02 de dezembro de 2009 - A Frente
de Proteção Etnoambiental do Vale
do Javari iniciou uma expedição no
nordeste da terra indígena buscando confirmar
a presença de indígenas
isolados na região. Nesta quarta-feira, (02/12),
dez especialistas da Funai saíram de Tabatinga/AM
para a incursão, que durará dois meses.
Será mapeada uma área de, aproximadamente,
500 mil hectares na extensão do Rio Boia.
A Terra Indígena Vale do
Javari, com mais de 8 milhões de hectares,
está localizada no estado do Amazonas, fronteira
com o Peru. Na região, é forte a presença
de indígenas isolados: são 21 referências,
sendo 12 confirmadas. Também habitam cinco
etnias de contato antigo (Kanamarí, Kulina,
Marubo, Matís e Mayorúna), além
do grupo Korubo de contato recente. No total, são
mais de três mil indígenas.
A expedição será
coordenada pelo sertanista Rieli Franciscato, que
há 21 anos trabalha na proteção
dos índios isolados. A referência que
a Funai busca confirmar é conhecida desde
a década de 1980, segundo consta nos estudos
de Sebastião Amâncio, sertanista na
época. Em 2006, foi feito um novo levantamento,
quando passou então a ser considerada, oficialmente,
pela Coordenação Geral de Índios
Isolados (CGII).
O Brasil conta, hoje, com mais
de 60 referências de grupos indígenas
distribuídos em várias regiões
da Amazônia Legal que continuam vivendo praticamente
sem contato com a sociedade nacional. A política
pública de proteção à
esses povos, entretanto, não é estabelecer
o contato para integrá-los. O trabalho da
Funai é identificar a existência e
demarcar suas terras, dentro do entendimento que,
respeitar o isolamento voluntário é
a melhor forma de proteção aos povos.
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Seminário Nacional de Juventude
indígena: balanço
01 de dezembro de 2009 - O Seminário
Nacional de Juventude Indígena acabou, porém
ficou registrado nos autos do evento a forma irreverente,
espontânea e questionadora em que esses jovens
abordam os diversos assuntos, problemas e soluções
para suas respectivas comunidades. Foram seis dias
de Seminários com palestras, debates e oficinas.
O resultado? Jovem consciente, adulto responsável.
Estiveram presentes representantes da Fundação
Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria
Nacional da Juventude (Conjuv).
Nos debates foi possível
observar o tratamento diferenciado de cada cultura
em relação à sexualidade, territorialidade,
educação e comportamento. Foi tratado
ainda os programas governamentais em prol da prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis.
Quanto ao registro civil, foi
ressaltado que o nome do indígena seja originário
do seu povo, e os jovens foram aconselhados que
não aceitem negação dos cartórios
quanto ao nome escolhido pelos pais ou membros das
comunidades. Perly Cipriano, advogado da secretaria
especial de direitos humanos, listou alguns pontos
necessários para a afirmação
e reafirmação dos povos. É
preciso recuperar a língua materna e conseguir
meios para resgatar a língua daqueles que
perderam; é preciso ampliar os contatos dos
povos indígenas, para uma troca de experiência
e conhecimentos, acredita.
Reunidos em uma grande roda, povos
de várias regiões do Brasil juntaram
suas vozes para cantar e, acima de tudo, reivindicar
um espaço cada vez maior na construção
de políticas públicas para a juventude.
Elegeram também os jovens indígenas
para a Subcomissão de Gênero, Infância
e Juventude da Comissão Nacional de Política
Indigenista (CNPI) e um titular para o Conjuv. Os
eleitos foram: Anderson Suruí/RO, titular
para a CNPI, Marcio Kokoj, como suplente, e Dnamam
Tuxá/BA , como titular para o Conjuv.
Pouco antes da votação
para os representantes da CNPI e Conjuv, Alex Nazaré,
representante da Conjuv, lembrou aos jovens que,
o escolhido deveria falar não só por
sua etnia, mas por toda a juventude indígena.
Felizmente, a união dos jovens não
é problema. Desde o início do Seminário
eles mostraram que, juntos, vieram para fazer história.
A cada dia, após a apresentação
dos palestrantes, os jovens assumiam o microfone
e mostravam o quanto estão empenhados em
disputar os espaços de poder e de participação
política. No fim, os jovens reuniram-se e
decidiram criar uma Comissão Nacional da
Juventude Indígena para articular e efetivar
a participação da juventude indígena
no conselho; Mobilizar a participação
da juventude nos conselhos estaduais e municipais;
e fortalecer e efetivar a participação
da juventude indígena nos processos políticos
especifica para a juventude indígena. Estas
foram algumas das propostas discutidas e aprovadas.
A Comissão conta com 15
membros titulares e 15 suplentes escolhidos de acordo
com a região. São eles: Centro-oeste:
Tsitsina Xavante (MT) titular; João Gilberto
Tsi Tsimiudö (MT) suplente; Geovani Kezokenaece
(MT) Titular Elenildo Kayabi (MT) suplente;
João Terena (MS) titular; Moraes César
Rikbaktsa (MT) suplente;
Sul: Tancredo Teie Xokleng (SC)
titular; Marcio Kokoj Kaingang (PR) suplente;
Sandro Glória Guarani (SC) titular; Vaga
aberta para povo Xetá;
Amazônia: Cristo Benison
Tukano (AM) titular; Ednéia Arapaso (AM)
suplente; Ivanilda Munduruku (PA) titular; Roseni
Munduruku (PA) suplente; Giovana Macuxi (RR)
titular; Silivan Apinajé (TO) suplente;
Narúbia Karajá (TO) titular; Lidia
Krikati (MA) suplente; Marcos Cinta Larga (RO)
titular; Leandro Mura (AM) suplente;
Nordeste: Josiane Tupinikim (ES)
titular; Pedro Pataxó (BA) suplente;
Leandro Wassu Cocal (AL) titular; Cristiane Pankararu
(PE) suplente; Jadson Potiguara (PB) titular;
Juliana Potiguara (CE) suplente;
Sudeste: Athaid Guarani (SP)
titular; Vago; Priscila dos Santos Kaingang (SP)
titular; Cauê Sebastião Terena (SP)
suplente.