresta e substitui-se
por técnicas que visam o lucro imediatista.
Consequentemente, chegam os problemas sociais de
todas as grandezas. Quem paga o pato são
as populações tradicionais e menos
favorecidas. Mas os custos sociais [do tratamento
em saúde e políticas de infraestrutura
urbana] e ambientais são divididos por todos
nós”, acrescentou.
Ao cobrar a valoração
da biodiversidade, os pesquisadores lembraram que
a biopirataria é o terceiro maior comércio
ilegal no mundo, atrás do narcotráfico
e do tráfico de armas. “Há biopirataria
porque existe a procura por produtos lucrativos”,
explicou Rodrigues Alho. Ele defendeu também
mais investimentos em biotecnologia para se obter
vantagens dos recursos naturais.
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Sem Ibama e Funai, começa
audiência pública sobre Usina de Belo
Monte
1 de Dezembro de 2009 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Sem representantes do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais (Ibama), da Eletrobras e da Fundação
Nacional do Índio (Funai), começou
há pouco a audiência pública
para debater os impactos da construção
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio
Xingu (PA), sobre os povos indígenas da região.
“É importante registrar
as ausências. Várias autoridades, mesmo
as que haviam confirmado presença, não
estão aqui”, comentou a procuradora Débora
Duprat, coordenadora da 6ª Câmara do
Ministério Público Federal.
Organizada pelo MPF, a audiência
atende pedido de organizações indígenas
e não faz parte do processo formal de licenciamento
ambiental. O Ibama realizou quatro audiências
na região e deve emitir a licença
prévia para a hidrelétrica ainda este
mês.
Com a ausência de áreas
diretamente envolvidas com o empreendimento, o governo
será representado apenas pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e pela Presidência
da República.
Mais de 250 lideranças
do Xingu participam da audiência, entre indígenas,
ribeirinhos, representantes de movimentos sociais,
organizações não governamentais
e pesquisadores. “Não venham lá de
Brasília fazer barragem na terra alheia”,
cantou parte do grupo no início da audiência.
Deborah Duprat leu carta do bispo
de Altamira (PA), dom Erwin Krautler, encaminhada
hoje (1º) ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com argumentos contrários à
construção de Belo Monte.
Maior empreendimento energético
do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), Belo Monte terá potência instalada
de 11 mil megawatts, a segunda maior do Brasil,
atrás apenas da Hidrelétrica de Itaipu,
no Rio Paraná, que tem 14 mil megawatts.